ᶜᵃᵖⁱᵗᵘˡᵒ ᵈᵉᶻ
𝗖𝗮𝗺𝗶𝗻𝗵𝗮𝗿 𝗮𝘁𝗿𝗮𝘃𝗲́𝘀 𝗱𝗲 𝗸𝗲𝘁𝘁𝗲𝗿𝗱𝗮𝗺 𝗰𝗼𝗺 𝗸𝗮𝘇 𝗯𝗿𝗲𝗸𝗸𝗲𝗿 𝗳𝗼𝗶 𝗹𝗶𝗯𝗲𝗿𝘁𝗮𝗱𝗼𝗿.
A fossa de Kerch não era estranha a níveis impossivelmente altos de pisadas, mesmo a esta hora da noite, quando a lua cinza espumosa estava montada no alto do céu negro como tinta. Se fossem qualquer outra pessoa, a ganância e a gula das multidões os teriam engolido inteiros e, ainda assim, esta noite, eles se separaram com um único olhar sombrio. Ao seu lado, Echo se sentia temido, poderoso. Foi bonito.6 Em sua pequena aldeia Ravkan, Echo andava pelas ruas sem ser vista e insignificante. Na verdade, não havia nada como crescer nas sombras do Pequeno Palácio. Mas aqui, em Ketterdam, ela tinha um lugar, ela tinha um propósito, ela tinha ... era muito difícil acompanhar o ritmo de Kaz Brekker - por que as pernas dele eram tão longas ?
Debaixo de seu vestido bem puxado, a evidência da luta com o Tidemaker estava se tornando cada vez mais difícil de ignorar.
Mesmo que Echo já tivesse tossido o resto da água do porto que parecia vazar por todos os poros de seu corpo, ainda havia a colagem florescente de hematomas que pintavam suas costelas e puxava sua respiração com cada sacudida.
"Kaz, espere." Ela murmurou, levantando uma mão pálida para uma parede coberta de fuligem. Kaz hesitou. Seu olhar cintilou para frente e para trás entre o beco mal iluminado e onde seu cabelo vermelho enviava sombras que se espalhavam pela terra. Ela quase podia ouvir seus pensamentos, claros como o dia em seu rosto carrancudo.
Ambos sabiam que tinham momentos para chegar ao Maestro antes que Tante Heleen conseguisse silenciá-lo e seu caminho através da Dobra para sempre. Mas Echo sabia que se ela tivesse que dar mais um passo sem subjugar a dor em seu lado, Kaz teria que encontrar um novo gênio.
"Precisamos nos mover." Sua resposta foi curta, mas, apesar de seu tom, Kaz parou.
Amaldiçoando baixinho, Echo puxou uma lâmina. Não era maior do que seu dedo indicador, mas o aço era afiado e cortava o tecido de seu corpete com facilidade. A pressão em seu peito diminuiu e com ela, a dor cegante de seus hematomas. Ela jogou o material arruinado de lado, deixando-a coberta apenas por uma camiseta de linho branco que foi facilmente puxada para o lado para revelar a pele por baixo.
Uma dispersão de roxo e verde floresceu em seu abdômen. Hematomas . Uma ou duas costelas quebradas . Echo tinha visto pior.
Se tudo corresse conforme o planejado, talvez ela tivesse tempo suficiente para encontrar um curandeiro grisha para consertar o pior. Ela não imaginava que o plano de Kaz para sequestrar a Conjuradora do Sol envolvesse arrastar um lento e ofegante Ravkan ao redor do Pequeno Palácio. Mas agora, o mãos sujas estava olhando para as manchas de sua pele com uma mandíbula tensa, as mãos fechadas em torno da ponta de sua bengala. Ele estava estudando, carrancudo, com uma escuridão em seus olhos que deixou Echo feliz por ela ter se livrado do Tidemaker antes que ele pudesse ter o que queria com ela.
Mais algumas inspeções cuidadosas de sua pele quebrada e a Echo estava pronta para se mover.
"Vamos."As sobrancelhas de Kaz estavam franzidas, mas sem uma palavra, ele começou a seguir a rota. Eles continuaram em silêncio até que um prédio desconhecido dividiu a névoa. Era feio e cinza, como a maioria das coisas em Ketterdam, mas as fechaduras eram maleáveis e logo se quebraram sob os dedos espertos das Mãos Sujas.
Lá dentro, o apartamento foi saqueado. Cada gaveta virada, papéis espalhados pelo chão e por trás de um par de portas de correr, vozes abafadas podiam ser ouvidas. Com a vara de sua bengala, Kaz empurrou Echo atrás de si, quase sem pensar, e começou a caminhar em direção às portas, espreitando como um predador.
