A Chave Que Abre a Caixa

321 42 2
                                    


 Magnus entrou no banheiro transtornado, deixando a porta bater com força atrás de si, foi direto até a pia e abriu a torneira.

Jogou bastante água no rosto e então verificou sua aparência no espelho iluminado por uma dezena de lâmpadas na moldura. Com toda aquela luz parecia ainda mais pálido, os lábios e as bochechas quase sem nenhuma cor.

Ele não podia mais permanecer ali. Precisava ir embora, por mais que gostasse de Isabelle e soubesse que a moça ficaria chateada pela sua saída antecipada. E também era por causa dela que Magnus teria que fazer tudo de maneira extremamente discreta e não causar nenhum escândalo: ele jamais se perdoaria caso arruinasse o evento que Izzy teve tanto trabalho para tornar perfeito.

Poderia dizer a Alec que estava se sentindo mal. Não seria sequer uma mentira absoluta, pois seu estômago realmente se revirava naquele momento. Sorte que não ingeria nada há muitas horas, caso contrário já teria precisado se trancar em uma das cabines, debruçado sobre o vaso sanitário.

Ele jogou mais um pouco de água sobre as têmporas e os pulsos, depois abriu a porta do banheiro e saiu dali. O hotel era enorme, cheio de corredores e curvas, e Magnus acabou se perdendo, não conseguindo mais encontrar as portas do salão de festas. Isso fez com que seu nervosismo aumentasse ainda mais.

Quando já estava prestes a bater em qualquer uma das portas e perguntar se alguém podia ajudá-lo a se localizar, ouviu passos vindo de trás de si. Ele se virou, tenso, antecipando o choque ao ver de quem se tratava.

E a pessoa era mesmo aquela que temia: Scott, ainda segurando um drinque e ostentando o mesmo sorriso debochado no rosto.

— Ora, veja só quem eu encontro por aqui. – disse, se aproximando e lhe estendendo a mão, que Magnus simplesmente ignorou.

— Não se faça de desentendido, Scott. – retrucou ele, com um tom de voz cortante. – Sei muito bem que me viu antes, no salão. Aliás, deve ter me visto saindo de lá também e me seguido até aqui. O que quer de mim? Já vou avisando que não tenho mais nenhum dinheiro que você possa roubar.

O outro ergueu a mão, abanando o ar em um gesto que desprezava seu comentário.

— Ah, não. Eu saí desse ramo há muito tempo, Magnus. Você foi o último em quem dei um golpe, aliás. Depois de conseguir uma bolada como aquela, aproveitei para mudar de vida: comprei roupas sofisticadas, dei um trato no visual, aluguei uma casa em um bairro nobre e comecei a circular entre a alta sociedade. Foi onde conheci meu finado marido, que Deus o tenha. – Scott levou a mão ao peito, em um gesto afetado de pesar. – Assim como você, Benedict logo caiu nos meus encantos e casamos dois meses depois de termos nos conhecido. Só que o pobrezinho já tinha uma certa idade e a saúde muito frágil, então acabou falecendo antes que completássemos um ano de bodas. Mas meu doce marido teve a decência de me deixar em uma excelente situação, herdando o luxuoso prédio de apartamentos do qual era dono e boa parte da sua fortuna.

— Não me parece que eu tenha sido sua última vítima, e sim esse pobre coitado que cometeu o erro de confiar em você.

O outro deu uma risada carregada de maldade, que fez todos os pêlos do seu corpo se arrepiarem.

— Coitado, pode até ser. Porém, pobre... Com certeza, Benedict não era. Agora, não há necessidade para tanto ressentimento, Magnus. O que aconteceu entre nós é passado e foi um ato meramente profissional. Quando se quer chegar ao topo, é preciso pisar em algumas cabeças. Tenho certeza de que você entende, não é?

Ele queria se manter sob controle, não se deixar atingir pelas provocações dele. Mas não tinha sangue de barata e era difícil escutá-lo falar desse jeito sem deixar a raiva aflorar dentro do peito.

Stripper (Malec)Where stories live. Discover now