36. MEGAN

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   Quando eu era criança, ainda morando com a minha mãe, tinha mania de roer as unhas

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Quando eu era criança, ainda morando com a minha mãe, tinha mania de roer as unhas. Sempre que estivesse nervosa ou ansiosa, levava os dedos à boca – o polegar, em especial – e mordiscava as cutículas até sangrar. Até doer tanto que eu me esqueceria da sensação angustiante que borbulhava em meu peito.

    Foi uma luta para Theresa me fazer parar. Ela fez de tudo – inclusive colocar pimenta em meus dedos enquanto eu dormia. Somente quando ela ficou doente que decidi colocar um fim nessa mania. Queria deixá-la feliz de todas as maneiras possíveis, abri mão da minha vida naquela época para cuidar da minha mãe. E não me arrependo por um maldito segundo. Depois, quando ela morreu, perdi o hábito. Simplesmente desapareceu.

    Até agora.

    Estou na frente da porta do quarto de Jacob. Após cantar naquele karaokê improvisado na praia fui puxada por uma Lydia super animada por me ver cantando outra vez e acabei ficando com ela pelo resto da noite, ainda que tenha trocado um ou outro olhar com Jacob pelo resto da noite.

     Dylan quem sumiu completamente. Estava buscando em meu cérebro algo para cantar quando subi naquele palco de madeira, analisando as opções. Mas nada parecia bom o suficiente. Até encontrar as íris castanhas do homem que quase me beijou essa noite e depois achar as orbes azuis-escuras que agitam meu estômago contra minha vontade. Como se luzes néon fossem acesas em minha mente, soube o que cantaria. E sabia também que acabaria sendo para os dois homem que me deixam mais confusa que tudo no mundo.

    Mas quando cheguei ao fim e abri os olhos, vendo meu melhor amigo perplexo, com os lábios entreabertos, percebi que não podia fazer isso com ele ou comigo mesma. Ele estava noivo e eu, depois das horas que passei com Jacob, percebi que estou disposta a recomeçar com ele. Eu o amo. Quero que possamos reescrever nossa história a partir de agora. Olhar para seus cachos escuros e seu rosto pacifico fez aquele sentimento adolescente voltar com toda força e agitar meu coração.

   Por isso passei na recepção há alguns minutos, pedindo informação sobre o número de seu quarto. O sol acabou de nascer e a festa na praia já estava no fim quando saí ao lado de uma Lydia muito bêbada sendo carregada por um Marcus divertido. A recepcionista hesitou em me contar, algo sobre protocolos do hotel, mas eu a convenci contando uma mentira qualquer sobre ele ter esquecido o celular comigo. Insisti tanto que ela cedeu, impaciente.

   Todos já haviam se recolhido para dentro do resort, inclusive Jacob. Não vi o momento exato em que foi embora, mas ouvi Theo comentar sobre isso. Foi praticamente impossível parar de pensar no quase beijo que ele me deu quando estávamos sentados nas pedras, mais ao longe da multidão de pessoas na praia. Seu corpo quente – como de costume – estava tão perto que pude sentir meu coração parar de bater por um instante.

   E agora, ainda sentindo o álcool correndo por minhas veias e a saudade ensurdecendo meu coração, me vejo batendo na sua porta. Sequer passei no meu quarto para trocar de roupa ou limpar o rímel borrado embaixo dos olhos. Estou um desastre, mesmo não estando bêbada. Nunca fui muito boa em manter a compostura depois de uma certa quantidade de doses, de qualquer forma.

Todos os dias deixados para trásWhere stories live. Discover now