La está ele, escorado em seu Jeep, mais velho do que minha mãe, eu queria perguntar por que ele usa este carro, já que na garagem de seu pai tem uns três sem uso, e todos do século XXI, com menos de um ano de uso.
Durante essas quase duas semanas, ouvi seu pai falar algumas vezes sobre ele, dando a impressão de que são próximos, mas todas as histórias são de sua infância, será que eles não são mais tão próximos assim?
— Gosto do seu carro — não, eu não gosto, gosto dele escorado no carro, me parece um pôster de calendário, cujo tema seria "rapaz loiro, sexy, e problemático", ele usa uma calça jeans preta, camiseta preta, jaqueta preta, botas pretas, não reclamo, tudo cai perfeitamente bem nele — Para onde vamos?
Preto deveria ser a cor mais quente.
— Não sei muitos lugares onde eu poderia leva-la, poderíamos ir ao shopping, mas acho melhor não, quer conhecer o lugar onde moro? Nada que se compare a seu castelo, claro — ele diz esta última parte sorrindo enquanto aponta para a casa, eu deveria responder isto com um alto e sonoro não, mas eu aceito tudo, qualquer coisa para sair deste lugar, ir a baladas, ir ao shopping, a bares, e ele parece estar tão desesperado quanto eu.
Precisei mentir para minha mãe, disse a ela que Mia estava precisando de mim, e ninguém jamais, ousaria fazer algo que não fosse agradar Mia ao extremo.
— Tudo bem, me mostre onde você mora então.
Passamos o caminho todo até chegar a sua casa em silêncio, algumas músicas tocam no som do carro, e o gosto dele é uma bagunça, porque em meia hora ouvimos Queen, Raul Seixas, Nirvana, Charlie Brown jr., será que seu nome é Raul por causa do Raul Seixas? Eu não havia pensado nisto, mas agora, tudo parece fazer sentido.Até porque só sei seu nome há cinco minutos.
Durante esses dias, tentei não pensar muito em qual seria o seu nome, tentei não pensar nele na verdade, mas agora que sei, Raul parece perfeito simplesmente perfeito, olho em sua direção, e ele esta olhando para mim, mas desta vez diferente de como aconteceu em algumas das outras vezes, eu não desvio o olho, eu sorrio.
Pisco para ele assentindo, e ele pisca de volta, concordando.
— Quem montou essa playlist para você? — pergunto.
— Gostou?
— É uma bagunça Plebeu.
— Criei o hábito de gravar as músicas em cd's quando tocava no bar, se abrir o porta-luvas vai encontrar um porta-cd com vários, mas este que esta tocando agora é meu preferido, tem minhas músicas favoritas.
Abro o porta-luvas e olho o seu porta-cd, todos estão escritos com uma caneta azul as siglas "R.A.S", e o nome das bandas que estão gravados ali.
Ficamos um tempo em silêncio, o único som é o do toca cd, termino de olhar e guardo. Assim que faço isso, ele para com o carro enfrente a um casarão afastado do centro da cidade, e diz que chegamos.
A casa é enorme, um desses casarões antigo de madeira, descemos do carro, ainda sem dizer nada, caminhamos um ao lado do outro, a diferença é que agora não temos mais música, para fazer tudo ficar menos constrangedor e tolerável, mas a verdade é, a quem estou tentando enganar? Eu adoraria passar o tempo com ele, mesmo no silêncio, mesmo que tudo fosse o mais constrangedor possível.
A princesa e o plebeu. Deus, isso soa tão clichê.
Passamos pela porta, pessoas drogadas, bêbadas, garotas com roupas de menos, outras com roupas de mais, pessoas bêbedas se beijando, pulando e dançando.
Onde ele mora? Estou começando a ficar preocupada por ser vista aqui, minha mãe realmente vai me matar.
— Não se assuste Princesa, não é tão ruim assim, depois de um tempo você se acostuma — ele pode ler pensamentos? Não preciso me acostumar com tudo isto, porque não pretendo voltar aqui.
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Dos sonhos eu sou o Amor
RomanceAVISO IMPORTANTE! Ao decorrer da narrativa, serão citadas questões como Abuso sexual, suicídio, vícios (uso de drogas e álcool). Peço que você leitor preste atenção, e caso seja uma leitura pesada, não leia. Tenho outras obras "leves" que vai fazer...