VENDO O MUNDO GIRAR DO LADO DE FORA

Capítulo 1 - Quem você vê?

''Era uma vez... Por que as histórias sempre começam assim? Geralmente o final é feliz, mas e se este final não for? Como começaria esta história?

Engraçado como o mundo muda constantemente e você acha que não está mudando junto. Não se engane, pois, você está! Você acha que sua mudança é tão insignificante perto dos outros que, você simplesmente, deixa essas mudanças passarem despercebidas.

Pare por um momento e olhe para si através do espelho, quem você vê?

Vejo um cara de olhos castanhos e cabelo ondulado da cor do café com leite, com as madeixas um tanto quanto rebeldes. Um cara com uma estatura mediana e com algumas espinhas, tentando de alguma forma ser descolado e interessante para os outros nas redes sociais. E a todo momento tentando ser válido e importante. Tentando ser inteligente e gritando desesperadamente através dos próprios postes que ''você tem que respeitar quem sou''. Estou tentando... Tentando muito... E continuo tentando, mesmo a vida batendo na minha cara e me dizendo ''PARE!''.

Mas que fracasso!

Hoje, sentado aqui através da janela do sótão, com algumas cadeiras e caixas empoeiradas, refletindo sobre algumas coisas, resolvi escrever um pouco. Como de praxe, coloquei aquela música triste, para me ajudar nesse processo, apesar de eu não precisar de músicas para me sentir assim e, além disso, eu sei o quanto isso é meio clichê! 

Já tentei colocar na cabeça e me convencer diversas vezes de que o colorido é mais bonito, mas não sei por quê, de alguma forma vejo uma beleza extremamente extraordinária no preto e branco.

Acho que estou quebrado!

Tenho minha própria visão sobre como a vida funciona e falar disso com os outros é tão desesperador que prefiro guardar em meus pensamentos. Acredito que todo mundo precisa de ajuda e todo mundo precisa falar de si em algum momento, mas todo mundo não sabe ouvir! E é por isso que prefiro lidar com meus próprios fantasmas e demônios, mesmo não conseguindo vencer a luta contra eles a todo tempo. 

Achei que quanto mais velho eu fosse, mais fácil seria de organizar meus pensamentos, mas caramba! É tão difícil quanto imaginei. Isto tem se tornado uma tarefa difícil. Perdi meu pai cedo demais e acho que isso afetou um pouco, meus sentimentos e pensamentos. Quando paro para refletir sobre tudo, é como se eu estivesse lá no espaço vendo a terra girar.

Lembrando sempre dele, eu olho para o céu e me pergunto, como é morrer? Dizem que quando isso acontece, é quando você descansa. Converso com meu pai todos os dias, sempre questionando a ele como é descansar eternamente. E Imaginar que ele descansou, traz uma paz na morte para mim.''

*Alguém chama na cozinha.*

— Filha, desce... a Lena está te esperando! — Dizia a mãe de Harvey.

A mãe de Harvey não conseguia compreender toda aquela transformação, mas aquela situação, para Harvey, era bem pior! Trazia uma sensação de raiva e desespero por algum alívio imediatamente e talvez seja por isso que ele se sentia tão bem quando se tratava de "morrer".

Harvey, descendo as escadas bufando e com o rosto avermelhado de vergonha, cumprimentava Lena, sua amiga.

— Oi, Lena. Vamos! — Dizia pegando sua bolsa na entrada.
— Não vai me dizer um "tchau mãe, te vejo mais tarde" -. Dizia a mãe de Harvey com um sorriso amarelado no rosto.

Harvey simplesmente virando as costas sem dizer uma palavra, ouvia somente Lena se despedir.

— Tchau! Sr.ª Mackin.

Ao caminho da escola, Lena questionava o porquê Harvey tratava a mãe dele daquele jeito.

— Você deveria dar mais valor a sua mãe, Harvey. Ela está tentando compreender tudo isso. — Dizia Lena, tentando dar algum sentido ao que dizia para Harvey.