Laços frágeis

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—De novo? — Mara sorriu ao encontrar Emeril alguns dias depois. — Meio tarde para almoçar, não acha mocinha? Liora foi ao mercado comprar uma erva, deve voltar logo.

—Eu sei. Vi ela saindo e vi que você estava aqui. Então te trouxe um doce. — Ela ergueu outro pote.

—Está tentando me comprar?

—Um pouco. Queria te pedir algo.

—Claro, qualquer coisa.

—Pode me ensinar como fez para atravessar a terra aquele dia?

—Tem certeza? Sua mãe pode não gostar que esteja aprendendo comigo.

—É um feitiço bastante útil.

—Eu sei. E por isso insisto que aprenda algo com sua mãe.

—Não quero ser um problema para o trabalho dela. Eu peço a ela no dia de folga. Até onde você me disse, você não trabalha para ela, então... Pode me ensinar?

—Precisa de ajuda, minha querida?

Liora entrou na loja, passando pelas prateleiras e se colocando entre ambas.

—Oi, mãe.

—Você nunca é um problema para mim, querida.

—Só não queria atrapalhar seu trabalho, mãe. E também porque eu gostei do feitiço que Mara executou aquele dia, passar por baixo da terra.

—É um feitiço realmente impressionante. Mas infelizmente você não pode aprendê-lo.

—Pode ser difícil, mas eu sei que consigo. É só me dizer como funciona.

—Você consegue aprender feitiços rápido realmente. — Mara falou num pequeno sorriso. — Acho que eu esqueci de mencionar um detalhe sobre o feitiço que é criado no ritual.

—Você andou ensinando a ela sobre o ritual sem me pedir? — Liora a encarou incrédula. — Você não devia ter feito isso. É minha filha.

—Fui eu quem pedi, mãe.

—E ela não devia ter dito. Você sabe a importância disso, Mara.

—Não é culpa dela. Ela só me esclareceu algumas dúvidas, foi só isso. Você tem andado ocupada, eu não quis te atrapalhar ou ficar atrasada para quando for a hora.

Liora respirou fundo, massageando a ponte do nariz enquanto recuperava a calma. Olhou entre ambas e ofereceu um pequeno sorriso para a filha, tocando seu rosto.

—Me espere lá fora, querida.

—Você tem que trabalhar, mãe.

—Não se estou negligenciando seus estudos. Me espere lá fora enquanto fecho a loja, tudo bem?

—Tem certeza?

—Tenho. Serei breve.

Emeril olhou para Mara, que somente assentiu, deixou o pote com doce sobre o balcão e saiu da loja, encostando-se na parede ao lado da porta. Cumprimentou de volta pessoas que acenavam na sua direção, tentando ouvir se sua mãe discutia com Tâmara.

—Veio comprar uma poção enquanto Ilis está fora?

Selen parou a sua frente, um pequeno sorriso nos lábios enquanto cruzava os braços. Emeril somente suspirou, desistindo de ouvir o que sua mãe dizia a Mara.

—Você veio comprar uma poção para te deixar menos chata? Acho que minha mãe não achou a erva certa.

—Muito engraçado.

A feiticeira e a lobaWhere stories live. Discover now