Capítulo 6 - Eu aceito você

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Nota da autora: Cada capítulo uma one-shot diferente de momentos que sinto que tenho que escrever sobre Gwyn e Azriel. Me acompanhe no twitter @GwynrielStan.


A Casa da Cidade estava silenciosa. O andar térreo estava vazio, o vento entrava pelas janelas abertas, as cortinas flutuando enquanto o brilho da lua banhava o cômodo suavemente. No andar de cima, no quarto com uma imensa janela e sacada, duas presenças se encaravam. O silêncio reinava, podia-se ouvir o barulho do mar muito longe dali, as vozes dos habitantes de Velaris aproveitando uma noite refrescante sob as estrelas.

Eles pareciam travar algo com o olhar, estavam em um impasse. Gwyn balançou a cabeça levemente, dando mais um passo na direção do encantador de sombras.

— Como posso não amar cada parte sua, independente do que você pensa sobre si mesmo? — ela segurou as mãos dele fortemente com as suas. — Essas são as mãos que me salvaram Azriel. Nunca me esqueci disso.

O olhar dele estava angustiado como se não pudesse acreditar em suas palavras.

Azriel sempre sentia-se exposto quando direcionavam olhares para suas mãos e as marcas evidentes que trazia em sua pele. Embora com Gwyn se esquecesse desse sentimento, ainda era difícil entender como ela aceitava detalhes que o incomodavam tanto.

Ela levou as mãos dele aos lábios. Beijou os dorsos de suas mãos. — Agradeço por isso todos os dias. Foram essas mãos que me salvaram. Como posso não amar elas? Amar você, por tudo que é?

— Qualquer um de nós a teria salvado. E acabado rapidamente com todos eles, sem pensar duas vezes.

— Eu sei disso. Mas quero que entenda e que pare de afirmar coisas horríveis contra você. Eu olho para você e aceito tudo. Principalmente as partes que você acha que são mais difíceis. Amo sentir o toque de suas mãos pelo meu corpo, como me faz sentir bem em todas as vezes.

Os olhos dele estavam iluminados, um fantasma do que poderiam ser lágrimas.

— Faço coisas horríveis, usando essas mãos. Você mesma viu. — o olhar recaiu para onde suas mãos estavam, as sobrancelhas contraídas como se muitos pensamentos conflituosos invadissem sua mente de uma só vez.

— Contra monstros nojentos. Você não se parece com eles. Pela Mãe, não tem nada a ver com eles. Você não matou inocentes, Azriel.

— Eu gostaria de matá-los de novo, sabia disso? — ela sabia a quem ele se referia. Ao pior momento da existência dela. A voz dele estava fria e baixa, capaz de despertar arrepios de medo, com instintos básicos de proteção. Mas não para Gwyn, nunca com ela. Ela encarava seu rosto, absorvendo tudo o que ele quisesse lhe contar. — Gostaria de ter me demorado, acabando lentamente com aqueles vermes.

Ela lhe deu um tempo. Percebeu que a respiração dele estava acelerada. Azriel quase nunca perdia o controle, deixava tudo guardado dentro de si e remoía isso lentamente. Gwyn às vezes tocava no ponto, o instigando a falar mas sabia o momento certo para provocar isso e esperar até ele começar a lhe contar tudo que quisesse.

— Não quero falar nesses monstros. Quero que pare de tentar me fazer odiar você por algo que não odeio.

— Como pode... aceitar o que sou quando estou lhe dizendo tudo isso?

— Você está esquecendo dos benefícios de uma grande envergadura — ela disse sorrindo, tentando aliviar o clima. Ele não sorriu. Balançou a cabeça se afastando um pouco dela.

Ficou de costas, lutando contra todos os sentimentos dentro dele. Gwyn aguardou mais um momento e quando começou a falar, sua voz estava clara e decidida.

— Posso aceitar tudo porque amo você. Percebo tudo que sente... Como isso é difícil para você. Você está sempre se colocando em perigo por sua família e esta Corte. É leal, gentil, se preocupa em não ser intimidador perto das outras sacerdotisas. Acha que não vejo tudo isso? — Ela percebeu um leve chacoalhar de seus ombros poderosos enquanto ele suspirava profundamente. As sombras sobre seus ombros, pareciam flutuar próximas de seu pescoço, como se o acalmassem.

Sabia que ele sofria naquele momento pois sentia um puxão disso em seu peito. Naquele laço que unia suas almas. Ela apenas continuou falando calmamente tudo que sabia que ele precisava ouvir. — Nós merecemos isso. Não sou quebrável, assim como você também não é. Você segue em frente, assim como eu sigo em frente. Nossas histórias merecem ser contadas Azriel, mas não nos resumimos a elas. Podemos sempre escrever novas histórias. Eu tenho orgulho de ser amada por você.

Quando ele virou novamente para ela, lentamente, lágrimas escorriam por seu rosto. Ela nunca imaginou que algo pudesse apertar seu coração tanto assim, e que pudesse amá-lo ainda mais.

Os dois se aproximaram. Azriel abaixou a cabeça, deixando sua testa encostada na dela. Os olhos fechados enquanto o ritmo de seus corações sincronizavam. Ela o abraçou fortemente.

As sombras envolveram os dois, criando um casulo de escuridão e conforto. Então, Gwyn começou a cantar baixinho enquanto fazia carinho em suas costas, seu cabelo reluzindo com um brilho glorioso. Sombra e luz se misturando, unindo suas presenças no mundo. Azriel encontrou a boca dela, em um beijo lento, a venerando com os lábios.

A pegou no colo, as sombras expandindo o casulo ao redor deles, enquanto ele caminhava para a cama. A cama deles. A colocou deitada, o olhar a despindo, roupas, sentimentos... ele a queria, toda ela. Azriel não poderia entender a sorte que tinha, que ela o desejasse do mesmo modo. Que retribuísse tudo o que ele entregava, nunca foi assim com mais ninguém antes. Nunca.

— Quero fazer amor com você. Sem pressa... — disse com a voz rouca enquanto deitava sobre ela. — Preciso que sinta... Como posso desejar você tanto assim. Amar você como amo. Merecer algo assim, o que representa para mim. — O rosto estava sério. Carregado de tudo que ter um ao outro significava para ele.

Ela o beijou, segurando seus ombros e o virando na cama, o montando. Ele passou as mãos pelas pernas dela... sentindo todo seu calor no ponto onde apenas as roupas os afastavam.

— Primeiro me deixe mostrar como amo você por inteiro. — Ela espalmou as mãos em seu corpo, sentindo toda a força escondida ali. A palma de sua mão direita no coração dele, os batimentos contra seu toque.

Segurou a mão dele, a levando aos lábios. Beijou sobre as cicatrizes enquanto olhava em seus olhos. O coração dele acelerou sob a palma que estava em seu peito.

— Você é meu.

Então os braços dele estavam ao redor dela, enquanto se beijavam, era como se promessas fossem confidenciadas no recanto mais profundo de suas almas. 

Gwyn & Azriel, a Sacerdotisa e o Encantador de Sombras.Where stories live. Discover now