[VENCEDORA DO PRÊMIO WATTYS 2022]
Luz é uma garota de 17 anos completamente comum. No último ano do ensino médio, tenta se manter sã enquanto luta pra se preparar pro temido enem. A vida dela se resumia apenas a estudar, ficar dentro do quarto e evi...
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"Oh, os olhos dela Fazem as estrelas parecerem que não estão brilhando E quando você sorri O mundo inteiro para e fica olhando por um tempo"
– Just the Way You Are - Bruno Mars
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✰ 13 de agosto, quinta-feira ✰
São quase oito horas agora e a noite está linda. As estrelas estão mais brilhantes do que nunca. A lua estava bem cheia, e sorrio ao perceber isso. Era minha fase preferida. Não estou muito longe do parque agora, e a rua tem um movimento normal. Não muito cheio, mas não muito deserto.
O parque estava um pouco mais vazio que o de costume, mas ainda assim eu podia ouvir os gritos de algumas crianças brincando no parquinho, suas mães sentadas ao redor conversando, algumas barracas de variados lanches com suas luzes brilhantes, e alguns seguranças andando ao redor. Uma brisa fresca atinge meu rosto e a sinto com felicidade. É, acho que vir aqui agora não foi uma má ideia. Mas eu com certeza não vou admitir isso para a minha mãe.
Logo à frente, está o meu destino. Pequenas luzinhas estavam penduradas acima da área ocupada pela conhecida barraquinha de cachorro quente. Não tinha nenhum cliente ali. Aqui ficava bem diferente no período da noite, e não sei por que não venho mais vezes nesse horário. Debruçada no balcão, mexendo no celular, estava a menina.
Ela parecia bem distraída, digitando rapidamente na pequena tela em suas mãos. Usava a mesma combinação de sempre: blusa branca, avental branco, colar de estrela e uma touca, que sempre deixava alguma mechinha do seu cabelo de fora. Acho que ela ainda não sabe muito bem como colocar. Ela levantou o olhar quando percebeu que eu estava me aproximando e o manteve sobre mim.
Vejo a sombra de um sorriso no canto de seus lábios que se desfaz tão rápido quanto surgiu, mas ela continua me olhando chegar cada vez mais perto. Me sinto meio desconfortável e desvio meu olhar para o cardápio, fingindo escolher alguma coisa. Como se eu já não soubesse o que pedir. Não sou normal o suficiente para saber lidar com essa coisa de contato visual. Me pergunto se ela acha que eu sou viciada em cachorro quente, até porque só faz três dias desde a última vez que vim aqui. Acho que nunca vou saber.
— Boa noite — ela diz. — Em que posso te ajudar? — Viro para ela e percebo que ela ainda me olhava. Socorro.
— Vou querer o combo sete e o três, por favor — sorrio timidamente e me aproximo do balcão, já que eu estava parada perto da placa de chão com o cardápio que ficava um pouco mais distante.
— Certo — ela digita. — Mais alguma coisa? — ela olha nos meus olhos enquanto diz. Deus, porque essa garota gostava tanto de contato visual? Demoro alguns segundos para me recompor.
— É... não! Só isso mesmo — sorrio, envergonhada. Não consigo desfazer o sorriso e aposto que estou parecendo uma idiota. Por que universo? Por que me odeia?
