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Minha visão está um pouco enevoada, mas ainda consigo ver o que se passa diante dos meus olhos.

Ele me olha com vontade, rasgando a minha pele pelo desejo. Seus lábios famintos permanecem sobre os meus por uma eternidade. Suas duas mãos estão apoiadas na parede, uma de cada lado do meu rosto, como se não quisesse me deixar fugir. Como se eu quiser... Ah, como o momento está bom, não quero mais parar. No entanto, tudo se torna turvo e a única coisa que vejo agora é ele se afastando de mim, dizendo-me que fui erro.

E aí... Eu acordo.

Meus olhos se abrem, agora para a realidade, e percebo que estou no quarto luxuoso da mansão Paviole. Já faz dois dias que eu tenho o mesmo sonho, que na verdade está mais para uma memória insistente: o beijo que Coringa me deu. Odeio-me por ter me apegado a esse momento e não conseguir mais tirá-lo da minha cabeça. Em que momento nessas duas semanas eu parei de odiá-lo e comecei a deseja-lo? Bagunço os meus cabelos e bato as pernas como uma criança fazendo birra.

Mas, o que me deixa com mais raiva é o modo como Coringa está agindo comigo. Depois do nosso beijo, ele começou a me evitar. Eu não o vi nesses últimos dois dias, ele simplesmente sumiu. Ele deve ser mesmo um doido varrido, em um momento me provoca desejos que eu nem sabia que era possível sentir e no outro, sai correndo, com um beijo mal terminado.

Agora percebo que vai ser mais difícil do que pensei ficar esses dois meses na Itália. Primeiro, porque o Coringa é bipolar e segundo, já não consigo mais controlar a atração física por ele. Parece que meu corpo é incendiado todas as vezes que penso nele. É por isso que eu não queria contato físico!

Eu tenho que segurar minha onda. O Coringa disse que só me escolheu para fazer um contrato assim, porque não corria chances de rolar nada entre a gente, pelo contrário, eu estaria focada em outra coisa, no caso, salvar meu primo. Não posso desfazer o contrato, ainda mais agora sabendo que a máfia do Coringa é inimiga do PH. Imagina o que ele pode fazer com o GS, um dos que trabalham para o PH?

Mas, espera um momento. Sento-me na cama bruscamente. Foi ele quem me beijou primeiro, não foi? Eu só estava saindo do banheiro, não pretendia nada. Foi o Coringa que me empurrou na parede, foi ele quem deslizou as mãos por mim e que me puxou pela nuca para um beijo. Não sou culpada de nada.

Minha cabeça está cheia; ando impaciente e mal humorada, não como direito e mal durmo. Ainda bem que o Bak e a filha dele estão voltando hoje. Pelo menos tenho uma coisa para me distrair.

Com a chegada deles, procuro disfarçar melhor a minha aparência horrível, que parece mais de alguém que não dormiu bem na noite anterior. Passo maquiagem embaixo dos olhos e blush para dar mais saúde ao meu rosto. Vou conhecer a menininha da casa, por isso escolho uma roupa casual, mas fofa.

Eles avisaram que vão chegar para o almoço. Mesmo sendo dez horas da manhã, decido desce para a sala com os sofás e a clareira que vi no dia do pedido de casamento. Assim que fecho a porta do meu quarto, noto que Gilson está em pé, ao lado, como um segurança mesmo.

– Bom dia, Babi. – Ele diz discretamente, ainda que o corredor esteja vazio.

– Oi, GS. Tá fazendo o que aqui? Você ainda não se recuperou totalmente pra ficar tanto tempo em pé. – Digo, cruzando os braços.

Paro na sua frente e lhe encaro, desafiadoramente.

– Eu já tô bem, Babi, não se preocupa. E outra coisa, agora estou gostando desse disfarce de segurança, porque pelo menos posso impedir que alguém tente entrar no seu quarto, principalmente o otário do Coringa.

– Xingando o anfitrião, GS? Tá querendo morrer? – Nós dois rimos.

– Pra onde você?

– Ler alguma coisa na sala de estar. Preciso me distrair um pouco antes que o primo do meu "noivo" - faço as aspas com os dedos – chegue.

Um Mafioso para Amar | BABICTOROnde histórias criam vida. Descubra agora