PARTE 3: A POSSE

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CAPÍTULO 1

Chegando em seu quarto, Seixas sentou-se como um bêbado, angustiado. Após algum tempo sem conseguir sequer se mexer, foi até a penteadeira e ficou fascinado como tudo era fino e luxuoso, mas logo se distanciou, aquilo lhe dava nojo.

Foi até a janela e lá chorou. Era incrível como via em Aurélia, uma beleza fera, e uma admiração pela sua atitude. Nunca mais amaria outra depois de a ter conhecido.

No outro dia de manhã foi escondido até um vendedor de miçangas e comprou um pente e uma escova de dentes. E quando voltou ao quarto, usou as coisas que comprou.

Logo um criado o chamou para o almoço, a pedido da senhora.

CAPÍTULO 2

O almoço era um banquete, Aurélia estava sentada na cabeceira da mesa, e Seixas sentou-se ao seu lado, de frente para D. Firmina. Ao vê-la conversar com a senhora tão esplendorosamente, quase esqueceu da triste posição em que estava.

- Mal almoçou. – disse a moça – Prove dessa lagosta, está deliciosa.

- Ordena?

- Não sabia que as esposas mandavam nos maridos. Em todo caso, eu não usaria do meu poder para coisas tão insignificantes.

- Mostra que é generosa.

- As aparências enganam.

Logo depois disso foram para a sala de conversas, onde ficaram sozinhos em conversas frias, até que o criado os chamou para um lanche.

CAPÍTULO 3

No lanche haviam muitas frutas, mas Seixas disse que estava sem fome.

- Ora, mas para provar frutas não precisa estar com fome, faça como os passarinhos.

Então ele comeu de forma pausada e fria, como uma ação mecânica. Aurélia notando que o marido estava acanhado foi para fora dar algumas sementes aos pássaros, afim de o deixar mais relaxado, mas observou que ele nada fizera além de ficar sentado olhando para as paredes.

Tentou conversar com ele, mas nenhum assunto fluía. Então quando deu três horas ela correu ao toucador com a desculpa de se arrumar para o jantar às cinco. E quando chegou, arrancou o vestido de si, que a sufocava. E Seixas, sozinho, respirava como um homem que havia cumprido árdua tarefa.

Após o jantar foram ao jardim onde caminharam em um silêncio preenchido de poucas palavras, de depois foram a sala com D. Firmina que contou das novidades que todos falavam sobre o casamento.

Assim que ela foi embora Aurélia foi ao marido segurando dois papéis. Um deles branco e um de cor. Deu para o marido esse último e foi para seu quarto.

CAPÍTULO 4

Assim que chegou em seu quarto viu que dentro do envelope havia uma chave, e assim que ergueu o olhar viu uma porta que antes estava tapada por um guarda roupa.

Ele entrou no cômodo elegante e percebeu pelo cheiro que Aurélia havia estado lá.

- Que me quer essa mulher? Não se acha ainda eu, bastante humilhado e abatido?

Com o tempo passando, Seixas voltava a trabalhar, e com muito rigor, por mais que isso fosse uma surpresa, já que não havia necessidade para tal. Aurélia até mesmo perguntou porque tanto trabalhava, e ele disse precisar de quatro contos.

- Pois então seja meu empregado. – respondeu rindo.

- Já sou seu marido. E vou andando até o escritório, é mais saudável.

Resumo Senhora; José de AlencarTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang