Conhecendo

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Lembrando que a história original está no perfil: whyjaurelesba

Boa letura.

***

Mais um dia chegava ao fim depois de uma longa jornada de turno duplo no hospital. Não que estivesse reclamando. Trabalhar em hospitais era a minha vida. Tinha sido assim desde que começara a fazer residência há quase quinze anos. Mas turno duplo sempre me deixava um completo bagaço e eu não via a hora de cair da minha cama e dormir até o dia seguinte.

Estava anoitecendo quando finalmente cheguei à minha casa, e estacionei meu carro na garagem. Respirei fundo antes de descer do veículo, sentindo meus músculos tensos pelo cansaço.

- Seja bem vinda de volta, Dra. Passos - A voz de Liz me fez interromper o movimento de pegar minha pasta do banco de trás do veículo, e eu me voltei, vendo-a parada à porta que separava a garagem do resto da casa.

Aquela era uma rotina comum para as minhas voltas do trabalho. Liz sempre ouvia quando eu chegava e vinha até a garagem, me ajudava a tirar o pesado casaco que precisava usar por causa do frio constante da cidade, e depois, quando entrávamos, me servia uma dose de uísque. Hoje não foi diferente, apesar de sua expressão estar um tanto nervosa.

- Olá, Liz. Está tudo bem?

- Victor voltou - ela falou apenas, como se explicasse tudo. E realmente explicava

Meu filho era sinônimo de problema. Sempre fora assim, até mesmo quando ele ainda morava com a minha ex esposa. E depois que ela morrera em um acidente de carro e tivera que morar comigo, as coisas pareceram piorar. Nós raramente parávamos para conversar por mais de cinco minutos sem acabar com um dos dois saindo do ambiente aos gritos. Sabia que não era fácil para ele se mudar para um lugar completamente estranho, então, depois de uma tentativa falha para que ele começasse a estudar na escola aqui, eu deixei que ele continuasse na sua antiga escola, morando com a avó materna.

Victor me visitava apenas nas férias ou em feriados prolongados, e eu sabia que ele só continuava fazendo isso porque tinha sido a condição que eu lhe dera para que ele continuasse recebendo a mesada excedente que depositava na sua poupança todo mês. Josh podia ser um jovem difícil de lidar, mas eu o amava. Era o meu único filho, afinal.

- Pensei que ele só chegaria no final da semana que vem - comentei olhando ao redor e estranhei a ausência do seu carro. - Onde ele está?

- Saiu às pressas há cerca de duas horas, mas...

- O quê? - insisti quando ela não continuou e olhou para o meu casaco em seus braços, como se evitasse o meu olhar.

- Victor não veio sozinho - ela falou por fim, voltando a me encarar. - Trouxe uma garota com ele, mas deixou-a sozinha quando saiu. Tentei colocar algum juízo na cabeça dele, dizendo que ele não podia simplesmente sair assim e deixar a namorada, mas não teve jeito.

- Espere... Você disse namorada? - perguntei espantada e ela apenas assentiu. - E onde ela está?

- Na sala - ela falou, apontando para o interior da casa.

Respirei fundo mais uma vez, lhe entregando a minha pasta com documentos que eu precisava assinar ainda aquela noite e mandar de volta para o hospital via fax, antes de entrar na casa, rumando direto para a sala, mas parei no meio do caminho.

- Como é o nome dela? - perguntei, me voltando para Liz de repente, que vinha atrás de mim e quase se chocou contra o meu corpo.

- Carolina - ela respondeu, recuando um passo. - Carolina Voltan.

Repeti aquele nome duas vezes na minha mente para memorizar e continuei o caminho, me surpreendendo pela figura que encontrei sentada no sofá da sala.

𝗗𝗼𝗰𝗲 𝗣𝗲𝗰𝗮𝗱𝗼 - G!PWhere stories live. Discover now