𝐈𝐈𝐈 - 𝐀𝐫𝐦𝐢𝐧 𝐀𝐫𝐥𝐞𝐫𝐭 ༄

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No meio da guerra, eu e Armin Arlert estávamos em cima das muralhas, pensando no que poderíamos fazer para sairmos vitoriosos de lá, enquanto Eren na forma de titã estava completamente nocauteado.

Era praticamente impossível ganhar do Blindado e do Colossal, mas tive fé que Armin teria um plano bom o suficiente para derrubá-los.

- E então? Tem alguma ideia? - Perguntei.

- Tenho sim. - Fez uma pausa, analisando o titã que estava à nossa frente. - Reparou que ele perdeu peso?

- Parando para pensar é verdade. - Olhei, curiosa.

- Então, provavelmente está ficando mais fraco e assim vai ser mais fácil atacá-lo. O plano é você ficar no telhado esperando o Eren terminar de blindar a Muralha Maria, eu enfrento o Colossal. Quando ele já estiver sem energia alguma você arranca o Bertholdt de lá.

- O que?! - Estava extremamente preocupada com todas a possibilidades ruins que poderiam acontecer. - Armin, isso é muito perigoso. Você vai morrer queimado pelo vapor ou vai acabar sendo devorado.

- Confia em mim, não vou morrer.

- Mas... Você prometeu ver o mar comigo.

- E nós vamos vê-lo juntos. - Falou, com um sorriso delicado estampado em seu rosto, mas no fundo parecia que era para disfarçar o medo que o mesmo sentia. - Algum dia eu já menti para você? - Perguntou na tentativa de me acalmar.

- Nunca.

- Exatamente. Dessa vez irá dar certo. E quando tudo isso acabar, nós iremos conhecer o mar.

- Você promete?

- Prometo. - Armin entrelaçou nossos dedos com firmeza, enquanto acariciava minha mão com seu polegar. Sua pele era incrivelmente macia e suave, também achava fofa a vermelhidão em suas bochechas pelo esforço físico.

- Sinto que algo não está certo, sinto que você vai se machucar. Por favor, fique. Tem que ter outro jeito. - Eu estava realmente abalada, por que algo dentro de mim dizia que eram meus últimos momentos com ele.

- Não tem outra maneira, já pensei em milhares de opções mas essa é a única que realmente pode funcionar. Não se preocupe comigo. - Suspirou. - E além disso, se qualquer coisa ruim acontecer, lembre-se que eu te amo muito, e sempre te amei, desde que éramos apenas duas crianças inocentes.

- Eu também te amo, Armin. - O abracei firmemente enquanto lágrimas brotaram em meus olhos. Por que caralhos as pessoas sempre se declaram quando estão perto da morte? Se eu tivesse contado pra ele antes, provavelmente teria sido diferente.

- Por favor, não chore. - Falou enquanto colocava as mechas do meu cabelo atrás da minha orelha. - Eu posso...?

- Claro.

O garoto posicionou suas mãos em minha bochecha, e foi se aproximando cada vez mais. Aquilo era a coisa que eu mais ansiava durante anos, e agora, quando estávamos prestes a morrer, finalmente iria conseguir. Isso é extremamente trágico e bonito ao mesmo tempo.

E então, ele finalmente me beijou. Me veio na cabeça o dia que nos conhecemos. Era um dia chuvoso, e três pirralhos estavam batendo nele, enquanto Armin chorava e implorava por ajuda. Fiquei extremamente indignada, e bati nos três até saírem correndo de lá. Com isso viramos melhores amigos, e consequentemente nenhum dos valentões voltou a atacá-lo.

Costumávamos ler juntos, e a coisa que mais nos fascinava era o mar. Um lago infinito de água salgada, parecia basicamente um paraíso. E desde então, nosso sonho é conhecê-lo junto de Eren e Mikasa.

Paramos de nos beijar, e ele arrancou a parte de sua jaqueta que tinha o símbolo da Divisão de reconhecimento, e logo depois disse:

- Bem... Já que eu não tenho nada para te dar como lembrança minha, aqui está isto. - Disse enquanto me entregava o símbolo. - É para você nunca se esquecer de mim.

- Pode deixar comigo, irei guardá-lo com o máximo de cuidado possível.

- Prometa que vai ficar bem. E cuide da Mikasa e do Eren por mim, ok?

- Certo.

Depois desse diálogo, nós dois começamos a chorar mais ainda, então decidi abraçá-lo para acalmar a mim e a ele. Dessa vez eu não queria sair do abraço nunca, mas uma hora tivemos que soltar. Dei um selinho rápido em seus lábios e sussurei:

- Espero que eu possa sentir tudo isso de novo.

Em um piscar de olhos, Arlert já havia ido embora. Eren permaneceu parado até que o Titã comecasse a liberar fumaça, para que não conseguisse ver o que estava fazendo.

A fumaça começou a ser liberada, e Yeager estava tentando blindar a muralha. O pior, é que mesmo estando longe, eu continuava sentindo o calor da fumaça. Desse jeito Armin provavelmente seria queimado vivo, e pensar nessa possibilidade só me deixou mais nervosa do que já estava.

O titã parou de liberar fumaça, e por sorte, Eren já tinha terminado de blindar a barreira, então eu simplismente grudei na nuca do Colossal e arranquei Bertholdt de lá. Deixei seu corpo posicionado no telhado de uma casa qualquer, para que Armin possa receber a injeção e comê-lo.

Quando olhei para o corpo do garoto, estava completamente queimado. Não sobraram cabelos, camisa e até pele. Achei que estava morto, mas de vez em quando soltava uns suspiros ou outros. Ver aquela cena só fazia eu, Eren e Mikasa chorarmos enquanto entrávamos em desespero.

Finalmente Levi chegou com a injeção, e Eren implorava para usá-la em Armin, mas o mesmo ficou receoso em entregar. Quando finalmente ia passar para a mão de Yeager, Floch chegou carregando o corpo de Erwin, e rapidamente ele recolheu a caixa para si.

- Ele está vivo capitão! Quase dei um golpe de misericórdia mas notei que estava respirando. Use a injeção nele.

- Cala boca, Floch. - Mikasa disse. - O Armin que vai usá-la.

- Na realidade não vai, eu mudei de ideia. Irei reviver Erwin. - Levi afirmou.

Eren Yeager estava ficando cada vez mais estressado e tentou tirar a injeção à força, mas realmente não funcionou. Depois de Levi afastá-los, ordenou:

- A decisão se cabe exclusivamente a mim. Agora por favor, saiam daqui e me deixem decidir sozinho.

Toda a Divisão estava preocupada. As faces de cada soldado eram umas piores que as outras, todos estavam horrorizados pela quantidade de pessoas que se foram em questão de horas.

Tentei dar uma espiada no Capitão Levi, e percebi que um titã puro já havia sido formado. Era difícil definir se era de Armin ou Erwin, já que os dois tinham a exata mesma cor de cabelo. Ele pegou Bertholdt na mão, e o devorou sem mais nem menos, e Ackerman chegou perto para ajudar a remover o corpo da pessoa de dentro do titã.

Tinham com certeza mais chances de ser o comandante Erwin Smith, mas eu ainda estava esperançosa. Tinha fé que algum dia eu e Armin fossemos no mar juntos, e realizássemos esse sonho de infância. Eu queria encontrá-lo de novo, eu precisava.

Quando a pessoa estava saindo do corpo do titã, meus olhos se arregalaram e eu senti um frio na barriga, segurei firmemente o símbolo da jaqueta de Armin, e toda minha esperança havia ido embora. Agora, Erwin se encontrava vivo.

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Palavras: 1169

𝐑𝐞𝐝 𝐒𝐰𝐚𝐧 - 𝐒𝐡𝐢𝐧𝐠𝐞𝐤𝐢 𝐧𝐨 𝐊𝐲𝐨𝐣𝐢𝐧 𝐗 𝐅𝐞𝐦! 𝐑𝐞𝐚𝐝𝐞𝐫Where stories live. Discover now