Capitulo 2 - Mentiras de vidro

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"Neoneun nae salme Dashii tteun
haesbich"


Jungkook suspira encarando a última mala da mudança deitada no chão de seu quarto, iluminado pelo sol da manhã.

Era difícil acreditar que se mudaria de Busan após nascer e crescer naquela cidade.

Ele gostava de Busan, principalmente as dezenas de lugares incríveis e belíssimos da cidade.
Gostava pouco das pessoas, mas sempre se lembraria de alguns amigos que deixou para trás devido a constante mudança de endereço dos Jeon.

Já havia se acostumado a deixar as pessoas por isso, mesmo que não houvesse realmente alguém para se despedir desta vez.

—  Jungkook vamos! O que você tanto faz nesse quarto garoto?! —  Jeon Jugyu grita o filho do cômodo ao lado.

— Já vou. —  Jungkook queria checar mais uma vez se não havia se esquecido de nada.

— Oh, a pintura. —  Ele caminha até o outro lado de seu quarto espaçoso e retira um papel escuro contendo uma caricatura de dentro de um quadro pendurado na parede.

Certa vez, ele tentou pintar o rosto do garoto na qual sonhava para que não esquecesse sua face algum dia. Sempre foi bom em artes, pintura e fotografia, especificamente, era uma das coisas que não precisava se esforçar para ser bom.

Após pegar o quadro, o levou na mão junto com a última mala de roupas para baixo, descendo as escadas e caminhando até o portão de casa.

— Se perdermos o voo por causa do seu atraso eu te largo aqui.—  Sua mãe diz pegando a mala e colocando no carro.

Estavam do lado de fora e percebiam os olhares de julgamento vindos dos vizinhos. Eles sabiam sobre Jugyu, como metade da cidade.

Poderiam entregar a família Jeon para a polícia, mas é claro que haviam sido comprados por silêncio. E por conta disso os pais do moreno estavam ainda mais ferrados, porque haviam dado tês milhões de wons pelo silêncio de cada uma das outras famílias que moravam no condomínio caro.

[...]

Ao som de spring day, Jungkook observava o lado de fora do avião e, como a música lembrava, pensava nas pessoas que o deixaram.

Como sua mãe que morreu em seu parto e como seu pai que nunca soube o paradeiro.

Pensava em como tudo poderia ter sido diferente se ele tivesse pais de verdade, pessoas em que ele deveria confiar. Trocaria todas as coisas caras que os Jeon o davam por um pouco amor.

Tirou os olhos da janela para checar o avião, quando percebeu alguém estranho em um dos bancos da fileira ao lado.

A pessoa usava uma roupa comprida com um capuz preto e a imagem de sua silhueta era embaçada e pouco visível, como se estivesse em uma linha entre o mundo material e espiritual. Jungkook franziu o cenho se perguntando se via um fantasma alí ou se havia álcool no suco que tomou minutos atrás. Coçou os olhos e abriu novamente, mas a figura havia sumido.

Que diabos foi isso?

Continuou olhando para o ponto enquanto pensava no que aquilo poderia ser até perceber que haviam algumas pessoas próximas olhando desconfiadas para ele, ou para a pessoa atrás dele, seu pai.

Ele vestia roupas largas e usava boné na cabeça para não ser reconhecido, mas a senhora Jeon se recusava a se disfarçar, odiava a ideia de usar roupas largas e cobrir seu corpo. "Eu sou bonita demais para me esconder" ela disse antes de sairem.

EUPHORIA | · Taekook Where stories live. Discover now