17 de Junho de 2016

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Acordar era com certeza, a parte mais estranha de ter apagado e não lembrar como. Ainda que eu forçasse a memória, não conseguia me lembrar de absolutamente nada depois de apagar subitamente.

Sim, eu acordei dois dias depois, mas eu não soube disso na hora.

Somado a lerdeza e estranhamento que eu estava com a saída da inconsciência entrando na consciência, eu não tinha a menor ideia de onde estava.

Puxei o braço esquerdo com força, mas uma dor aguda na mão me fez arrepender disso: tinha uma agulha que conectava a uma bolsa de soro na minha veia. Arranquei e sentei na cama com os pés pra fora.

Isso era muito pior do que acordar normal de manhã. Aqui tudo estava confuso e eu tentava me lembrar qual tinha sido minha última memória.

O acidente do prédio de Dhaka.

Levantei de supetão e andei pra saída — não que tenha feito isso no modo tradicional, era como se eu estivesse bêbado ainda que não tivesse tomado uma gota de álcool —, querendo voltar pra lá, pro lugar do acidente.

Meu Deus, eu precisava ter voltado. Quantas pessoas eu deixei de salvar? Quantas ainda estão esperando ajudaQuantas não estão...

— Hey, Steve, você precisa ficar no soro. — Wanda veio sorrindo como se nada tivesse acontecido, me impedindo de sair.

— Não, eu não preciso disso, eu estou bem. — falei tirando as mãos dela devagar dos meus braços — Eu preciso que voltar, o prédio desabou Wanda I, você não viu, mas o prédio desabou.

— Eu vi, Steve, eu estava . Você precisa se acalmar. — falou, ainda me impedindo, que agora mais forte. Por que ela estava me pedindo calma?

— Wanda, eu preciso ir lá, tem pessoas morrendo, eu preciso ajudar.

— Não, sim, eu entendo, mas os bombeiros estão lá pra isso, não acha?

— Também, mas eles não dão conta sozinhos, quanto mais ajuda, melhor. Wanda, por que você não está me deixando ir? — eu não sabia se tinha sido só impressão, mas ela empalideceu e ficou paralisada por cinco segundos.

— Sam! — chamou e isso só serviu pra me deixar mais nervoso.

— Diz, porque a Natasha tá precisando de... — levantou o olhar e assustou quando me viu, assumindo a mesma postura da outra: esquisita e paralisado — mim.

— Você já soube do acidente? Como chegou até aqui? — ele não me respondeu e trocou olhar com Wanda — Espera, aonde a gente tá?

— Steve...

— Não, Sam, aonde a gente... — comecei a olhar pros lados rapidamente e percebi que conhecia aquele lugar e aquilo me deu raiva, muita raiva.

— Por que vocês me trouxeram pro quinejt? O que quê vocês fizeram?

— Steve, não se desespera. Tudo tem uma razão pra ter acontecido, está tudo sobre controle agora.

— Eu vou chamar a Natasha.

— Wanda! — chamei-a, mas ela já tinha corrido de mim — Eu posso andar, dá licença, Sam.

Diário De Uma PaixãoWhere stories live. Discover now