— O quê? Sentia gotas de algum líquido muito quente caindo na sua pele?
— Sim, Srta. Mawyee. — responde Hellen limpando o rosto com um lenço. — A pessoa gotejava algo que parecia vela derretida nos meus... e dizia que era só pra me ouvir gemer de dor.
Credo, horrível de verdade. Mas a Hellen disse que isso nem era o pior.
A situação é preocupante.
— O que acham de nos referirmos à essa pessoa como "ele"? Assim fica mais fácil. — Sugere Mike.
Balançamos a cabeça em concordância.
— Aceita mais um copo d'água, Hellen? — pergunta a delegada.
— Não precisa, obrigada. — ela responde.
— Então vamos continuar. — falo. — Como você foi parar nesse lugar? — pergunto.
— Eu estava numa festa, e na hora de ir embora eu chamei um taxi. Logo quando entrei, o motorista parecia estranho, muito quieto e aparentemente com pressa. — diz Hellen. — Eu tinha bebido, então nem me dei conta de que ele estava dirigindo sem saber aonde moro. E quando percebi, já estavam me vendando e tapando minha boca.
— Isso é muito estranho. — diz Maryan.
Acho que minha prima está pensando o mesmo que eu.
— Diga, Maryan. — fala a delegada.
— Se esse "taxista" foi quem levou Hellen até o lugar onde a torturaram de certo modo, ele tinha um carro de táxi, e acesso ao telefone onde os taxistas atendem as ligações de pessoas precisando de locomoção. — diz minha prima.
— Exatamente, e foi justamente essa pessoa que atendeu o telefone, como se já soubesse antes de atender, que seria uma garota na faixa etária alvo desses sequestros que vêm acontecendo. — falo.
— Ei, isso é verdade! Se qualquer outro taxista tivesse atendido a ligação, nada disso teria acontecido, não é? — diz Mike.
— Pode ser certo presumir isso, mas se formos pensar na possibilidade disso ter sido coincidência, não parece tão plausível. — diz a Srta. Mawyee.
Calma, então talvez...
— Ei, Hellen —, falo — pode nos dizer quais são os dois últimos números do telefone que você ligou para chamar o táxi? — pergunto.
— 54. — ela responde.
— O quê!? — exclama a delegada.
Eu sabia.
Olho para minha prima, que aparentemente sabe o porquê de eu ter perguntado isso.— Não entendo... o que tem? — pergunta Hellen sem entender.
— Eu explico. — diz a Delegada. — Todos os locais onde se pede um táxi nessa cidade tem 12 como os dois últimos dígitos do número de telefone.
— Sim, isso significa que você não pediu táxi de um dos lugares onde realmente pode se chamar táxis, Hellen. — diz Maryan.
Sim, a Maryan com certeza sabia.
— Ei, gente — diz Mike, — enquanto falavam, eu estava pesquisando e achei algo interessante.
— Diga. — fala a delegada.
— Existe uma empresa de táxis nova, que só locomove pessoas do sexo feminino, para se sentirem mais seguras no táxi. — diz ele.
— O que que tem? Isso não é bom? — pergunta Hellen.
Me levanto da cadeira em que estava e vou para perto do Mike para ver sua tela do notebook. Já imaginando o que é.
— Não, não é... — falo após olhar. — É horrível.
Eu sabia. Isso é cruel...
— Venham ver os últimos dois dígitos do número de telefone dessa tal empresa... — diz Mike com um semblante desanimado.
A delegada, Maryan, e Hellen se aproximam para olhar o que está na tela.
Então a delegada começa a ler a partir do sexto dígito.
— Sete, Cinco, e... e... quatro...
— Não pode ser. — diz Hellen.
— Isso é tão... tão... — diz Mike — isso é cruel, de verdade.
Eu ainda não acredito que alguém faria algo assim.
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Garota De Gelo (Pausada)
Teen FictionNa verdade, eu não gosto de ser assim. Mas não é minha culpa, e sim do que passei. O desgraçado do meu tio me assediava quando eu era pequena, isso fudeu com a minha infância. Minha única, e melhor amiga; a minha prima, viajou para o Japão há dois...