Quarto.

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Lua

🌙

Eu sou um burro. Em que momento eu pensei que quando voltasse, iria ser recebido por beijos e abraços? Ele estava completamente certo em me odiar, eu iria fazer o mesmo se ele tivesse feito o mesmo que eu.

Eu sabia que ele me odiava, deveria ter confiado em minha consciência e no que ela me disse. Passei toda a viagem até Busan pensando em como falar com ele, mas eu só fiz olhar para ele como um idiota, parecia até cena de filme. Observei sua feição de choque e suas costas vendo-lhe se distanciar;

Não consegui sequer dizer um oi. Isso foi vergonhoso em tantos níveis... eu não consigo parar de imaginar como seria se eu não tivesse ido embora, como sempre, eu sou o erro.

Sabe, talvez estivessemos namorando, ou iriamos continuar como amigos. Eu não tenho como Adivinhar, agi por impulso e perdi meu garoto - igual eu acho que perdi o direito de chama-lo de meu -.

Agora, estou sentado na recepção de uma portaria, na mesma que reencontrei ele. Nosso reencontro não foi do tipo que eu planejei, eu imaginava que tivesse que ir atrás dele por dias até encontrar ele, e quando nos encontrarmos, ele iria chorar, me abraçar e me beijar com aqueles lábios ternos.

Eu me enganei muito bonito.

Eu deveria oferecer algo a ele? Creio que ele não vá aceitar algo de mim. Talvez ele nem se lembre de mim. Não, ele lembra sim. Eu vi em seus olhos, ele se lembra de mim, seus olhos guardavam mágoa por mim, e eu espero que ele me perdoe.

Bom, assim é o que eu quero, não o que eu terei.

Não quero parecer um desesperado - não que eu não fosse um -, quero manter minha compostura de empresário de sucesso.

Oh, será que ele ainda dança? Meus pensamentos foram logo interrompidos pela voz da recepcionista me chamando para me entregar a chave do meu apartamento.

Porta número 13 no andar 10.

Seria irônico, se não fosse triste. Pelo menos, vou me lembrar dele durante minha estadia aqui em Busan - o que não durará muito tempo.

Resolvi ficar durante um mês inteiro, mês esse que deveria ser minha primeira férias depois de anos da fundação da minha empresa.

Como eu mantive meu arrependimento por todos esses anos, nunca tirei ferias, me enfiando em meu trabalho e ninguém soube do que aconteceu para eu ter me enforcado em tanto trabalhos e projetos.

Mas, agora, sentado numa praça olhando a lua, eu me pergunto se foi tudo em vão - provavelmente sim -. Estava me sentindo sozinho, esperando algum sinal de que eu devesse continuar aqui.

E ele veio.

- eu juro Tetê, era ele sim, depois de tudo ele acha que pode aparecer do nada? - olho para os lados na tentativa de achar o dono da voz que mexe com todo meu ser.

Não demoro a levantar meus olhos e ver ele com outro homem ao seu lado, homem esse que estava segurando sacolas de compras olhando para o meu - ok, talvez ele não seja meu, mas eu gosto de me iludir. - loirinho com a boca aberta como se estivesse desacreditado no que escutasse.- Ele entrega algumas sacolas ao loiro, que ao olhar pro lado encontra meus olhos.

- Hm... - ele vaga os olhos pelo meu corpo e firma ele em meu rosto engolindo em seco. - Talvez ele devesse ter ficado onde estava. Tudo estava muito melhor sem ele por aqui, sabe? Ele não é bem vindo aqui. - ele diz olhando nos meus olhos e dá as costas para mim. Fico paralisado no lugar olhando para o amigo dele que se vira ao perceber o olhar do amigo sobre mim.

Estrela - Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora