Capítulo III

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Sou acordada por batidas leves na porta. Por meio segundo, ainda penso que estou no meu quarto do Grande Bretagne em Atenas, mas todas as memórias das últimas 36h invadem a minha mente como uma enchente e percebo que nada foi um sonho louco. Levanto-me rapidamente quando percebo que as batidas leves se transformaram quase trovoadas ecoando pelo pequeno quarto da pousada.

- Senhorita? Senhorita? Está tudo bem? – Ouço uma voz masculina gritar do outro lado da porta.

- Eu estou bem – Grito de volta, correndo até a porta.

Ao abrir a porta, me deparo com grandes olhos azuis como pequenos oceanos me encarando e tirando meu fôlego. Então reconheço o dono desses olhos. É o mesmo homem de ontem. Aquele que abriu a porta do carro para mim, enquanto Mags me guiava pela cintura. Agora que me sinto melhor e descansada, consigo notar outros detalhes nele. Ele é uma cabeça maior que eu e sua barba, tão loira quanto seus cachos, está por fazer.

- Está tudo bem? Por um momento, pensei que tivesse desmaiado novamente. – Ele diz, me tirando do meu súbito transe.

- Eu estou bem – Digo novamente – Só tive que tirar um momento para assimilar tudo que aconteceu ontem.

Ele acena positivamente e dá um sorriso doce que me lembra de Mags.

- Vó Mags pediu para guia-la para a cozinha para podermos tomar café da manhã. Geralmente nossos hóspedes comem em outra sala, mas ela insistiu para que ficasse conosco essa manhã. – ele começa a falar, mas para assim que nota o choque em minha face – Isso se quiser, é claro. Não precisa tomar café conosco, okay? Pensei que gostaria de vir, sendo que Vó Mags disse vocês conversaram muito ontem e aí eu-

- Está tudo bem... – não termino a frase, pois tomo conta de que não faço a mínima ideia de como o loiro se chama.

Como se lesse a minha mente, ele responde:

- Peeta. Me chamo Peeta – e me lança um sorriso galanteador.

- Está tudo bem, Peeta. Eu só não esperava que Margaríta quisesse que eu tomasse o café da manhã com ela e sua família.

- Do jeito que Mags falou sobre você, já pode se considerar da família. – e ri levemente.

Há algo nesse homem, Peeta, que me faz me sentir segura e acolhida. Deve ser de família, penso.

Estou prestes a sair do quarto quando percebo a minha situação. Estava tão cansada ontem que nem tirei meu vestido de noiva totalmente arruinado. O vestido é de menos comparado ao meu cheiro. Tenho certeza que não cheiro a 212 da Carolina Herrera. Me sinto envergonhada por não perceber o estado em que estou e ter aberto a porta do mesmo jeito...

Peeta estava quase se virando para segui-lo corredor afrente quando o chamo:

- Peeta? – há algo familiar em pronunciar seu nome, algo natural; como se sempre o tivesse feito, como se sempre o conhecesse.

- Sim? – ele se vira para mim e seus olhos me chocam novamente. Como pode ter olhos tão azuis?

- Eu hã... Não... Então, eu... – não consigo falar direito. Parte porque estou envergonhada por dizer "nem sequer tomei banho", mas temo que a outra parte seja porque eu não consigo desviar de seus olhos.

Sua expressão muda de curiosidade para divertimento e solta outra risadinha. Ele está rindo de mim?

- Ah entendi... – e sorri de lado. – Volto em quinze minutos, então. Isso se quinze minutos forem o suficiente...

Sinto minhas bochechas corarem de vergonha. Por que eu abri essa maldita porta?

- Desculpa... – minha fale quase não passa de um sussurro.

Entre Mentiras e Amor (EVERLARK)Where stories live. Discover now