Confusão Militar

É complicado

Camila POV

Assim que cheguei na frente da minha casa eu desci do carro e agradeci a Malik pela carona, fechei a porta e respirei fundo quando vi o carro com estampa do exército se afastando, era isso. Será que eu voltaria a ver a primeiro sargento Jauregui?

— Pimentinha? - ouvi a voz do meu pai e me virei rapidamente dando de cara com ele saindo de trás da casa com um regador nas mãos - o que aconteceu?

— Senhor pimenta - eu deixei minhas bolsas no chão e corri até ele que largou o regador e me ergueu pela cintura - eu estava com tantas saudades do senhor.

— Eu também estava pimentinha - ele me colocou no chão, mas continuou me abração e acariciando meus cabelos - você não iria passar mais tempo lá?

— Digamos que eu não fui muito bem pai, sabe como sou - dei de ombros e ele fez uma carinha triste e acariciou meu rosto - acho que foi melhor assim né?

— Mas você está bem? - ele pegou minhas bolsas no chão e se caminhou até a porta de entrada da casa - você não está com uma carinha muito boa...

— É só cansaço... - passei minha mão esquerda em meu cotovelo direito - logo vou poder descansar e estarei melhor...

— Você sabe que não me engana né? - ele deixou as bolsas na sala - senta aqui filha - ele se sentou no sofá e bateu ao lado dele indicado para que eu sentasse ali - me conte o que realmente aconteceu.

— Aff - bufei e me sentei ao seu lado cruzando os meus braços - cadê a sua namorada?

— Querendo mudar de assunto? - ele ergueu uma sobrancelha - olha, antes mesmo de você ir pra esse alistamento eu estava conhecendo alguém, mas não deu certo, recentemente estou saindo com alguém e acho que dessa vez vai dar certo.

— Fico feliz em saber disso - puxei minhas pernas para cima do sofá - me conta mais sobre essa sua nova namorada...

— Claro que conto - eu já estava comemorando por dentro por ele ter caído no meu papo de mudar de assunto - mas somente depois que você me falar o que te deixou com essa carinha de cachorro abandonado no meio da estrada quente - bufei, não deu certo.

— É complicado - ele ergueu as duas sobrancelhas e se ajeitou no sofá - o senhor sabe que eu sou um desastre, não sabe? - ele concordou com a cabeça - então, desde o primeiro dia de treinamento eu só fazia tudo errado papai, minhas canetinhas e meus braços de macarrão não aguentavam - ele negou com a cabeça rindo - para de rir, se não eu não termino de contar - ele ergueu as mãos em rendição - então, a primeiro sargento que ficou encarregada de treinar a minha turma, pegava demais no meu pé...

— E você abriu um abismo por ela? - eu olhei de olhos arregalados em sua direção - filha você não tem jeito - ele começou a rir - desde o jardim de infância que você só se interessa por quem pega no seu pé, é incrível, lembra a menina que roubou seu lápis de cera e depois comeu? - eu me segurei pra não rir - você chegou em casa dizendo que a "a garota nojenta de dente vermelho é minha princesinha" - ele não parava de rir e eu fiz uma cara emburrada.

— Ela puxava meu cabelo, mas eu tenho certeza que era amor incubado - falei dando de ombros - enfim... mesmo ela sendo muito ranzinza e pegando no pé de verdade, no fundo eu sei que ela é um amorzinho - meu pai me olhava com atenção - ela cuidou de mim quando eu estava doente...

— Você ficou doente? - ele me interrompeu e começou a procurar por alguma coisa em meu corpo - tá doendo em algum canto pimentinha?

— Papai - segurei as mãos dele - eu estou bem, eu fiquei com febre, ela cuidou muito bem de mim - suspirei - acho que nunca mais vou ver ela...

— Se for pra algo entre vocês acontecer, vai acontecer - ele beijou minha testa - e se não, eu tenho certeza que você vai superar mais uma pessoa que pegava no seu pé - ele se levantou do sofá e pegou minhas bolsas - vou levar isso pro seu quarto, a Denise arrumou ele...

— Denise é sua namorada? - ele subiu a escada e me olhou sorrindo e confirmando com a cabeça - ah bom, espero conhecê-la em breve.

Ele sumiu de minha visão, eu me deitei no sofá e fiquei olhando o teto da minha casa, o que será que a Lauren está fazendo agora? Com certeza gritando com todo mundo com aquela cara de malvada sexy dela, oh mulher tentadora viu. Suspirei e fechei meus olhos.

— Se quer dormir vá pro quarto - meu pai falou assim que desceu - eu estou quase terminando o almoço, posso te deixar dormir um pouco e depois te chamo.

— Não quero dormir agora - me sentei - se eu dormir agora eu não vou consegui dormir de noite, o senhor sabe.

— Então venha me ajudar a terminar de preparar o almoço - ele foi em direção a cozinha e eu fui logo atrás - corte essas verduras - ele apontou as coisas em cima da mesa - mas, com faça sem ponta viu mocinha.

— Eu não tenho cinco anos - falei revirando os olhos mas fui em direção a gaveta pra pegar a faca sem ponta, nunca se sabe né.

— As vezes parece que tem pimentinha, então me deixa ter cuidado - ele disse rindo e eu comecei a cortar as verduras - mais tarde eu vou na padaria comprar seu bolo favorito, comemorar que você está em casa.

— Obrigada, eu estava com saudades de comer ele - falei sorrindo - se puder trazer sorvete também, eu agradeceria muito.

— Pode deixar comigo - ele bateu continência e na mesma hora lembrei dela - vou trazer tudo que você gosta.

Apenas concordei com a cabeça e foquei em terminar a minha tarefa, assim que terminei meu pai preparou e em seguida já podemos nos sentar à mesa e degustar da comida maravilhosa do meu pai, assim que acabamos ele falou que iria sair pro trabalho e que na volta trazia o bolo e o sorvete, assim que ele saiu eu fui em direção ao meu quarto.

— E tudo volta ao normal - olhei meu quarto e estava muito bem arrumado e cheiroso - a Denise sabe arrumar as coisas...

Retirei meu tênis e meia e me joguei em cima da minha cama soltando um leve gemido ao sentir o colchão macio abaixo de mim, eu iria sentir falta do acampamento, da Dinah, da Jauregui, iria sentir falta de muita coisa, só não iria sentir falta do dia que quase virei um foguete por ter limpado o meu butico com urtiga, tirando isso, todo o resto iria me fazer falta.

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