𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩𝙪𝙡𝙤 𝙌𝙪𝙖𝙩𝙧𝙤

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Sempre me pareceu curioso o que se pode fazer quando se é um homem com poder, Johnny Dogs moveu toda Birmingham e em menos de trinta minutos tinha um grupo de homens completamente espalhados pela cidade e o bosque em busca da famosa bruxa, Arabia Moreau

— Sobe Thomas, a encontramos  — Dogs abriu a porta do carro e dirigiu em direção ao bosque, descemos do automóvel quando ficou impossível continuar dirigindo pelo estreito caminho pantanoso, foi igual ler os irmãos Grimm, a casa se erguia por cima do pântano, deixando ela em meio da água, uma estreita escadaria terminava em uma pequena doca

— Tem que ser a porra de uma piada

— A porra das bruxas não são a droga de uma brincadeira Thomas, ainda podemos voltar — avisou tirando o chapéu quando uns corvos brancos passaram voando ao nosso redor

— O diabo não teme as bruxas Johnny, mas se algo aconteça comigo, Polly está no comando — lhe entreguei meu casaco para subir no bote que alguns peaky blinders tinham arrastado até ali, não posso negar que estava cagado de medo enquanto remava até a pequena doca onde amarrei o bote, tudo ali era cheio de musgo, uma vez estive em cima do pórtico me virei para fazer um sinal para Dogs e que soubesse que estava tudo iria bem, a porta estava entreaberta, e respirando fundo, tomei coragem e entrei

O interior era completamente diferente do que esperava, a madeira limpa, as ervas e especiárias pendiam do teto desde a entrada, deixando a vista uma sala de estar cujos sofás estavam repletos de livros, cadernos e frascos com coisas dentro, o aroma de incenso inundava o pequeno espaço, me movi tratando de fazer o mínimo de barulho possível até chegar na cozinha, onde a mesa redonda tinha estendido um pano vermelho e um baralho de tarô em cima, uma foto de Kimber e uma minha, fitas e velas vermelhas, compreendi então que a bruxa Arabia era real, completamente real, uma xícara de chá ainda soltava fumaça do lado do baralho de cartas

— Onde está ela? — questionei ao gato branco que deu um salto pra cima da mesa para me observar fixamente, um olho azul e um verde, com uma fita preta com uma ametista amarrada em seu pescoço

O gato começou a se limpar sem prestar atenção em minha presença, continuei avançando para o quarto atrás da cozinha, a porta estava aberta e do teto, igual de toda a casa, as ervas pendiam dele, cordas, correntes, jaulas e frascos, no centro do quarto estava ela, sentada no meio de um círculo de sal levantando as mãos impregnadas de terra vermelha ao ar, conjurando feitiços de proteção em nosso idioma, o espelho diante dela que me deixava ver o cabelo negro igual a noite cobrindo os seios e o tórax nu, centenas de sardas por todas as partes, quis retroceder, bem sabia que aquelas coisas não deveriam ser interrompidas, não era seguro para nenhum que estivesse ali. Retrocedi, fazendo que a tábua de baixo dos meus pés rangesse, mas o incenso em suas mão me fez supor que não tinha notado minha presença, então voltei pra entrada, fazendo um sinal para Johnny Dogs para que fossem embora. Esperaria que seu ritual terminasse

Movi cuidadosamente os livros, procurando não perder as páginas onde tinham ficado abertos, o som me fez encolher os ombros quando um corvo com o peito e as costas branco, pousou no braço do sofá para me olhar logo que eu colocasse o cigarro na boca, soltou um graznido quando aproximei o fogo ao cigarro

— Suponho que não posso fumar aqui

— Claro que não — de um pulo me coloquei em pé, vendo a mulher sair do quarto colocando os braços dentro das mangas da camisa branca com pequenas flores azuis e roxas, tirou o cabelo de dentro da roupa para amarra-lo despreocupadamente enquanto caminhava até mim — definitivamente você não leu Hansel e Gretel, simplesmente entrou na casa da bruxa

— Vim comer alguns caramelos -— me aventurei a dizer enquanto a seguia de volta pra cozinha — Porque uma foto dele e uma minha?

—  Porque faço um feitiço de amor — a observei bastante confuso, deixando cair a cabeça pra um lado pra vê-la, se aquilo fosse verdade não teria mencionado

— Não precisa fazer — contive um sorriso enquanto tomei com suavidade seu queixo vendo o roxo de seu olho esquerdo —  Kimber?

— Ele acha que pode possuir tudo, mas eu não sou um objeto — subiu suas mãos agarrando meu pulso para baixa-la estendendo minha palma diante dela — Porque veio aqui?

— Pensei que Kimber teria te machucado mais — respondi apertando os olhos ao sentir o escalafrio subindo desde minha mão com cada toque de suas mãos — Quis ver se você estava bem

— Ninguém se atreve a vir aqui, dizem que uma bruxa perigosa vive nesse bosque — contou me oferecendo um sorriso sedutor. Me seduzia? Realmente tinha estado fazendo feitiços de amor em mim? Abaixou seus olhos cinzentos pra minha boca então soube que estava pedindo

— Que tão inconveniente seria se eu te beijasse agora? — ela sorriu pra mim deixando ver seus dentes pontiagudos dentro de sua boca. Era uma vampira 

— Só se tiver certeza de que quer selar o feitiço — me desafiou lambendo os lábios, já tinha meia ereção dentro da calça, a agarrei da cintura, sentindo a nudez de seu corpo por cima daquela camisola enquanto a aproximava de mim, sua boca direto na minha, me dando um beijo curto e forte deixando-me todo o resto do trabalho, apenas deixei minhas mãos rodeando seu pescoço para aproxima-la, um calor insuportável me investiu deixando-me as bochechas coradas enquanto seus lábios se moviam sobre os meus, a boca quente, o cheiro de seu cabelo, misturando-se com o chá de lavanda, sua respiração no meu rosto, ficou na ponta dos pés para jogar os braços por cima do meu pescoço, me apertei em sua cintura aventurando-me a lamber com suavidade sua boca

— Onde está o quarto? — se separou de mim na hora, os olhos cinzas tinham mudado para um verde muito suave, a boca vermelha pela fricção me sorriu

— Quer trepar comigo? — soltou segurando o nó da minha gravata ao mesmo tempo que eu engolia nervoso

— Eu adoraria

— Que lua tem lá fora senhor Shelby? — levantei o olhar tentando me lembrar

— Crescente, lua crescente — entrelaçou suas mãos atrás do meu pescoço e voltou a me beijar, está vez com mais ternura

— Volta na lua cheia Thomas — acariciou meu pescoço com suavidade pra me soltar dando um passo pra trás, as velas acessas a suas costas me deixaram ver a tela transparente de sua camisola

— Mas...

— Eu não esperaria mais para ir embora — sorriu esticando sua mão para o corvo que ainda estava em cima da poltrona — Brannagh cruzará com você o pântano — anunciou entrando em um dos quartos adjacentes

— Thomas, achamos que a bruxa tinha te jogado no caldeirão — riu Johnny Dogs quando consegui sair do espesso bosque pantanoso — deves agradar-la se ela te enviou a um dos seus familiares pra te guiar — apontou pro corvo que tinha pousado sobre meu carro — tudo bem?

— Isso espero

𝘾𝙪𝙥𝙞𝙙𝙤 𝙢𝙚 𝙛𝙡𝙚𝙘𝙝𝙤𝙪 - ᴛʜᴏᴍᴀs sʜᴇʟʙʏ x ᴏᴄ ✓Onde as histórias ganham vida. Descobre agora