Confusa

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Lauren POV

Eu continuei olhando na direção de Camila enquanto ela ainda segurava minha mão, eu estava sentindo como se estivesse com o corpo ligado a um cabo de fio desencapado, olhei nossas mãos e em seguida olhei novamente em seu rosto, ela estava falando sério?

— Primeiro sargento - ouvi a voz de Dinah e senti uma pontada de alívio e ao mesmo tempo de irritação pelo romper do momento - eu trouxe as sopas...

— Já estou indo - soltei a mão de Camila com cuidado, uma parte de mim queria não ser rude com ela, ou eu toda - eu já volto.

Fui até a entrada da barraca e abri a mesma dando de cara com Dinah que segurava uma bandeja com duas vasilhas brancas e fundas em cima, segurei a bandeja e agradeci a mesma e disse que ela poderia ir para o alojamento sem se preocupar.

— A sopa - falei indo em direção a cama onde Camila já estava sentada com o lençol até sua cintura - você quer comer ai mesmo?

— Vamos comer aqui - ela falou me olhando e eu fui até onde ela estava deixando a bandeja em seu colo - é a mesma de ontem ou é diferente?

— Você queria diferente? - olhei rapidamente da minha vasilha para o seu rosto - você falou que a de ontem estava boa, eu pedi pra fazer igual...

— Não - ela negou com um pequeno sorriso em seu rosto - eu realmente prefiro que seja a mesma.

Eu fiquei calada enquanto ela comia a sopa e eu também comecei a comer a minha, eu iria me sentar na cadeira, mas de tanto ela insisti eu me sentei na ponta da cama e comi quase de frente pra ela. Assim que ela terminou de comer a sopa eu peguei a bandeja com as duas vasilhas e deixei em cima de uma mesa que tinha ali e bebi um pouco de água, levei um copo também para Camila que tomou apenas metade.

— Lauren - eu estava em pé parada perto da mesa, eu não sabia o que fazer ou o que falar e ela pareceu perceber - eu ainda estou com frio...

— Eu não acho que seja uma boa ideia - me referi ao que ela tinha me pedido antes de Dinah aparecer com a sopa.

— Alguém entra aqui sem que você permita que o faça? - eu neguei rapidamente, ninguém podia entrar até que eu permitisse, era assim não só na minha barraca como na de todos os superiores - então qual o problema?

— Não é certo - eu falei sentindo uma fina camada de suor em minha testa, realmente não era certo, mas eu estava a um fio de fazer o que ela tinha me pedido - mesmo que ninguém veja, eu...

— Tudo bem - ela suspirou e virou de lado na cama ficando de costas pra mim - obrigada pela sopa, creio que amanhã eu esteja bem melhor e então você vai poder se livrar de mim como quer desde o início...

Eu travei meu maxilar e suspirei, fiquei em silêncio, ela não estava errada quando falou que eu queria me livrar dela, mas minha mente ficava repetindo exatamente isso, eu queria, no passado, agora eu não quero mais. Ela puxou o lençol até seu ombro e se encolheu na cama.

Eu baixei minha cabeça e fechei meus olhos com força, levei minha mão direita até meus rosto e passei as pontas dos dedos em meus olhos fechados, eu queria tirar a ideia de fazer aquilo da minha cabeça, ninguém iria ver, ninguém iria saber, isso era a única certeza que eu tinha, mas eu sabia que era errado.

Suspirei derrota e caminhei a passos lento até a cama e me sentei com cuidado na ponta da mesma, me inclinei pra frente e desfiz o lado dos cadarços e retirei minha bota e meia, tirei a boina que estava usando e deixei na mesinha ao lado da cama, olhei por cima do ombro e Camila estava de olhos fechados.

Olhei pra cima e soltei o ar que eu segurava por entre meus lábios, me deitei com cuidado na cama e ergui um pouco o lençol que ela usava e cobri o meu corpo, meu coração estava tão acelerado que eu poderia confundir com uma marcha de rua no dia da independência.

Senti o cheio dos cabelos de Camila e então me aproximei um pouco do seu corpo, deixando minha mão direita em cima de minha coxa, nossos corpos estavam a centímetros um do outro, senti quando a mão de Camila segurou a minha e guiou até sua cintura, fazendo com que eu ficasse com minha mão em sua barriga, meu estômago revirou.

— Se quiser posso fingir que isso nunca aconteceu - ouvi sua voz e encarei seu pescoço, estava exposto pois ela tinha feito um coque no alto cabeça antes de tomar a sopa - se isso for te fazer sentir melhor.

— Eu não sei o que está acontecendo comigo, se você puder apenas ficar calada - falei encarando sua nuca - você está se sentindo melhor?

Ela não me respondeu e eu me aproximei mais erguendo um pouco minha cabeça para poder olhar seu rosto, ela estava de olhos abertos olhando um ponto qualquer a sua frente, pensei que ela estava dormindo por não ter me respondido.

— Não vai me responder? - deitei minha cabeça novamente no travesseiro.

— Você está me deixando confusa - eu franzi as sobrancelhas.

— Como assim? - involuntariamente eu estava acariciando sua barriga.

— Você me pediu pra ficar calada - eu revirei os olhos - e agora quer que eu fale, você precisa se decidir Jauregui...

— Só me responda se está se sentindo melhor, você não parece mais quente - ela se remexeu em meus braços.

— Eu estou me sentindo bem - senti sua mão apertar a minha - o remédio deve ter feito efeito...

Fiquei em silêncio enquanto sentia a barriga de Camila se mexer por conta de sua respiração, a minha vontade é sair correndo dessa barraca ao mesmo tempo que minha vontade também é ficar aqui agarrada com ela. O que eu estou fazendo da minha vida? Ela não deveria nem está aqui no mesmo alojamento que eu, muito menos na mesma cama que eu, e muito menos eu está deitada com ela e agarrada ao seu corpo.

Que por sinal se encaixou perfeitamente em meus braços, depois de algum tempo senti que a respiração dela estava mais tranquila e com cuidado eu olhei em seu rosto e vi que ela estava de olhos fechados, eu respirei fundo e voltei a deitar minha cabeça no travesseiro, com cuidado eu cheguei mais perto do seu corpo e a abracei com cuidado, eu não queria, mas estava achando maravilhoso está assim com ela.

•••

B O I O L A S

Confusão Militar Where stories live. Discover now