Capítulo 23

17 3 0
                                    

Pata de céu saiu do tronco oco. Sol estava quase se pondo. A gata caminhou até a toca de estrela riscada. As vinhas verde-escuras pendiam do teto servindo como porta. Ela caminhou e com uma das patas retirou a cortina natural do caminho entrando em uma pequena caverna, escura e húmida.

O cheiro de estrela riscada preenchia o local, mas ele não estava lá.

Pata de céu começou a ficar preocupada: eles teriam saído do acampamento? Haviam se perdido?

A gata balançou a cabeça afastando os pensamentos e suspirou, caminhou para fora da toca e pulou da rocha.

Pata de céu se dirigiu a garra de pedra, asa de anis havia mencionado que ele avistou pé de canela que estrela riscada.

-Garra de pedra, você viu pé de canela e estrela riscada?- ela perguntou ansiosa.

-Ah! Sim, eles saíram em patrulha de caça, eu acho. Eu me lembro de estrela riscada mencionar a floresta de pinheiros.- então sua expressão se tornou de duvida e continuou- Mas eles deveriam ter voltado, e é estranho levar um ancião para patrulhas....talvez seja melhor procurarmos por eles.

-Eu estava procurando por alguma coisa que me levasse até eles...-pata de céu agradeceu- Obrigada.

-É, mas isso pode ser perigoso para alguém ferido.- ele disse sério e apontou para o machucado de pata de céu.

A gata suspirou e estufou o peito:

Eu dou conta, já estou bem melhor. E quanto mais tempo demorarmos para acha-los.....-

Garra de pedra a cortou:

-Não vamos nos precipitar, pode não ser nada...eles podem estar apenas demorando para achar alguma presa.-

-Mas não vai fazer mal a ninguém se eu procura-los- Ela insistiu.

-Ok-ele suspirou-Mas cuidado e vá com calma, e leve alguém com você.

Pata de céu agradeceu e procurou alguém na toca dos aprendizes. Nenhum deles estava lá.Então a gata se dirigiu a toca dos guerreiros. Capa nevada estava sentada na porta lambendo a pata, ela teria de servir:

-Capa nevada, preciso da sua ajuda para procurar pé de canela e estrela riscada-ela disse relutante.

A gata branca parou de se limpar e levantou os olhos azuis frios para pata de céu, a varrendo de cima a baixo com um olhar de deboche:

-Vocâ já está grandinha o bastante para fazer isso sozinha....ah, eu esqueci que está machucada...- e voltou a lamber a pata mostrando desinteresse.

Pata de céu suspirou se segurando para não esganar a gata.

-Acho que você deveria me ajudar ao invés de ficar aqui. Eles podem precisar de ajuda...- ela miou educadamente.

-Eu não ligo para aquela gata velha, e estrela riscada sabe se virar.- capa nevada retrucou bruscamente.

-Não deveria falar assim de uma anciã.- pata de céu respondeu ácida.

-me poupe, você é uma aprendiz, não deveria falar assim comigo.- ela disse em um tom de superioridade.

-Sinceramente não sei o que estrela riscada pensou quando te nomeou uma guerreira, você só sabe reclamar e não se importa com ninguém além de si mesma! - pata de céu rosnou.

Capa nevada parou de se lamber e se levantou com um sorriso caótico no rosto.

-Ah é? Então por que será que VOCÊ não é uma guerreira e eu sou? MEIO CLÃ! –

Pata de céu silvou, depois suspirou e disse se acalmando:

-Brigando assim parecemos mais filhotes do que qualquer outra coisa.-

Capa nevada rosnou arrependida:

-Certo, eu ajudo....-As duas gatas saíram do acampamento, mantendo um ritmo moderado.

Quando chegaram em um trecho onde os pinheiros se amontoavam as gatas reduziram a velocidade, enquanto isso o céu ficava cada vez mais e mais escuro. O horizonte já engolia o sol. Uma depressão rochosa surgia pela frente, pata de céu flexionou as patas se impulsionando para cima da pedra áspera. Com agilidade ela se esgueirou até o topo da rocha. Lá havia uma encosta levando para a floresta dos pinheiros, uma névoa estranha não permitia a ela ver o chão, apenas as pontas dos pinheiros, não parecia alto. Capa nevada surgiu ao seu lado e apontou para o fim da encosta com a cauda, pata de céu assentiu com a cabeça indicando para elas descerem. Capa nevada foi primeiro, ela se esgueirou com a barriga quase colada no chão para uma pedra mais embaixo. Depois disso ela desceu pela névoa e sua pelagem branca desapareceu. O ar estava húmido e um leve chuvisco começou.

Pata de céu se esgueirou para a borda da encosta para tentar ver capa nevada melhor:

-Ei! Pata de céu, pode descer não é tão íngreme! – capa nevada gritou.- É seguro, mas cuidado para não escorregar!-

A aprendiz malhada se esgueirou pata ante pata pela encosta, as pedras eram lisas e o chuvisco deixava-as escorregadias, com muito cuidado ela desceu e quando sentiu o chão em suas patas foi um alívio.

Ela agradeceu ao clã das estrelas pela ferida não ter doído, pois se esforçou bastante para descer.

Pata de céu tinha um pouco de dificuldade para ver o rosto de capa nevada na névoa.

-Devemos seguir para onde?-perguntou a gata branca.

-Melhor seguirmos por algum lugar onde a névoa é menor -respondeu a aprendiz.

pata nevada assentiu e fez um gesto com a cauda dizendo: "siga-me".

Ela adentrou na névoa em um trote e pata de céu a acompanhou, elas seguiram pela mata cerrada cheia de pinheiros, a névoa ia se dissipando até reduzir ao nível de suas patas, elas continuaram trotando pela mata até que capa nevada freia bruscamente derrapando na lama causada pela chuva fraca.

-você sentiu isso?- ela disse aflita.

Pata de céu retesou as orelhas e sorveu o ar. Era o cheiro de pé de canela, um rastro levando por entre a mata, porém o odor de estrela tigrada não estava presente, apenas o da anciã.

-Melhor seguirmos o rastro logo, a chuva pode apagar a trilha do cheiro.- pata de céu miou chacoalhando a pelagem humida por causa do chuvisco.

Pata nevada assentiu e seguiu o rastro da trilha de cheiro pela mata cerrada.

Pata de céu sentiu um arrepio, como se algo estivesse errado, mas alguma coisa dizia que aquele era o caminho certo, mas por algum motivo ela estava receosa com o que poderia haver no fim da trilha do cheiro.

-Tem algo errado...- ela miou olhando em volta.

-Eu também sinto isso, pata de céu...- capa nevada soou aflita.

Pata de céu sentiu o cheiro se intensificar para o leste, suas pupilas se retraíram e as orelhas tremeram e um arrepio percorreu sua espinha.

-É para lá.- ela disse apontando para uma clareira com algumas pedras.

Capa nevada correu e sumiu entre a névoa.

Pata de céu respirava com dificuldade e seu coração acelerou, algo não estava certo...

Ela engoliu em seco. o ar parecia mais pesado que chumbo. era um pouco difícil de ver entre a névoa. ela estava com medo de entrar lá. A gata começou a andar mas seu corpo não queria se mover. A cauda chicoteava no chão ansiosa.

Ela tomou coragem, mas a cada passo o tempo parecia passar mais devagar. A névoa cobria sua visão a impedindo enxergar com clareza, ela estava assustada.

Gatos Guerreiros a profecia (REPOST)Onde histórias criam vida. Descubra agora