𝐈

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| 𝐏𝐇𝐘𝐒𝐈𝐂𝐔𝐒 |

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ʏᴜʀɪᴋᴏ:

Mudanças são necessárias. Podem ser assustadoras ou incômodas, mas inevitáveis, e eu tive que me mudar.  Três semanas, esse era o tempo que estava em Tóquio. Um mês atrás havia sido transferida de Nagoya direto para Tóquio. Uma semana para me preparar. Viver em Tóquio é… barulhento. Não que Nagoya não seja, mas nada comparada a Tóquio.

Precisava de um descanso, não do trabalho, trabalhar em si não é cansativo, o barulho é. Abri a porta de minha sala e caminhei pelos corredores, hora ou outra cumprimentava algum funcionário. Chegando no elevador, apertei para o último andar onde, só então, subi as escadas para o terraço. Assim que cheguei no local, uma leve brisa atingiu meu rosto, dei um leve sorriso satisfeito. Andei até o pequeno muro ao redor do terraço, olhando para baixo. Não era tão alto, quanto andares tinha mesmo…? 10? Algo próximo disso, deve ser.

Novamente, abeixei meu olhar. As ruas estavam cheias, como sempre. Era quase a mesma vista, cabelos lisos, geralmente pretos ou castanho, de vez em quando encontrava algum loiro ou ruivo, raramente, uma cor mais exótica, verde, por exemplo, por isso, encontrar uma cabeleira branca me chamou a atenção. Cabelos brancos não chamam exatamente atenção, o resto em si que sim. Era um homem alto, muito alto, dava para ver a diferença entre ele e o resto.

— 190? — murmurei, chutando sua altura.

Parecia jovem, o que contradizia com a cor de seus cabelos. Estava usando uma máscara, o que seria comum, caso estivesse em sua boca ao invés dos olhos.

— Cego…? — soltei um palpite no ar e dei de ombros, descartando a ideia.

Desviei o olhar para frente, para então apoiar meu pesos em meus braços e os impulsionar me elevando alguns centímetros do chão, aproveitei a deixa para passar uma das minhas pernas pelo muro, logo em seguida a outra. Me sentei, fechei os olhos e respirei fundo sentindo a brisa bater em meu rosto e balançar meus cabelos. Quando olhei para baixo de novo, me decepcionei, não encontrei a cabeleira branca.

— Ora, ora, uma jovenzinha prestes a pular. — uma voz despojada soa atrás de mim.

Meus ombros se erguem no susto e olho para trás. Alto, cabelos brancos, marcará nos olhos. Era ele. Estava a poucos passos de mim.

— Você não estava lá em baixo? — pergunto, inclinando levemente a cabeça para o lado.

— Você não ia pular? — responde com outra pergunta.

— Não. — respondi simplesmente — Por que? — franzi o cenho.

— Hm? — parecia surpreso — Então por que você tá sentada aí com toda essa aura melancólica? — agora ele quem inclina a cabeça.

Olhei para o muro embaixo de mim, depois, ao meu redor.

— Eu só vim pelo silêncio. Me sentei no muro pela brisa. — parecendo combinado, uma leve brisa sopra — Aura melancólica? — perguntei, sem entender.

O outro me fitou por alguns segundos – ou pareceu fitar, não dava para perceber com a máscara – e então começou a rir.

— Pela brisa? — perguntou divertido. Concordei com a cabeça, e ele voltou a rir — Entendo… — comentou e andou em mim direção, segui ele com os olhos até que, em um pulo, parou sentado ao meu lado.

— Isso foi perigoso. — digo, vendo a forma que usou para sentar.

— Nha. — deu de ombros e tirou algo de uma sacola que, até então não havia percebido a presença — Dangos? — ofereceu, estendendo o citado.

Contive uma careta e neguei com a cabeça.

— Não, obrigada.

O outro deu de ombros, enfiando uma parte do palito com o doce na boca.

— Como chegou aqui? — pergunto atraindo sua atenção — Você estava lá em baixo. — indico com a cabeça.

— Hm… — fingiu estar pensativo — Segredo. — colocou o dedo indicador em frente aos lábios sorrindo brincalhão.

— Esse segredo vai ser descoberto se eu olhar nas câmeras do prédio? — ergui uma sombrancelha.

— E quem disse que eu estive dentro do prédio? — retrucou, despertando mais ainda minha curiosidade. Antes que sequer pudesse falar algo, ele pareceu ter lembrado de algo — Opa! Olha a hora. — disse, saindo do muro e voltando ao chão — Tchau, tchau. — se virou para ir embora. O segui com o olhar até ele passar pela porta da escada.

— Suspeito… — murmuro, tentando entender como ele chegou aqui tão rápido.

Olho para o relógio em meu pulso, precisava voltar a minha sala. Suspiro passando uma perna de cada vez pelo muro e o descendo voltando em segurança para o chão do terraço. Coloquei as mãos no bolso do casaco que claramente estava grande para mim – mas gostava assim – e segui o mesmo caminho que o outro fizera a pouco.

No meu horário de saída, juntei minhas coisas as pondo em minha mochila e fiz questão de passar na segurança. Eles me reconheceram e fizeram uma troca, enquanto eles saíam para buscar algo para comer, eu podia olhar as câmeras.

Dei uma olhada rápida, mas quando não achei nada, fiz questão de olhar câmera por câmera. Nada. O homem de antes não passou por lugar nenhum. Nenhuma sala, corredor, escada, nada. Nem na hora que chegou, nem quando saiu. Pensei em deixar o assunto quieto, mas então lembrei de algo, haviam câmeras no terraço.

Passei o horário até chegar onde queria. Não havia nada, e então, ele. Arregalei levemente os olhos e voltei a filmagem. Nada… nada… nada, e… ele! Neguei com a cabeça, não tinha como. Olhei a contagem, a filmagem deveria de ter cortado. 1… 2… 3… 57… 58… 59… 60! Não havia corte, então como ele surgiu do nada de um segundo para outro? Olhei as câmeras na entrada do terraço, tinha certeza que o vi entrar no prédio, então não havia motivo para ele não aparecer nas outras câmeras.

Estava certa, não havia motivos. Como haveria motivos se o homem desapareceu assim como apareceu? Assim que a porta fechou, o homem desapareceu.

— Alucinação? — cogito, mas descarto logo em seguida — Uma alucinação não seria captada pelas câmeras.

Pondero por alguns segundos, os seguranças provavelmente já estavam voltando. Queria saber mais, precisava saber mais e não queria que outros soubessem. Apanhei um pendrive de dentro da mochila e passei uma cópia dos arquivos das filmagens. Já terminado, apaguei os poucos segundos de filmagem onde o platinado aparecia.

Esperei mais alguns poucos minutos os seguranças voltaram e me despedi logo após agradecer.

— Isso vai ser interessante… — comento olhando o pendrive em minhas mãos.

𝐏𝐇𝐘𝐒𝐈𝐂𝐔𝐒 ━━━  𝐆. 𝐒𝐀𝐓𝐎𝐑𝐔Where stories live. Discover now