Capítulo 1: Kitsu

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   "Cidade Ranon", uma das cidades povoadas exclusivamente por humanos, dificilmente era visto alguém de outra raça.
   A cidade era enorme, no seu centro se concentravam inúmeras casas de madeira e pedra, e quanto mais se aproximava da fronteira, mais partes da floresta que o cerca começam a aparecer.
   Ao norte, um belo parque circular se estendia por alguns quilômetros de distância. Um rio cortava a vista em duas partes semelhantes, mas podia ser cruzado facilmente por uma ponte de pedras tingida de roxo. E espalhados por todos os lados, árvores de cerca de 30 metros eram vistas até o horizonte.

   O parque estava totalmente vazio, exceto por um jovem garoto humano de cabelos castanhos que caminhava com uma mochila preta nas costas.
   O garoto possuia estatura média, vestia uma blusa de frio azul com faixas pretas, calças bege, e sapatos acinzentados.
   Ele olhava de um lado para o outro, conferindo se realmente não havia ninguém por perto.

   Ao ter total certeza, o mesmo se aproximou de uma jacarandá com folhas verdes, e retirou uma barra de chocolate do tamanho de sua mão da mochila:

(Obs: Jacarandá é um grupo de árvores nativas do Brasil, que apresenta uma copa extensa.)

– Pelos meus poderes, eu ofereço esse barra de gorduras para a raposa que reside nesta árvore!

   Somente o silêncio era ouvido de lá...

– Onde aquele cara se meteu agora? – O garoto falava sozinho

– Que cara?

   O menino se virou no susto, um ser humanóide apareceu pelas suas costas sem fazer o mínimo de som.

   O vivente vestia uma camisa verde de mangas longas, uma calça de lã preta com alguns rasgos na parte de baixo, e calçava sandálias de couro da mesma cor da calça.
   O mesmo usava uma máscara de raposa branca com linhas vermelhas, os seus olhos brilhavam com uma cor esverdeada pelas saídas.
   A sua cabeça era coberta por uma cabeleira negra e bagunçada como se tivesse passado por um tornado, com algumas folhas presas em alguns cantos, e nas laterais era possível ver um par de orelhas pontudas maiores do que de humanos. Era inegável, ele era um elfo.

– Você deveria parar de chegar assim de mansinho – O humano ajeitava o seu corpo.

– Pra que? É divertido fazer isso! E obrigado pelo chocolate. – A voz do elfo era fraca e cansada, como se ele tivesse passado noites em claro.

   O primeiro garoto tateou o corpo em busca de algo:

– Quando foi que você...

– Eu peguei quando você tava no susto.

– Então já se considere pago. Já pode continuar a história, Kitsu?

   O elfo levantava um pouco sua máscara para morder o doce, era possível ver um pequeno corte do lado direito de seu queixo:

– Que história?

– A de como foi a "Queda Élfica"...

– A Queda... Ah! Lembrei do que era!

– Lembrou agora de um evento que matou milhares de sua espécie?

Siiim...?

– Você dormiu nos últimos dias?

– Eu acho que dormi ontem de manhã...

(Obs: Ele não dorme há 4 dias. Falta de sono pode causar falhas na memória. Durmam bem.)

– Na próxima vez, eu vou trazer um remédio pra dormir.

– Não, obrigado. Eu não gosto dos meus sonhos.

A Cruzada do Elfo da TempestadeWhere stories live. Discover now