Capítulo 1. Apostado

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26/05 – Sábado

Por: Augustus

Em geral eu não bebia demais quando voltava para minha casa por medo de meu pai, aquela noite, porém, iria para a casa de Axel e ele me convencera de fazer aquilo do jeito errado. Tomei a terceira dose da noite sentindo o medo de meu pai cada vez menor na minha compreensão e vendo Axel agarrar-se aos lábios de alguém que ele devia conhecer pouco ou nem conhecer e não que aquilo fosse lá tão incomum.

Eu gostaria de lembrar de quem era aquela festa, mas, na verdade, não lembrava. Na verdade, me lembrava de pouca coisa daquela noite. Lembrava-me de estar beijando alguém, uma menina ruiva, e depois não estava mais enquanto me encaminhava até um canto para respirar, mas percebi o que acontecia lá e me virei. Estava meio zonzo e tinha certeza que não passara da sexta dose, ou seria a nona ou décima? Bem, não devem ter sido mais de treze, com certeza.

Num degrau que ficava entre o tablado de uma varanda sem cercas e o gramado da casa estava sentado Axel, com seu cabelo curto de cor dourada prateado pela lua, olhos azuis e pele branca. Estranhamente não o percebi com nenhuma bebida nem com alguém, mas ele não costumava ficar sozinho por muito tempo. O chutei para o lado e percebi que ele tinha uma garrafa de ice nas mãos, o que fazia mais sentido. Ele a inclinou para meu lado, mas eu neguei enquanto sentava.

— Fazendo, cabeça de vento? — Perguntei enquanto respirava fundo.

— Sentado, pensando.

— Bateu a fase depressiva? Faz até graça, Ax.

— Ah, corta e... e... essa. — Falou embolando a voz e tendo de parar para pensar na próxima palavra, mas ele pareceu satisfeito com seu desempenho. Provavelmente ele já estava muito fora de si, não que eu não estivesse. Provavelmente eu estava falando de um jeito parecido, só não percebia. Tudo parecia muito mais leve. — Eu ˈtô é per...cebendo que o p-povo do meio ˈtá aqui.

Ele apontou para o lado oposto da piscina e, numa daquelas cenas raras de se ver em todos os anos de escola, estava o grupo do meio da nossa sala e que não andava conosco, diga-se de passagem. Kin com sua estatura baixa, cabelo muito preto e olhos da mesma cor atentos, Adam com cabelos castanhos claros e pele branca e, por último, mas não menos importante, na verdade, era justo ele o mais importante naquele momento, estava também Nathan com o cabelo cor de areia, pele muito clara e olhos esverdeados que pareciam brilhar mesmo no escuro e me lembravam de esmeradas. E, acho que num lapso da bebida me demorei olhando para ele, e claramente Axel viu nisso a oportunidade de arrancar de mim alguns risos:

— Vai f'car olhando o... resto d' n-noite, garanhão? — Ele teve de parar para pensar antes de "resto" e de "garanhão".

— Ah, para...

— Quê? N.. não eu que ˈtô secando ele.

— Ah, me deixa. Olha só para ele. Ele é lindo, e ele é todo certinho. Se vacilar é até fiel. — Disse, provavelmente alucinando um pouco.

Vu, vu, mas dêxe pa namorar ele... out'o dia, D. Juan..., ou vai acabar nocau... nocau... nocau... desmaiando o garoto com seu bafo! — Ele pareceu achar aquilo hilário porque quase rolou no chão de rir. Quando terminou seu show olhou para mim e percebeu que eu tinha voltado a observá-lo. — Olha só quem está com amor de bêbado... — Falou sem gaguejar nenhuma vez.

— Ah, cala a boca, eu namoraria ele até são! — Senti meu estômago revirar.

— Pare de falar m-merda, Idiota. — Resmungou se levantando e sentando do meu lado novamente. — Além disso, duvido que você consiga. O cara é mó' certinho. Vai te querer? Ah, Augustus, santa paciência, vai se foder, vai.

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