𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩𝙪𝙡𝙤 𝘾𝙞𝙣𝙘𝙤

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Mentiria se falasse que não me surpreendeu vê-la novamente no Derby com o braço enlaçado no de Billy Kimber. Quem era o que tinha poder sobre quem? Então lembrei das velas vermelhas e a foto de Kimber possivelmente era por isso que o sujeito era  completamente incapaz de se afastar o suficiente dela, a protegia como um cão protege o osso, olhava para todos os lados como se os lobos estivessem a ponto de pular em cima, até seus próprios guarda-costas ele fazia cara feia quando tentavam se aproximar da cigana para abrir uma porta, mover a cadeira, ajuda-la com o casaco ou bolsa, sorri, aquilo era o que Arabia tinha estado fazendo aquela noite. Uma amarração? O faria ainda mesmo sabendo as consequências de interferir na vontade do outro? O amava? Não. O desejava? De forma alguma o desejava, Kimber tinha algo que ela queria, Billy lhe dava status que precisava, não queria nada mais

— O que está vendo? — John me deu um tapa nas costas fazendo que o encarasse com aquele palito na boca — Vai com Kimber? — estava a ponto de responder ele quando uma ideia iluminou minha cabeça

— Vai você John

— Sabe bem que ele não quer ver eu 

— Claro que sei

Me acomodei em meu lugar vendo John se aproximar com seu jeito peculiar de andar, Kimber apertou sua mão, fumando seu charuto para depois apresentar Arabia a ele, e justo aí estava a reação que eu esperava, Moreau completamente atordoada esticou sua mão enluvada a um sedutor John, ela observou-o por um longo tempo como se o examinasse enquanto ele conversava com Kimber. A cigana puxou o braço de seu acompanhante para sussurrar algo e ele concordava com a cabeça, ela se afastou lentamente para entrar no club com seu enorme chapéu roxo, ali estava minha oportunidade

Caminhei apressadamente até a barra do club onde sabia que ela iria para ter certeza de que estava perto. Seria isso? Sorri satisfeito ao vê-la sentada no banquinho bebendo de uma taça um licor transparente que supus ser gim, me sentei a seu lado despreocupadamente, um sorriso apareceu em sua boca ao mesmo tempo que baixava a aba de seu chapéu para que não visse seus olhos

— Seu irmão é muito atraente — soltou colocando o cigarro na boca, me apressei pra acender ele, observando os lábios vermelhos que a algumas noites atrás estava beijando

— Não tanto como você. Porque enfeitiçou ele? — minha pergunta a fez levantar o olhar pra me ver — Já sei tudo, é óbvio

— Não por amor

— Isso é claro

— Tem coisas que não podem ser compreendidas Thomas, e queria que não se esforçasse tentando entende-las — soltou a fumaça de seu cigarro, mudando sua expressão

— É a primeira noite de lua cheia

— Sabe como chegar na casa da bruxa — girou-se no banquinho pra ver a entrada por onde Billy Kimber fazia sua entrada, ela tinha o sentido e ele a enjoava

— Então você estava aqui Thomas

— Cheguei vindo pra cá pedir algo, estava com sede e olha com quem me encontrei — sorri observando a Moreau quem deslizou com suavidade seu olhar sobre mim antes de ver Kimber se aproximar pra depositar um beijo no queixo dela, que apertou os olhos com nojo

— Seus cavalos estão prontos Thomas, passa pra vê-los antes da corrida

— Agradeço imensamente, senhorita Arabia — meteu a mão no bolso de Kimber para tirar o relógio

— Tenho que ir, tenho coisas pra fazer 

— Vai jantar essa noite?

— Sim, claro. Na minha casa — estendeu a mão pra despedir-se e depois beijou a bochecha do homem que ficou ali vendo-a como se tivessem roubado sua fortuna

— Bem Thomas, trouxe meu dinheiro?

— Mas é claro

A lua iluminava completamente o caminho do bosque pantanoso, segui o corvo que me esperava na entrada do bosque, guiando-me pelo caminho que não tinha certeza se lembrava pra chegar na cabana de palafitas. A noite gélida cai nos ossos, conseguia ver a fumaça sair da pequena chaminé da cozinha

No interior tudo estava iluminado por centenas de velas por todas as partes, deixando um caminho iluminado que guiava diretamente para o quarto onde noites antes tinha encontrado-a fazendo o ritual, tirei o casaco deixando ela em cima do sofá pra caminhar até onde achei que ela estaria, no que avançava, a ave pousou sobre o corrimão da escada em caracol de metal negro nem sequer tinha reparado em que tinha um segundo andar desde onde podia ver mais luzes cintilantes

Um quarto completamente aberto deixava ver uma cama coberta por um marquise que pendurava do teto, mais velas, altares, o barulho da água chamou minha atenção deixando-me descobrir a bruxa abraçando-se os joelhos dentro da banheira uns passos atrás da cama

— A curiosidade matou o gato — disse se recostando na banheira enquanto me aproximava, a água branca de leite quente, e repleta de centenas de flores de todo tipo que flutuavam sobre ela, rosas, crisântemos, peônias, lavanda, arruda — vejo que não é o tipo de homem que tem temor a Deus — soltou se ajoelhando na banheira, deixando o cabelo cair sobre os seios cobertos de pétalas de flor, sorri

— O diabo não teme Deus, muito menos as bruxas — seu olhar se ergueu até mim enquanto me aproximei ficando diante dela para deslizar minha mão por seu queixo — as bruxas servem a Lúcifer 

— Não esta bruxa — avisou apoiando as mãos na borda da banheira, sua boca me chamava, o cabelo úmido deixando cair umas gotas por sobre todo seu corpo, era uma sereia, uma feiticeira, e sua magia estava completa

— O que devo esperar então? — sorriu uma vez mais, tomando-me rapidamente pela gravata e me puxando pra dentro da banheira com um profundo beijo, parecia que me afundava em um mar quente enquanto seu corpo no se apegava ao meu em baixo da água e o leite, sua língua de serpente metendo-se dentro da minha boca e minhas mãos agarrando as coxas com força, o próximo que me lembro é que justo quando achei que morreria pela falta de oxigênio em meus pulmões, era apertar os olhos e as mãos em sua cintura enquanto se movia em cima de mim, levantando seu cabelo entre as mãos para deixar o tórax completamente descoberto pra mim, me absorvia, sua intimidade ardia como a porra do inferno, ouvi-a gemer, cada vez mais forte e afundando suas mãos em minhas costas, sussurrava em meu ouvido o meu nome, me derramando dentro dela. O mundo girando, a vida se esvaindo por entre minhas mãos. Arabia Moreau dormindo em meu peito. Tinha entregado minha alma ao inferno, e as bruxas

Acordei por conta de uns sonhos estranhos, ainda não tinha amanhecido por completo, pela estreita janela entrava a luz da noite escura, algumas velas ainda ardiam por fora do marquise que protegia dos insetos, baixei o olhar pra me encontrar com ela completamente adormecida com sua mão em meu peito, não tinha sido um sonho, tinha sido a sensação mais estranha que já tive, o orgasmo mais intenso e exaustivo, aos pés da cama dormia o gato branco. Me apertei a ela, sentindo o cheiro de seu cabelo, respirando contra seu pescoço, fechei os olhos e voltei a dormir

𝘾𝙪𝙥𝙞𝙙𝙤 𝙢𝙚 𝙛𝙡𝙚𝙘𝙝𝙤𝙪 - ᴛʜᴏᴍᴀs sʜᴇʟʙʏ x ᴏᴄ ✓On viuen les histories. Descobreix ara