Ódio, amor e outros vícios

4| Quem ignorar mais os próprios sentimentos, vence.

Daryl saiu com sua besta sem nem olhar para trás, deixando uma Lilian magoada e confusa.

Ele se sentia irritado, preocupado, querendo dar um soco no primeiro que visse na sua frente, e não ficaria incomodado se fosse o tal Shane. Daryl não ia com a cara dele, de qualquer forma.

Não imaginava que veria Lilian novamente então não parou para pensar o que faria em um reencontro. Mas vê-la ali, tão perto, viva num mundo onde parecia que os sobreviventes só continuavam vivos para sofrer mais antes de virarem um monstro também, ele sentiu um misto de emoções tão grande que foi demais.

A verdade é que, tirando o passado, ele e Lily eram quase que estranhos hoje em dia, mesmo o seu corpo inteiro agindo como se ela fosse uma parte dele que finalmente tinha voltado para perto.

Essa parte Daryl queria ignorar.

Não queria se apegar a garota de novo, não quando já tinha se apegado uma vez apenas para vê-la indo embora sem olhar para trás. Agora, não queria ter que vê-la desaparecer e não saber seu paradeiro, igual Merle. Ou se machucar, morrer, ou pior, virar um andarilho, por que era tudo isso, e apenas isso, que esse novo mundo reservava.

Na mente de Dixon, o melhor a ser feito é não se apegar a ninguém, principalmente à certas pessoas que parecem ter um talento para se impregnar na mente dele por anos.

Decidiu ir para mata procurar a garota Sophia, com a esperança de achá-la e de fingir que Lily não estava tão perto.

***

Lily se sentia péssima.

Sabia que Daryl era uma pessoa reservada e bruta mas não entendia por que ele a dispensou e a tratou dessa forma, como se ela tivesse feito algo para deixá-lo com raiva. Sendo que ela não fez!

Agora, quem estava com raiva era ela. Não ia mais se dirigir a Dixon e ia se esforçar ao máximo para suprimir os sentimentos estranhos de carinho e saudades que sentiu quando viu ele chegando naquela moto.

Voltou para casa Greene e seguiu até o quarto do menino Carl para ver se precisavam de alguma coisa. 

Lá dentro, a mãe, Lori, olhava para o menino que dormia com preocupação.

- Está tudo bem? - pergunto Lily com a voz baixa.

Lori se assusta mas lança um sorriso leve, e claramente forçado.

- Sim...só estou cansada. 

- Posso ficar de olho nele, se quiser.

- Prefiro ficar ao lado dele direto. - ela olha para o menino com carinho. - Hershel disse que ele está bem, apenas dormindo bastante para que se recupere totalmente. Mas é difícil ver meu menino assim.

- Eu imagino.

- De onde você conhece Daryl? - ela pergunta abruptamente, mudando de assunto, tentando se distrair das preocupações que rondavam sua mente.

- Ah... moramos na mesma cidade quando eu era adolescente. - diz Lily simplesmente. Não queria pensar naquele caipira, grosseiro, maluco. - Vou lá fora ver se precisam de ajuda. Tchau, Lori.

Lilian sai do quarto apressada mas Lori estava muito cansada e preocupada para tentar decifrar porque a mulher quase fugiu.

Pelo resto do dia, Cooper ajudou o pessoal a montar acampamento na propriedade e, não que ela estivesse esperando, viu que Daryl voltou quase no horário do pôr do sol e se dirigiu ao trailer onde a mãe de Sophia, Carol, estava. Dando notícias sobre a busca pela garota, ela supôs.

Decidiu ir tomar um banho para não correr riscos de encontrar com ele, quando esbarra com Maggie antes de subir as escadas. Lilian era muito observadora e logo viu um roxo no pescoço da moça de olhos verdes. Arregalou os olhos e disse: