5 • Aquele com o amarelo e amizades.

1K 158 45
                                    


− Quem poderia imaginar que a poesia pode afugentar o amor?

− Pensei que a poesia fosse o alimento do amor.

− De um amor que seja verdadeiro. Mas se é apenas uma vaga inclinação, estou convencida de que um péssimo soneto acaba com tudo.

− Pride & prejudice, Jane Austen.

#IndigenteEnxerido
🎐

Jimin.

Dizem que a infância é a terra dos sonhos, onde usamos nossa imaginação e criatividade que nos faz capaz de fugir de momentos ruins. Somos capazes de fazer tudo e nada ao mesmo tempo, sonhando acordados e, infelizmente, querendo crescer cada vez mais.

Crescer. Algumas vezes eu ouvi de meus pais que seria algo bom: a liberdade viria com o tempo, juntamente com experiências novas que iriam fazer meu coração vibrar com todas as novidades que vinham em conjunto com dígitos que cresciam, apontando que você estava velho e cada vez mais perto de ser livre como pensava, enquanto brincava na rua com o pôr do sol enfeitando o céu, ainda com nove ou dez anos de idade.

Minha felicidade cresceu quando assisti a uma apresentação de dança em um teatro pela primeira vez. Hipnotizado, prestava atenção em cada mínimo detalhe dos passos que os bailarinos davam. Passei a amar a dança, tomando ela como uma das prioridades na minha vida.

Lembro-me de cada aventura que vivi quando criança. Passa pela minha mente quanto esforço foi colocado na minha segurança e no cuidado dos meus progenitores, nunca deixando que eu me encontrasse preso de nenhuma forma. Eles me queriam vivendo toda e qualquer sensação que eu pudesse sentir, até mesmo as ruins. Meus joelhos ralados são a prova. E quando sangrava, eu podia sentir a dor.

A lembrança me invade fortemente, ainda com as palavras da minha mãe em minha mente.

— Sei que dói, meu pequeno, mas uma hora a dor vai passar. O que a mamãe sempre diz? — Respirei fundo, ainda sentindo suas mãos delicadas limparem meu braço que sangrava um pouco com os arranhões de uma queda de bicicleta.

— Nenhuma dor é pra sempre. — Respondi, olhando em seus olhos.

— Lembre-se sempre disso, minie.

E eu sorri, com a sua fala acompanhada daquele sorriso que eu tanto admirava, aliviado por estar sendo cuidado.

E eu tentei.

Tentei lembrar, a todo momento, dessa mesma frase. Porque, ao contrário do que eu achava em minha mente ingênua, nem tudo se tornou mais fácil quando os dígitos aumentaram e eu comecei a ficar velho.
Às vezes, eu sentava na cama no final da tarde, abraçando minhas pernas em busca de algum conforto enquanto via mais um dia se esvair entre as árvores, das quais eu tinha visão do meu quarto, e imaginava que talvez a culpa fosse, afinal, minha, por me sentir tão perdido em minhas próprias ações, em meu coração e em meus pensamentos.

Quando completei quatorze anos, certas coisas começaram a mudar em minha mente, mas eu me sentia genuinamente feliz com o fato de estar indo bem na escola, ter meus amigos e pais comigo, mesmo que a vida não fosse apenas coisas boas, como eu de fato havia imaginado. Lembro de ir em passeios e conhecer pessoas novas, lugares novos, crescendo a minha vontade de viver todas as experiências que esse mundo tão fadado poderia me dar e acumular as melhores histórias para contar para os dois coroas quando chegasse em casa ou, até mesmo para sobrinhos futuros, já que eu planejava ser o tio rico e legal.

Decalcomanie / •jikookWo Geschichten leben. Entdecke jetzt