Capítulo 10: Poder e Segredos

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   A noite dentro do hotel era tranquila.
   As paredes entre os cômodos bloqueavam qualquer tipo de som de ambos os lados, deixando os quartos em um silêncio que facilitava o sono.

   O único que não dormia era Kemono, que corria agitado entre os corredores à procura da fonte de um cheiro de ferro.

   Passando pelos corredores brancos, ele entrou em um que levava a uma porta vermelha, e se deparou com algo que não lhe agradava observar...

– Ah, eae Ken-Ken!

   Arashi estava sentado no chão bebendo água de um cantil com sua mão direita, enquanto seu braço esquerdo, quase sem cor, estava sendo segurado por Trixie, que sugava o seu sangue através de um canudo feito de água.

– Mas que p**** é essa?!

– Um cantil com água. – Respondeu o elfo.

– TÔ FALANDO DO TEU BRAÇO, SEU ELFO IDIOTA!

– Ah, isso é só uma doação de sangue.

– QUE TIPO DE DOAÇÃO VAI PRA BOCA DE UMA PESSOA?!

   Trixie retirou seu canudo do braço do elfo, e começou a se explicar totalmente envergonhada:

– Ah, e-eu só peguei um pouco de s-sangue, foram o que? Uns 100 ml, mais ou menos?

– POR QUE VOCÊ FALA ISSO COMO SE FOSSE UMA COISA NORMAL?! – Todo o cabelo de Ken estava pegando fogo.

   Arashi terminou de beber sua água:

– Calma lá, Ken-Ken!

– PARA DE ME CHAMAR DE "KEN-KEN"!

– Mas é só um apelidinho carinhoso...

– CALA A BOCA E ME RESPONDE!

– Como vou responder com a boca calada?

– SEU...

   Sua raiva exalava calor que queimava por toda sua cabeça até os seus ombros.
   E o mesmo fogo ameaçador ativou o detector de incêndio, que começou a irrigar todo o corredor enquanto tocava o alarme.

   O fogo em suas costas começou a se apagar ao mesmo tempo que Kemono encarava os dois, em seu completo e silencioso desdém com a situação:

– Arashi. Dormir. Agora.

   Um calafrio percorreu o corpo do elfo, que decidiu seguir seu colega sem questionar.

   Trixie se despediu de seu novo amigo, e caminhou sorridente até a porta vermelha.








– Chega... por favor...

   Atrás da porta vermelha estava o escritório do gerente, uma sala escura e com somente uma mesa e cadeira de madeira no centro.
   Na base da mesa, um homem de meia idade com cabelos grisalhos sangrava amarrado por correntes de ferro.

   Trixie saltitava em sua direção com um sorriso no rosto:

– Ah, velhote! Você não vai acreditar no que aconteceu hoje!

   O homem caía no chão enquanto implorava:

– Por favor... você já fez tudo o que queria fazer... Por que não me deixa sair...?

   Trixie levantou o corpo caído apoiando suas costas na mesa:

– Ah... Mas nós nem começamos a diversão direito!

– Não... P-por favor, pare...

   Trixie moldou pequenas agulhas e bisturis em suas mãos com água, e riu:

A Cruzada do Elfo da TempestadeOnde histórias criam vida. Descubra agora