Corte de laços e caos (Azriel)

Últimos suspiros.

🌌✨
Ando tão cansado,
Das ruas sempre movimentadas;
Das esquinas sempre baderneiras.

Fico entendiado,
Com o silêncio dos bares vazios;
Da quietude das praças isoladas.

Queria que você,
Fizesse uma baderna na minha solidão;
Silenciasse as vozes inquietas.

- Por que no fim,
Tua voz ecoa na minha dor;
Teu silêncio (raro, vale ressaltar) me faz querer gritar.
🌌✨

             ✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

Afundamos na água, de certa forma meu pulmão parecia confortável retendo oxigênio. Quanto mais fundo íamos mais a escuridão tomava de conta, mas havia algo mais. Minha pele arrepiou quase que instantâneamente quando senti a presença de algo à espreita, e aparentemente, não fui o único. Os vultos negros começaram a ficar mais nítidos, parecia uma forma densa de vida. Eram espécies de humanóides, como espectros, só que bem mais assustadores. Pareciam ser feitos da própria escuridão, os olhos por outro lado, eram tão brancos quanto os dentes afiados. Eles se escondiam nas sombras, e embora ficasse cada vez mais escuro, seria ma ideia tentar nos esconder nas minhas sombras. Como a serafim disse, não encaramos, ou melhor, tentamos não encarar. Avistamos uma espécie de gruta, Astéria nadava até lá então a seguimos. O preocupante naquele momento eram as criaturas que se aproximavam cada vez mais, de forma nada amistosa pelo que prevíamos. Astéria apressou o nado, ela e Rhys pareciam sofrer bem mais que o resto de nós, mas decididamente chegaríamos a tempo.

Uma das criaturas vinha em alta velocidade como se interrompendo nossa entrada na gruta, Cassian que estava a cara do pavor se esquivava das bestas, e em um sinal desesperado Asteria sinalizou que entrássemos no enorme buraco que mais parecia um tubo vertical. Era desesperador não poder gritar naquela situação, nadamos mais rápido do que nosso corpo podia aguentar e quando quase estávamos na nossa linha de chegada Mor estava sendo puxada por um deles. Feyre ia usar alguma de suas habilidades para ajudar, de certo, mas Asteria impediu. A serafim nadou até lá e com uma faca de mesa cortou o espectro negro que mesmo debaixo d'água deixou sair um som de agonia escandaloso.

Mor e ela conseguiram se afastar, mas instantâneamente Rhys e a serafim desmaiaram. Eles estrapolaram do limite no quesito pulmão e temperatura. Cassian agarrou o irmã Illyriano e eu segurei Elly... Ou melhor, a serafim. Entramos na gruta e quando pensamos que não teria fim chegamos a uma espécie de superfície embaixo da água. O ar era rarefeito mas pelo menos havia o que respirar. De certa forma, parecia que estávamos dentro de uma pedra oca, havia uma borda com textura rochosa, saí da água com Astéria nos braços. Naquele momento ela parecia tão pequena e frágil, assim como Rhys os lábios estavam tomando a coloração de um azul caribe. Feyre rapidamente invocou um pouco de fogo e começou a fazer respiração boca à boca no parceiro.

- Se você não for fazer logo a respiração boca à boca é melhor que saiba que aqui não é um bom lugar para fazer um túmulo- Mor caminhava rápido até mim.

- Se estiver tendo problemas- Cassian se apressou- pode deixar que faço por você- Por reflexo a segurei mais apertado nos meus braços.

Olhei para o seu rosto inerte e permiti o toque dos nossos lábios, compartilhando meu ar para ela. Tentei uma vez, duas, três. Rhys tossiu e se levantou enquanto Feyre não tentava esconder as lágrimas.

- Vocês não acharam que o grão-senhor mais poderoso de Prynthian perderia para uma água fria né?

Sorrimos ao saber que ele estava bem, mas Asteria sequer deu sinal de vida. Dei batidinhas no seu rosto e refiz a respiração boca a boca. Mais uma vez, mais duas, mais três. Segurei seu corpo no meu, era o meu ato de desespero, minhas sombras estavam desnorteadas e em agonia, era tudo um caos.

Uma mão fria no meu rosto. Eu abri os olhos e por um segundo o laço estava nitidamente ali entre nós dois. Ela tossiu água.

- Você está bem?- Mor tentava prestar suporte.

- Eu estou com fome.

- Então você nos trouxe para uma gruta subterrânea?- Feyre questionou- como isso nos ajuda?

Asteria tentou se levantar, só então eu percebi que ainda a segurava, consequentemente a larguei meio desconcertado.

-So me sigam- ela caminhou até um caminho estreito e escuro na caverna. Era pequeno então passamos abaixados.

Segundo meu sentido de tempo já faziam de dez à quinze minutos que estávamos de quatro como cachorros seguindo a serafim de uma gruta à outra, sempre no sentido para cima, como se estivessemos aos poucos subindo de verdade. Finalmente podia-se literalmente ver uma luz no fim do túnel, a luz ia aos poucos ficando mais forte até que finalmente saímos um à um, e nos atiramos no chão.

- Sol?- Mor se levantou rapidamente- Não estávamos abaixo da água?

- O caminho era longo porque era inclinado para cima- Rhys explicou.

- Ou seja, subimos sem perceber- me levantei e me alonguei, meus joelhos queriam descanso, no entanto, era bom sempre ficar de guarda.

- Certo, mas e agora?- Feyre tentava tirar o cabelo suado da testa- a cura é uma erva, então viemos colhê-las aqui?

- Estamos em um... Como explicar?- a serafim batia nos joelhos para afastar a poeira- complexo de pequenas ilhas, são cinco ao todo. De toda forma, bem vindos a Arcádia.

- Você está nos dizendo que existe praticamente uma corte ou um país bem debaixo dos nossos narizes e nós não sabíamos?- Rhys parecia encantado.

Estávamos em um lugar como um imenso jardim, haviam flores do tamanho das minhas asas, e outras tão pequenas que mal se viam à olho nú.

- Nesse exato momento estamos em Endellion. É uma terra sazonal, aqui é sempre primavera. Mas precisamos ir até a capital, a ilha do centro, também chamada de Domun.

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✶O cap de hoje foi esse galeris, espero que tenham gostado ❤️
✶Os capítulos estão sendo bem curtos porque não estou com tanto tempo para escrever a FIC, mas espero que estejam aproveitando.
✶To louca p apresentar Arcádia para vocês 🧚‍♀️✨