V.39

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Olhando agora, fixando seus olhos azuis em todos eles reunidos, nenhum se parecia humano de verdade, suas faces estavam mudadas pela artística maquiagem e as roupas extravagantes demonstrando o mínimo do que era viver na vida de fartura da capital do lado norte. Niall via agora como Zayn e Liam costumavam se vestir no local onde exerciam seu completo poder, mostravam o quanto era inalcançáveis, mas, mesmo assim, "dispostos" a serem bondosos e humildes. Ele enxergava, agora, o quanto Zayn tentava demonstrar sua aparência ameaçadora e Liam parecia brilhar com tanto dourado jogado em sua face.

 Zayn era sedutor, porém perigoso como uma serpente, ele era como uma pequena fruta tropical, disposta em um lugar a vista, mas que com certeza te mataria na primeira mordida. Seu torso de cor marrom estava exposto pela blusa que chegava um pouco abaixo de seu peito, ele pintara sua pele com os ramos em dourado enquanto uma pequena joia balançava presa ao seu umbigo, seus braços expostos, pintados com a mesma tinta, brincavam com os inúmeros brincos presos em suas orelhas, ainda haviam mais duas joias em seu nariz. Todavia o melhor nem sequer era isso, a maquiagem de Zayn, a sombra da cor preta jogada em seus olhos enquanto a ponta de seu nariz brilhava iluminada, as proeminências de suas bochechas manchadas com o mesmo tom - o qual nem sequer beirava o dourado forte da pele de Liam -, os cílios negros realçados raspando em suas bochechas quando ele abaixava o olhar e por fim, para ajudar na sua aparência completamente tentadora, seus lábios estavam brilhantes, escurecidos com um pouco de marrom, mas não o suficiente para se parecer com um batom de verdade. Ele estava incrível. 

Já Liam estavam brilhando em dourado. As pontas de seus dedos, seu rosto e toda a parte de sua barriga exposta pela blusa repleta de babados branca, ele usava um colar que descia até o centro de seu peito e seus dedos estavam repletos de anéis em cada uma das juntas. Quanto mais você descia o olhar mais perigoso se tornava. Liam irradiava vida por cada um de seus poros, ele parecia uma chama, brilhante. Ele se assemelhava com o fogo da pequena fogueira que mantinha Niall aquecido quando ele não tinha coragem de voltar para casa de mãos vazias no meio de um inverno tenebroso. Liam tinha as sobrancelhas pintadas de branco, assim como seu cabelo havia sido clareado, pequenos ramos brincavam ao longo de seu rosto e se misturavam com as pequenas e rebeldes listras negras de suas tatuagens que ousavam despontar em meio a todo aquele brilho lancinante. Liam tinha pequenas manchas em seu corpo, manchas que Niall não entendeu, mas de alguma forma estavam realçadas pelo traje, elas não possuíam textura, mas eram levemente proeminentes de sua pele bronzeada e, agora, dourada. Ele era a essência do povo de ouro, ele interpretava as histórias iniciais de quando os colonizadores pensavam que as crianças douradas eram uma benção e não um último grito de vingança de tribos nativas, que foram derrotadas, mas deixaram uma mancha que nem sequer séculos de tratamento foram capazes de apagar. Liam trazia consigo vida, cultura e toda aquela força e coragem, ele era um guerreiro em cada segundo, ele sobrevivia e mesmo que sua natureza fosse calma, ele ainda era atraído pela guerra, e isso não passava despercebido por ninguém. 

E por fim, Niall brilhava também, com maquiagem e leveza, seus cílios estavam juntos de uma forma maluca para si, mas que, pelas mãos de Zayn, se tornaram algo realmente bonito. Ele trazia tatuagens em seu corpo, assim como as de Zayn, e o brilho de Liam, ele esbanjava beleza e qualquer um naquela festa, minutos mais tarde, não deixou de reparar na figura angelical no meio daqueles homens. Nenhuma pessoa, seja macho ou fêmea, naquela festa deixou de pensar, se ao menos por um segundo, como seria poder tocar com os próprios dedos a extensão daquela pele leitosa. Niall não representava a extravagancia e cultura do norte, não tinha se tornado uma forma da corte de Zayn e Liam, uma personificação do que a riqueza poderia causar, Liam e Zayn perceberam que eles não criaram a forma de Niall, eles nem sequer seriam capazes disso, Niall tinha se tornado algo próprio, algo diferente, algo totalmente dele que, de uma forma ou de outra, encarnava o que eram os sentidos humanos de sua forma pura. Niall aflorava e era a avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba. Ele era todos esses sentimentos em sua forma mais natural. Naquele momento ele era a raiz da criação, e também tinha uma dimensão grandiosa. 

por todos os tons de laranja | niziamWhere stories live. Discover now