2.0 CAPÍTULO II (Parte Um)

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— O quê? Sentia gotas de algum líquido muito quente caindo na sua pele?

— Sim, Srta. Mawyee. — responde Hellen limpando o rosto com um lenço. — A pessoa gotejava algo que parecia vela derretida nos meus... e dizia que era só pra me ouvir gemer de dor.

Credo, horrível de verdade. Mas a Hellen disse que isso nem era o pior.

A situação é preocupante.

— O que acham de nos referirmos à essa pessoa como "ele"? Assim fica mais fácil. — Sugere Mike.

Balançamos a cabeça em concordância.

— Aceita mais um copo d'água, Hellen? — pergunta a delegada.

— Não precisa, obrigada. — ela responde.

— Então vamos continuar. — falo. — Como você foi parar nesse lugar? — pergunto.

— Eu estava numa festa, e na hora de ir embora eu chamei um taxi. Logo quando entrei, o motorista parecia estranho, muito quieto e aparentemente com pressa. — diz Hellen. — Eu tinha bebido, então nem me dei conta de que ele estava dirigindo sem saber aonde moro. E quando percebi, já estavam me vendando e tapando minha boca.

— Isso é muito estranho. — diz Maryan.

Acho que minha prima está pensando o mesmo que eu.

— Diga, Maryan. — fala a delegada.

— Se esse "taxista" foi quem levou Hellen até o lugar onde a torturaram de certo modo, ele tinha um carro de táxi, e acesso ao telefone onde os taxistas atendem as ligações de pessoas precisando de locomoção. — diz minha prima.

— Exatamente, e foi justamente essa pessoa que atendeu o telefone, como se já soubesse antes de atender, que seria uma garota na faixa etária alvo desses sequestros que vêm acontecendo. — falo.

— Ei, isso é verdade! Se qualquer outro taxista tivesse atendido a ligação, nada disso teria acontecido, não é? — diz Mike.

— Pode ser certo presumir isso, mas se formos pensar na possibilidade disso ter sido coincidência, não parece tão plausível. — diz a Srta. Mawyee.

Calma, então talvez...

— Ei, Hellen —, falo — pode nos dizer quais são os dois últimos números do telefone que você ligou para chamar o táxi? — pergunto.

— 54. — ela responde.

— O quê!? — exclama a delegada.

Eu sabia.
Olho para minha prima, que aparentemente sabe o porquê de eu ter perguntado isso.

— Não entendo... o que tem? — pergunta Hellen sem entender.

— Eu explico. — diz a Delegada. — Todos os locais onde se pede um táxi nessa cidade tem 12 como os dois últimos dígitos do número de telefone.

— Sim, isso significa que você não pediu táxi de um dos lugares onde realmente pode se chamar táxis, Hellen. — diz Maryan.

Sim, a Maryan com certeza sabia.

— Ei, gente — diz Mike, — enquanto falavam, eu estava pesquisando e achei algo interessante.

— Diga. — fala a delegada.

— Existe uma empresa de táxis nova, que só locomove pessoas do sexo feminino, para se sentirem mais seguras no táxi. — diz ele.

— O que que tem? Isso não é bom? — pergunta Hellen.

Me levanto da cadeira em que estava e vou para perto do Mike para ver sua tela do notebook. Já imaginando o que é.

— Não, não é... — falo após olhar. — É horrível.

Eu sabia. Isso é cruel...

— Venham ver os últimos dois dígitos do número de telefone dessa tal empresa... — diz Mike com um semblante desanimado.

A delegada, Maryan, e Hellen se aproximam para olhar o que está na tela.

Então a delegada começa a ler a partir do sexto dígito.

— Sete, Cinco, e... e... quatro...

— Não pode ser. — diz Hellen.

— Isso é tão... tão... — diz Mike — isso é cruel, de verdade.

Eu ainda não acredito que alguém faria algo assim.

Garota De Gelo (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora