Capítulo 01:

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Entrar na floresta era perigoso, mas eu precisava procurar meu irmão, ele sumiu sem indícios, sinais ou até mesmo um corpo para mostrar que ele estava morto. Não havia nada, isso estava deixando meus pais angustiados, minha mãe vivia chorando pelos cantos e meu pai mal se concentrava no trabalho. Não posso ficar de braços cruzados vendo minha família cair lentamente dessa maneira.

Afastei alguns galhos de meu rosto tropeçando em um tronco caído no chão, olhei pra ele praguejando, estava sozinha, mas algo dentro de meu peito apertava avisando que eu não estava tão só quando pensava. Aproximei do tronco vendo um pequeno rastro de algo parecido um óleo brilhoso, era estranho.

Levantei sentindo um pequeno repuxão no tornozelo, apoiei nas árvores perto de mim para continuar minha busca. Ouvi algo zumbindo passar por meu rosto como um raio me fazendo paralisar assustada, quando olhei uma árvore, vi uma flecha cravada ali, olhei ao redor temerosa, afinal pode haver qualquer coisa aqui dentro, essa floresta é um grande mistério rondando minha vila, nunca descobriram o que havia aqui dentro mais afundo dela.

Continuei minha caminhada, mas agora eu chamava por meu irmão, às vezes baixinho, outras eu gritava, a preocupação estava piorando a cada vez que eu falhava em encontrá-lo, suspirei secando o suor de minha testa e encostei-me a uma árvore ali perto para tomar um pouco de ar.

Ouvi alguns estalos ao meu redor e foi o suficiente para me deixar alerta, olhei cada ponto daquela mata densa me sentindo paranoica, ainda estou em meu juízo perfeito, não estou tendo alucinações, por enquanto, pois, dizem que essa mata é capaz de enlouquecer quem entre nela.

— Olá? — Chamei alto não vendo ninguém além de mim ali.

Voltei a caminhar para que saísse dali antes que escurecesse e tudo piorasse, cheguei a um local mais aberto, sem tantas árvores, vi um corpo caído no chão de barriga para baixo. Arregalei os olhos reconhecendo as vestimentas. Corri baixando ao lado do corpo o puxando para meu colo rezando para que não fosse meu irmão, mas minhas preces não adiantaram. Era mesmo ele, foi então que chorei, gritei e abracei seu corpo já frio vendo que sua roupa estava coberta por sangue, seu sangue.

— Não. — Ergui minha mão a vendo manchada pelo líquido viscoso, ergui sua camiseta suja e rasgada vendo uma perfuração séria. Solucei levando a mão à boca. O abracei firme ouvindo o som de galhos quebrando vir em nossa direção, me levantei ficando na frente do corpo de meu irmão para protegê-lo, não valeria de muito, mas... eu precisava.

Retirei uma adaga média da bainha em minha cintura apontando na direção do barulho, quando um tipo de orc com o rosto todo cortado e sangrando, seus dentes eram pontudos, bem tortos e olhos amarelos intensos, deviam ter uns dois metros ou mais. Prendi a respiração tentando não demonstrar medo. Ele riu grotesco arrepiando meu corpo todo.

— O humano estava mesmo certo sobre o pagamento. — Estreitou aqueles olhos assustadores.

— Pagamento? Do que está falando? — Gritei ainda mais assustada, olhei para baixo vendo meu irmão ali jogado.

— Esse humano podre ai, fez um pacto comigo há meses atrás. — Arregalei os olhos diante da confissão, meu irmão seria capaz disso? — Queria terras e magia para que pudesse ficar rico e sumir depois. Então dei o que ele queria, mas percebeu que precisava me pagar. — Gargalhou dando dois passos e apontei a adaga para ele nervosa.

— O que ele teria que lhe pagar? — Perguntei receosa, afinal eu não esperava isso de meu irmão. Nunca esperei.

— Ele ofereceu você como pagamento minha cara. — Disse me assustando, dei passos para trás tropeçando em meu irmão e caindo de bunda no chão. — Mas veio aqui querendo quebrar esse acordo, meu primo não aceitou isso muito bem, então esse humano patético pagou com a vida. Mas ainda quero meu pagamento. — Me olhou da cabeça aos pés fazendo um enjoo subir até minha garganta.

Coletânea Príncipes Sobrenaturais || BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora