visitante

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A porta dupla lembrava a entrada de um hospital, o que a deixava com uma aparência deslocada em relação ao resto da casa. O ambiente parecia mais frio que o resto do corredor e um leve cheiro de clorofórmio pairava por ali.

Jeff: Está aqui dentro, o necrotério do Dr. Smiley também fica por aqui, então mesmo se ele não estiver mais vivo não vamos perder a viagem. – disse sorrindo como se não fosse nada demais.

Juno: Necrotério?

Jeff: É por isso que ta meio frio, sabe? – disse encolhendo os ombros – Vamos entrar pra poder sair logo, odeio esse lugar.

Juno: Eu... Também odeio o necrotério.

Ele franziu a testa.

Jeff: Não adianta mesmo te provocar, hein?

Juno: Você estava tentando me provocar?

Jeff: Claro! É muuuito divertido mexer com as pessoas. – ri de forma maldosa –  Mas você não responde as provocações... Isso é estranho.

Dei de ombros e me aproximei da porta. Minhas mãos tremiam de ansiedade enquanto eu a empurrava, torcia para que Jeff estivesse mentindo.

Ao entrar, me deparei com o que parecia ser uma sala de espera, tinham cadeiras e um balcão mas não havia ninguém lá para atender quem entrasse, eu me sentia realmente dentro de um hospital. Fora a que usamos para entrar, haviam mais duas portas naquela sala de espera, sendo uma à nossa esquerda e a outra à direita

Jeff: DOOOOUTOR! – grita batendo a mão no balcão. Aquela pessoa era tão imprudente quanto pensei que fosse a princípio, talvez até mais.

Juno: Acho que você não devia fazer tanto barulho.

Jeff: Hã!? Não é como se aqui fosse um hospital de verdade... E mesmo se fosse eu não me importaria também.

Juno: Mas...

Jeff: NÃO TENHO O DIA TODO! – grita outra vez, ignorando o meu pedido e me interrompendo.

???: JÁ OUVI!! CALA A BOCA! – responde uma voz masculina vinda de uma das entradas. Logo, saiu de lá um homem vestindo um jaleco branco e segurando uma prancheta, seus cabelos eram negros bagunçados e o rosto estava coberto por uma máscara de cirurgião branca e luvas de látex manchadas de sangue.

Jeff: Se você estava ai por que demorou tanto, Dr. Smiley? Estava dormindo durante o seu plantão?

Dr. Smiley: Me poupe das suas gracinhas.–suspira de desânimo – Diga o que você quer dessa vez?

Jeff: Na verdade, não sou eu. – segura meu braço e me puxa para mais perto. Me sinto incomodada com a invasão ao meu espaço pessoal –  Tem a ver com essa garota aqui.

O médico me olhou de cima a baixo. Acho que as pessoas dali cultivavam o hábito de avaliar os outros descaradamente.

Dr. Smiley: A menos que ela seja uma voluntária pra testar meus novos tratamentos médicos, tenho que pedir que se retire. – disse mostrando  uma expressão carismática, embora suas palavras contrariassem a expressão facial.

Juno: eu sou Juno,Estou aqui pra ver meu irmão. O nome é Karim, ele tem 6 anos e...

Dr. Smiley: Certo! – me interrompe – Então é uma visitante, hein?

Juno: Acho que sim, eu posso vê-lo?

Dr. Smiley: Mesmo se eu permitir, não é como se você pudesse fazer algo por ele a essa altura.

Jeff: Deixa de ser mesquinho. Ela só quer ver o pirralho por alguns minutos. Eu vou te recompensar depois, e se alguém perguntar é só falar exatamente o que você viu, e principalmente ouviu.

O doutor franziu a testa, parecendo insatisfeito com o que Jeff disse e se voltou para mim.

Dr. Smiley: Quem te trouxe pra esse lugar, menina?

Juno: Foi um palhaço chamado Jack.

Dr. Smiley: Ah... Então é disso que se trata. – vira pro Jeff – Você devia se envergonhar, seu ladrãozinho .

Jeff: Já disse que vou te recompensar por isso depois, é só ir com a onda. – sorrindo maliciosamente.

Dr. Smiley: Você vai ficar me devendo essa.  – disse e agarrou meu pulso me guiando na direção da porta de onde ele havia saído.

Lá dentro haviam leitos com as divisórias feitas por cortinas manchadas de sangue. Em um dos leitos havia uma pessoa com o abdômen aberto e seus órgão expostos. Em outro uma mulher com o tórax aberto por um corte, suas costelas quebradas estavam penduradas do lado de fora do corpo por conta da pele. Senti meu estômago revirando e minhas pernas pareciam querer falhar, se não fosse pelo Dr. Smiley segurando meu pulso eu já teria caído no chão.

( Acalme-se, ele é médico! Ele sabia o que estava fazendo... Eu tenho certeza de que ele fez o melhor pra salvar essas pessoas mas não conseguiu, foi apenas obra do destino, certo?)

O doutor parou de andar e fez uma expressão impaciente, como se me esperar fosse a maior perda de tempo do mundo.

Dr.smiley: Jeff, dá um jeito! Ela vai desmaiar! – Reclamou me empurrando para cima dele.

Jeff: Não achei que você fosse tão sensível assim. –  passa meu braço por cima de seu ombro para me dar apoio –  Vai ser mais fácil do que eu pensei.

Juno: O quê?

Jeff: Ah, nada! Só estava pensando alto. Mas tem certeza que vai ficar consciente o resto do caminho?

Juno: Sim... Eu só não estou acostumada a ver cadáveres.

Jeff: Se você não estivesse cambaleando, acho que eu não notaria que está incomodada, você nem mesmo franziu a testa.

Dr. Smiley: Eu acho melhor te dar um calmante antes de ver o garoto, ou você com certeza vai colapsar. – começa a revirar o bolso do jaleco branco – Aqui está.

Juno: Ele está tão mal assim? – peguei os dois comprimidos que ele me entregou. Jeff deu um sorriso bem largo quando eu engoli os comprimidos.

Jeff: Certo, vamos indo.

Seguimos em frente com jeff me apoiando e o Dr. Smiley nos guiando entre os leitos até chegar onde Karim estava. Eu me sentia um pouco aérea, como se meu corpo estivesse dormente

Dr. Smiley: Olhe pra mim. – disse segurando meu queixo e apontou uma pequena lanterna pros meus olhos – Parece que o meu" calmante especial" já fez efeito... Agora, sem mais delongas, vamos ver o garoto.

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Capitulo revisado por: KiraDoBem_po

Doces Pesadelos - Laughing Jack Where stories live. Discover now