''O amor não é coisa que se possa pedir a alguém.''
- Anne Frank
Em uma pequena cidade no norte da Geórgia, vivia um rapaz que nunca foi amado. Não da maneira certa pelo menos. A família Dixon era problemática demais para o amor ser como deveria.
Jocelyn e Will Dixon eram dois alcoólatras. A mulher, apesar de tudo, tentava da sua forma dar carinho aos filhos do casal, Merle e Daryl. Infelizmente, nunca foi o suficiente. O pequeno Daryl mal conheceu a mãe, que morreu quando o menino era muito pequeno. Assim, o pouco carinho recebido não chegou nem perto do suficiente.
Já o homem não era um bom pai, não era uma boa pessoa. Depois da morte de Jocelyn, as únicas coisas que importavam para Will Dixon eram o álcool e a caça. Se tivesse que escolher um entre os filhos, o homem escolheria o filho mais novo, Daryl. Isso, porém, não significa que fosse menos abusivo com o jovem, nem perto disso.
Daryl nunca teve ninguém para ensiná-lo sobre nada, seja sobre sentimentos ou como fazer alguma coisa. Nunca lhe foi mostrado qual caminho seguir ou que tipo de pessoa deveria ser, sendo os exemplos dentro de casa tudo que tinha.
Com o passar do tempo, ele logo percebeu, ainda jovem, que não precisava de ninguém. Se virou sozinho a vida toda e preferia ficar sozinho, era o que ele pensava. Aprendeu a ser quem era por si só, aprendeu a caçar por si só, então para que precisaria de alguém para alguma coisa?
O seu ponto fraco era seu irmão, Merle Dixon, que apesar de ser um babaca machista, amava o irmãozinho de sua forma. Esse amor, no entanto, era demonstrado por gritos, tormentos e provocações. Novamente, nunca da maneira certa.
Na mesma cidade, certo dia, uma jovem chamada Lilian Cooper apareceu.
A garota tivera que se mudar para região para morar com sua avó. Lilian, ou Lily, como a chamavam, sempre foi uma garota solitária, e preferia assim. As pessoas eram muito complicadas, dizia sua mãe, e ela concordava.
Sua mãe a amou, amou da maneira certa. Lhe ensinou tudo que sabia: como ser gentil com os outros, sempre ajudar quem precisava, sempre ser uma pessoa amiga. Mas nunca, nunca, aceitar que lhe diminuíssem, lhe menosprezassem, principalmente por ser uma mulher. A mãe, Marianne, também falava que Lilian deveria saber de tudo, para nunca depender de ninguém, principalmente de um homem. E Lily cresceu com isso bem esclarecido em sua mente: trataria os outros com gentileza, e sempre seria uma mulher forte e independente.
O pai de Lily nunca foi presente, nunca nem falou com a filha. Marianne sempre se mostrava muito machucada e com raiva quando se falava sobre o assunto, e nunca contou a garota o que de fato teria acontecido entre ela e o homem, pois achava que ela ainda era nova demais. De qualquer forma, a jovem Lilian sentia apenas uma coisa por esse homem que nem conhecia: raiva.
E era por isso que sabia, mesmo não sendo exatamente algo que a mãe ensinou, mas algo que simplesmente ficou gravado na mente de Lily, que homens podem ser destruidores.
Mas, apesar de toda tristeza do passado, a mãe dela tinha alguns hobbies que a deixavam feliz e Lily a acompanhava em todos eles. Acampar era o que as duas mais gostavam de fazer juntas, e desde pequena a garota sabia se virar na floresta com a mãe. Aos 8 anos, a mãe lhe colocou em esportes de luta, como jiu-jitsu e muay thai, pois ela sempre dizia que uma garota deveria saber se defender nesse mundo.
Infelizmente, Marianne morreu jovem em razão de uma doença. Um acaso do destino, se é que algum destino veria algum objetivo nisso. E assim, a jovem Lily teve que sair da grande cidade de Nova York e ir para o interior da Geórgia, morar com a única parente viva que tinha.
A dor pela perda da sua mãe foi quase sufocante no começo, mas a presença e amor de sua avó ajudavam a suportar. Infelizmente, a dor do amor mostrou para Lilian que amar era se tornar mais fraca, e ela prometeu para si mesma que apenas amaria aquelas pessoas que merecessem de verdade ser amadas. Pessoas por quem valessem a pena enfraquecer. Como se desse para escolher, não é mesmo? Mas a jovem Lily achava que poderia controlar tudo.
Assim, enquanto basicamente Daryl Dixon foi trazido à um mundo onde família era apenas sangue, onde a violência prevalência, Lilian Cooper foi criada de outra forma, onde mesmo sem nunca ter tido a presença de um pai, era o amor que dominava.
Tinha que ter muita coragem para desaprender todo o ódio, para pode ver que existiam coisas além de como você foi criado, mas também tinha que ter muita coragem para amar de novo depois de uma perda tão profunda, ou para confiar seu coração à alguém.
Será que ele conseguiria perceber o amor? Será que ela se permitiria sentir amor?
E o pior, no fim do mundo, quem prevaleceria ? Amor ou ódio?
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Ódio, amor e outros vícios
RomanceUma espécie de amizade improvável se formou entre Lilian e Daryl anos atrás no interior do estado da Geórgia. Eles se irritavam e brigavam em praticamente toda conversa mas simplesmente não conseguiam ficar longe um do outro. Os anos se passaram e e...