O Balaço Errante

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As semanas seguintes não foram nada agradáveis para John. Harry fazia questão de exteriorizar seu horror cada vez que ouvia o irmão falar de Sherlock, e vez ou outra ameaçava mandar uma coruja denunciando a amizade deles para os pais. Tal ameaça era caso de brigas homéricas entre os irmãos, que sempre era apartada por Clara. Para piorar, Sarah Saywer desviava o olhar sempre que se encontravam por acaso, como a vez em que estavam na biblioteca. Ele tentando completar seu dever de casa de feitiços e ela na imensa fila que dava para o balcão. Quando John a viu, acenou, mas ela o ignorou e puxou conversa com um amigo.

John suspirou e voltou ao seu trabalho:

— Eu nunca vi a biblioteca tão lotada. — Comentou Henry — Parece até que estamos em época de provas.

— É o Hogwarts, uma história. - Respondeu Sally concentrada nas anotações — Todo mundo tá atrás dos exemplares. A fila de espera já tá em duas semanas.

— É? Por que essa atenção de repente?

— É lá que tá a lenda da Câmara Secreta. Não se fala em outra coisa. — Ela olhou atravessado para John.

— O que foi? O que eu fiz? — Indagou o jovem Watson.

— Está andando com Sherlock. Vai acabar se queimando, mesmo sendo inocente.

— Ele não fez nada! Estávamos juntos o tempo todo!

— Não. Vocês estavam juntos na festa. O que ele fez antes disso? Você sabe?

— Ele deve ter um álibi.

— Ele não tem. E ele pode ser o herdeiro de Slyterin que controla a criatura da Câmara Secreta.

— Ele não é! Ele me disse que a mãe é mestiça e... Ah, vai... Eu vi o pai dele. Não parece ter sangue de gente da Sonserina.

— Você tá brincando, né? – Henry riu incrédulo – A maior parte da linhagem Holmes é da Sonserina. Mycroft seguiu a tradição.

Por essa John não esperava:

— Que?

— Meus pais disseram que o senhor Holmes só foi pra Lufa Lufa porque pediu para o Chapéu Seletor não colocá-lo na Sonserina. – Sally confessou – E se os Holmes forem herdeiros de Slyterin? Eu sei que Sherlock escapou por pouco de ser daquela casa.

— Ele não é o herdeiro! – John defendeu escrevendo qualquer coisa no seu dever de feitiços - E mesmo que fosse, isso não faria dele o único suspeito. Digo, ninguém fala de Mycroft e ele é da Sonserina.

— Mycroft não se diverte com a desgraça dos outros, só não liga para as pessoas. Além disso o Sherlock... — Ela fez uma pausa e respirou fundo — Olha, você sabe que os dois são muito diferentes. A mente de Sherlock é...

O melhor complemento que poderia se encaixar nessa frase seria "brilhante", mas John achou que a amiga não estava afim de usar esse adjetivo para falar de uma aberração, então usou uma espécie de sinônimo:

— ...Distinta.

Sally inclinou-se para perto dele. Cotovelos em cima da mesa, olhos fixos no amigo:

— Sherlock é um sociopata. É pelo seu bem que tô dizendo isso. Ele pode se tornar um bruxo das trevas e logo nós dois estaremos na mesma pilha de corpos.

John não sabia o que pensar.

— A biblioteca está cheia demais. — Ele falou recolhendo o seu Livro Padrão de Feitiços — Nem consigo me concentrar.

~O~

As escadas mudavam de direção toda hora, o que dificultava a vida de John. Mas agora ele não se incomodou. Acabou achando a oportunidade de ir para onde realmente queria, e não era a sala onde teria a inútil aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Potterlock - A Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora