SIM

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E novamente o inferno foi restaurado na minha vida. Enquanto Diana se refugiava dos paparazzis na minha casa, ou melhor, o Palácio do Príncipe, eu não tinha pra onde correr. Minha cidade era meu inferno particular. Cada vez que eu saía nas ruas, eu tinha que ter pelo menos três guarda-costas comigo. A volta de Ariel Bauffremont para Paris e a sua associação com a empresa de seu pai foi basicamente o estopim para qualquer ódio contra a minha pessoa, pelo simples fato de terminarmos no mesmo mês ou ano da morte do pai de Ariel. Afinal, eu era uma insensível. Uma vaca. Uma puta.

É, talvez eu realmente fosse isso.

Eric suspendeu todas as ações públicas que eu teria que fazer. As reuniões parlamentares teriam que ser agora no Palácio. Eu estava praticamente trancada naquela merda de castelo e a vontade de tomar minhas vodkas diárias só aumentavam.

Era dolorido ser odiada e ter milhares de pessoas, talvez milhões querendo a sua cabeça por terminar um relacionamento.

Foi então, que depois de quase um mês da descoberta que eu e Ariel estávamos terminados, o francês deu uma entrevista, revelando que quem terminou havia sido ele para focar em sua família e agora, a empresa de seu pai. Algumas pessoas compraram a ideia, outras, pararam de me atormentar com a história de que eu tinha terminado por crueldade.

Ariel sempre foi meu escudeiro e aquilo, mesmo depois de terminarmos, tinha elevado mais ainda no respeito que eu tinha por ele.

Ayrton por outro lado, falava comigo no telefone e eu continuava falando para ele esperar a história esfriar para então, tentarmos retomar algo. No fundo, eu sabia que precisava de um tempo para me reeorganizar, respirar fundo e seguir em frente. Afinal, foram três, quase quatro anos namorando com o francês. E eu era muito senfimental.

•••

12 DE SETEMBRO DE 1993
MONZA

O reencontro com Ayrton estava me levando a loucura. Na verdade apenas de pensar nesse encontro me deixava biruta das idéias. Beco só havia me pedido dois favores: que eu aparecesse no dia da corrida, depois dela e seus macarons. Que aparentemente, só eu sabia escolher.

E foi o que eu fiz.
Com uma jaqueta da McLaren vermelha, em quase tom laranja, eu estava escondida em seu "camarim" olhando a corrida em uma TV pequena. Não demorou muito para Ayrton aparecesse no camarim. Ele estava bravo, uma fera. Mas ao me ver vestida em sua jaqueta e sentada em seu sofá, suas expressões relaxaram. E então, não vi Ayrton Senna ali. E sim o Beco. O Beco que fui tão apaixonada.

- Sua jaqueta fica enorme em mim... - Me levantei do sofá e abri os braços para mostrar para ele. Porém ele me envolveu em um abraço ali, praticamente me amassando em seus braços. Aos poucos, relaxou seu corpo e eu fui relaxando também. Quando vi, já estávamos deitados no sofá de couro. Ele de frente para mim e eu de frente para ele, como sempre havíamos feito. Na TV ainda estava acontecendo a corrida, mas ele não estava nem aí para ela. Era como se estivessemos na sala da casa dele, no sofázinho de dois lugares de couro e ele tivesse qualquer outra profissão. Mesmo sendo retirado da corrida - por conta do carro - ele estava feliz.

Suas mãos estavam envolvendo meu maxilar e seus olhos estavam vidrados no meu. Assim como eu estava hipnotizada pelas suas íris castanhas.

- Eu te amo... - Ele sussurrou -...Eu nunca deixei de te amar.

Fechei meus olhos e sorri fraco, aliviada por aquilo não ser uma miragem da minha imaginação fértil.

monte carlo | ayrton senna ✔️Where stories live. Discover now