Cap 17: Especial

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Marisa Borges  
Quarta  
9:40am

— Garoto se você me molhar eu vou te bater.— avisei jogando a água nas costas dele com todo cuidado pra não molhar o gesso. 

— Não sei lidar com tanto carinho.— debochou passando o sabão no corpo com o braço que estava livre. Desde o dia do acidente pra mim tá igual quando ele era criança. 

Acho que ganhei uns fios braços novos e umas rugas também nessas semanas que passaram.  
Quando eu digo que esse menino ainda vai me matar do coração, não é mentira. 

Mas eu fico orgulhosa por ele ter feito o que fez pra ajudar a Fernanda. Meu filho sempre teve um coração bom e apesar de ser meio boca aberta as vezes, eu sei que a Nanda é especial pra ele. 

Aliás, já é especial até pra mim. 

Não sei porquê, mas desde que eu a conheci só vi e senti coisas boas vindo dela e isso me deixa com o coração tranquilo.  
O cuidado que ela tem com o Davi é mais do que gratidão, ou obrigação por ele ter ajudado. 

É por querer mesmo. 

Eu não falo nada, porquê o Davi não gosta que eu fico palpitando, mas eles já se gostam, já existe um sentimento. Mesmo que eles não queiram ver isso ainda. 

Mas as coisas entre eles caminharam pra isso, pra que esse sentimento surgisse porquê tinha essa leveza entre eles, tinha uma conexão, não foi forçado. 

Olhando agora, depois do Davi me contar melhor tudo que aconteceu, eu consigo ver que eles se parecem.

E arrisco dizer que não vão demorar muito para descobrir isso. 

— O médico disse que na segunda você já pode ir pra casa.— contei ajudando ele a vestir a roupa. 

— Até que enfim.— respirou aliviado. 

— É, mas nem pensar em fazer arte.— avisei.

— Vou me comportar.— e eu espero que se comporte, se não vai levar umas chineladas.— te amo.— me mandou beijo e eu fico toda boba com essas coisas. Falo que ele não é carinhoso, mas ele é sim. 

— Te amo também, meu neném de quase trinta anos.— beijei a testa dele.

Não sei se pra todas as mães é assim, mas pra mim o Davi sempre vai ser o meu meninozinho, que faltava botar fogo na casa, que só gostava de ir onde o pai estava, pra cima e pra baixo, se sujando de graxa na oficina. 

Nós sempre fomos próximos e amava quando ele me contava as coisas, hoje ele ainda conta, mas não como antes, era diferente. 

Mas quando eu penso que não, essa proximidade ainda existe. Só que agora é ele quem pega no meu pé, que me manda mensagem perguntando onde eu estou, quando volto, se preciso de alguma coisa. 

Um cuidando do outro. 

Thaís Ferreira   
18:00pm

— Pega o molho de tomate.— pedi pro Kauan. Viemos comprar algumas coisas pra fazer um macarrão com salsicha. 

— Vou levar um vinho também.— falou levantando o braço pra pegar o vinho na última prateleira.— esse?— me mostrou e quando eu ia responder fui interrompida por uma voz feminina. 

— E ai, Kauan. Te liguei no sábado e tu não atendeu, rolou uma festinha daquelas que tu gosta lá no QG.— passou na minha frente e fingiu que não me viu.  Minha expressão mudou na hora. Se tem uma coisa que eu não sei disfarçar é a minha cara, se alguma coisa me incomoda ela fica bem evidente. 

Além da AtraçãoWhere stories live. Discover now