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°Any°

Quando chegamos até a praia, Bailey me colocou no colo e foi andando comigo até perto do mar. As ondas tocaram os pés dele e ele me olhou tristonho.

— Vai ficar tudo bem. — coloquei minha mão em seu rosto. — Ela vai cuidar de mim, não se preocupe.

— Tem certeza que Ela não vai te machucar?

— Tenho. Ela precisa de mim e me ama, jamais me machucaria.

— Eu vou te ver de novo? — seus olhos se encheram de lágrimas.

— Não sei, Bay... mas independente de onde eu esteja, você sempre estará em meu coração. É a melhor pessoa que eu já conheci, nunca vou esquecê-lo.

— Eu te amo. — beijou minha testa.

— Eu também te amo.

— Adeus, Any.

— Adeus. — devagar, ele se ajoelhou na areia e a primeira onda veio de encontro comigo. Foi como poder respirar de novo, depois de dias sufocada.

Bailey me soltou e eu mergulhei no oceano, me afastando da costa. As correntes marítimas me guiavam para mais longe. Foi como se toda a dor em mim estivesse se esvaindo, dando lugar a um sentimento de felicidade que me preenchia e que a tempos eu desejava sentir.

Eu nadava suavemente, sorrindo sem parar, como se dançasse no salão mais belo do mundo. Todo o peso que a minha cabeça fazia foi embora, o meu coração voltou a bater normalmente e eu me senti sã. E foi aí que tudo desmoronou.

Josh. Eu havia acabado de deixá-lo e não me importei nenhum pouco com isso. Agora que a minha sanidade mental voltou, eu senti todo o arrependimento me bater. Voltei para a superfície e olhei em volta. Longe demais para enxergar a cidade. Longe demais para voltar.

— Eu sei o que está pensando. Acha que não deveria ter vindo, mas sim, você deveria. Ou preferia continuar sentindo aquele vazio que doía em sua cabeça? Um homem não vale isso tudo. — foi a primeira coisa que Ela me disse.

— O Josh valia. — meus olhos arderam e eu só queria chorar. — Você mexeu com a minha cabeça, me induziu a fugir dele! Não acredito... — fechei meus olhos com força e comecei a chorar, soluçando como uma criança.

— Sereias são induzidas a estarem no lugar aonde elas pertencem. Você pertence ao mar, pertence à mim.

— Mas... eu o amava...

— Isso você poderá esquecer e eu posso ajudar a fazer doer menos.

— A única forma de doer menos é se me deixar voltar para ele!

— Nunca mais o verá, assim como nunca mais desejará sair do oceano. É fato que eu não posso simplesmente te manter aqui para sempre, mas posso torná-la uma parte do mar, assim você mesma irá preferir ficar aqui.

— Como assim? Você não vai me castigar? — franzi a testa.

— Chame isso de castigo se quiser, mas eu chamo de renascimento! Nunca fiz isso com nenhuma sereia antes, mas você é especial, Any. Não vou arriscar perder o seu amor. E não quero que o fato de estar comigo te faça ser deprimida. Ficar comigo deve ser uma dádiva, eu devo ser venerada por você!

— O que vai fazer? — eu comecei a ficar com medo.

— Retirar a sua alma humana, mantendo-a para sempre comigo. Você vai estar onde sua alma está.

— Isso não irá me ferir?

— Ao contrário, você não sentirá mais nada. Não amará, nem sentirá saudades daquilo que vem da terra, incluindo o Josh e todos os outros amigos que fez. Todos eles serão uma lembrança irrelevante que não terá poder de afetá-la. Sem amor, sem sofrimento.

𝑨𝒍𝒕𝒐 𝑴𝒂𝒓 ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ Where stories live. Discover now