35 | Complicado

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Eric Alves

 Depois de ser praticamente rejeitado por ela, subi correndo para o meu quarto, precisava de um tempo sozinho, para pensar.

 Me sentei na beira da cama e busquei pelo meu celular, precisava ouvir uma música, mas isso não foi possível assim que ouvi batidas na porta.

 Achando que era ela, decidi não abrir, mas quando a voz que eu ouvi atrás daquela porta não era a dela, decidi deixar entrar.

Lívia.

 Ela era nossa amiga, sempre tentava manter as coisas equilibradas entre nós, ela era basicamente a nossa confidente.

— O que foi aquilo? — Perguntou, e sua expressão era confusa.

— Você não viu? — Respondi, meu tom soou bravo e logo me arrependi por isso.

— Calma, Eric. — Disse. — Não precisa descontar em mim.

— Desculpa.

 Ela me fitou por alguns minutos, parecendo buscar respostas.

— Tudo bem, te entendo. — Falou, e se sentou na beira da cama ao meu lado, e passou uma de suas mãos no meu ombro.

— Não entendo ela, Lívia. — Falei, e voltei a encarar o chão, minha cabeça não estava boa para processar o que estava acontecendo.

 Eu estou errado? Em querer a pessoa que eu amo.

— Vocês precisam entrar em um consenso. — Disse ela.

— Eu já tentei, milhares de vezes. — Contei. — Ela foge do assunto, e eu sempre cedo aos caprichos dela.

 Naquele momento percebi que os meus olhos já estavam molhados, minha visão já embaçava e uma lágrima ameaçou cair. Rapidamente passei um braço nos meus olhos para tirar aquela impressão.

 Não irei derramar lágrimas por uma pessoa que não tem coragem para enfrentar os obstáculos de um relacionamento.

 Lívia percebeu meu desconforto e levantou-se para ficar na minha frente.

— Levanta essa cabeça e se expressa. — Falou, e sua voz soou firme.

— Você acha que eu não já fiz isso? — Respondi, e em seguida me levantei para encarar a grande janela que tinha no meu quarto. — Eu a amo.

 Ao ouvir essas palavras, ela se aproximou e encostou sua mão no meu ombro, tentando me consolar, mas não estava adiantando.

Eu estava cansado.

— Ela sabe? — Perguntou.

— Sim, eu disse já faz um tempo. — Confessei, e seu olhos pareceram encarar a mesma direção que eu.

— Então, por que vocês não resolvem isso.

— Ela não retribuiu, se é o que pensa. — Respondi, e logo em seguida me afastei da janela e voltei a encarar o meu celular, pois eu estava tentando falar com a minha mãe há dias e ela não retornava.

— Ela tem dificuldades para se expressar. — Contou. — Mas eu acredito que ela sinta o mesmo.

 Depois que ouvi isso, a encarei pela primeira vez naquele quarto, no meio daquela conversa.

— Eu quero que ela me olhe nos olhos e seja sincera. — Falei, e em seguida me aproximei do guarda roupa para procurar meus fones de ouvido.

 Para falar a verdade eu já estava farto daquela conversa, eu sei que ela estava tentando me ajudar, mas a Mariana tinha que entender que eu a amava de verdade e queria ficar com ela independente da aprovação dos nossos pais.

— Eu entendo.

— Obrigado, Lívia. — Agradeci, e lhe puxei para um abraço.

 Por um momento aquele abraço me confortou, ela era minha amiga e sempre que podia me dava conselhos, até mesmo como lidar com a Mariana.

— Eu já vou descer.

— Tudo bem.

— Vocês precisam conversar, civilizadamente.

 Essas foram suas últimas palavras antes de se direcionar até a porta e sair, me deixando sozinho no quarto. De uma coisa ela tinha razão, eu precisava conversar sério com a Mariana. Seja lá o que essa conversar der, vou precisar ter forças para encarar a realidade.

 Mariana era mimada e acostumada a ter tudo o que queria na hora que bem entendesse, e bendita hora em que a ajudei quando a mesma estava bêbada, por que foi naquele dia que tudo começou.

 Bendita hora em que ela foi parar na minha cama, eu poderia ter resistido, mas fui fraco, me deixei levar pelos seus encantos e agora aqui estou eu.

Apaixonado.

 Tudo isso por que não consegui resistir, aquela beleza natural e seu jeito marrento de ser.

 Ela invadiu meu coração de um jeito que nenhuma garota conseguiu. Ela devia se sentir honrada em estar comigo.

 Eu a amo e ela sabia, por que ela ainda hesitava nas nossas escolhas. Ela tinha um medo muito grande da sua mãe descobrir, não entendia por que.

 Não sei muito sobre ela, a mesma nunca se interessou em se abriu comigo, sobre a sua vida antes de se mudar para Nova Orleans.

 Segundo meu pai, a Yara não veio para cá com a filha. Ele também não sabia de muita coisa, só que a sua esposa tinha uma irmã e uma sobrinha, um ano mais nova que a Mari na Alemanha.

 Não procurei invadir sua vida assim, pois eu queria que ela mesma me contasse sobre seu passado, até isso para ela era complicado.

 Eu estava disposto a conversar com ela, e definir o nosso status, eu sei que prometi não pressionar, mas não era a primeira vez que a mesma me rejeitava na frente dos nossos pais.

 Eu entendo que antes, nós ainda não tínhamos definido nada, mas agora existe sentimento, e eu não aguento mais esconder isso, eu a quero.

Espero deixar isso bem claro em nossa conversa.

Continua...

Continua

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Beijos e até o próximo capítulo...

A. F. D. M. M (Reescrevendo)Where stories live. Discover now