Blueberry [ Kth+Jjk ]

Torta de Limão e Caffé Macchiato

O meu corpo parecia estar pesando milhões de toneladas, lutei para abrir os olhos minimamente observando a claridade, fechei novamente. O cheiro de limpeza do hospital inundava o meu nariz que já era sensível. Olhei ao redor vendo que estava em uma espécie de enfermaria, deitado em uma maca com um forro verde água. Fiz menção de levantar, porém parei quando escutei uma voz rouca e um pouco chorosa. 

— Jimin, você sabe como o prêmio é importante para mim! Meus pais estão se matando em trabalhos informais e os lanches que eu vendo não estão pagando nem metade da dívida da padaria, estou em desespero! — Escutei a voz do Taehyung, atrás de uma cortina branca. Pelas pisadas ele com certeza estava andando enquanto conversava. Voltei a deitar e fechar os olhos. 

— Eu sei Jimin, se o professor não permitir que eu participe desse concurso, será definitivamente o meu fim. — Ele parou um pouco para escutar o que o outro dizia — Já te disse que a minha avó está pensando em vender a fazenda para pagar? Eu não posso deixar isso acontecer, aquilo ali é a vida dela! 

— Eu não posso pedir para o Jungkook não  dizer para o professor que passou mal por outra coisa a não ser a minha comida, pois ele estava cem por cento bem antes de comer. Não, se tem uma coisa que meus pais me ensinaram é ser honesto e não corrupto, irei arcar com as minhas responsabilidades! 

Sentir o baque da sinceridade dele de longe, além das inúmeras dificuldades que o mais velho passa. Meus pais também nunca me ensinaram a ser corrupto e sim um garoto honesto e bondoso, a minha mãe me dizia para dividir o meu lanche com as crianças na escola, sempre colocando um a mais.

Só queria que ele não participasse do concurso, queria colocar uma placa no restaurante do meu pai assim como orgulhar ele de todos os ensinamentos que a mamãe ditou, os temperos feitos em união ao fim da tarde. Lembrar dela dói a minha alma, pois ela nunca me ensinou trapacear em provas e sim para me esforçar colocando a essência que só o Jeon Jungkook possui.

Quero o dinheiro, abrir meu próprio restaurante e me desprender das garras do meu pai. Mesmo que ele diga o tempo inteiro que tudo dele é meu, não quero depender apenas disso. No entanto, a família do Taehyung possui uma dívida, essa ao qual pelo pouco que escutei é alta para ele estar se esforçando em absolutamente tudo, até a vender o pouco que tem para ajudar. 

Respirei fundo, ainda com uma certa dificuldade. Tentando regular a respiração para o Kim não perceber que eu já estava acordado, ouvi claramente quando ele se despediu alegando que daria um jeito na situação, sem precisar vender a fazenda da avó. 

As mãos quentinhas e fina, contornaram a minha em um aperto singelo, como se quisesse transmitir um pequeno conforto. Abrir os olhos devagar, observando Taehyung com a testa encostada no mesmo lugar que estavam as nossas mãos. Não sabia o que levou o mais velho a fazer isso, talvez seja algo bizarro de caipira. 

— Pode soltar a minha mão? — pedir baixinho, o ambiente estava silencioso dando para ele escutar rapidamente. Me arrependi no mesmo instante, quando o acinzentado levantou assustado e soltou. 

— Eu… Me desculpa, achava que você estava dormindo. — Seu rosto estava corando em tons de vermelho, passou as mãos sobre os cabelos cinza afastando-os da testa — Você está melhor? 

A voz carregava preocupação, seus olhos cor avelã pareciam enxergar os mínimos detalhes desde o meu rosto até o braço, que estava ligado a um soro. 

— Já estive em melhores condições, o que aconteceu? — perguntei, tentando me sentar. Taehyung fez menção para me ajudar, porém me esquivei, me sentando sozinho. 

— Assim que você terminou de comer desmaiou, fora que estava soando frio — Murmurou, sua voz não soando nada parecido como falava com o Jimin. Parecia acanhado e um pouco nervoso.