Capítulo 2. Arrependimento

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27/05

Por: Nathan

Haviam dormido todos em minha casa e ao me levantar sentindo a cabeça pesada, o estômago revirado e ninguém nos colchões que havíamos posto na sala, eu me revoltei e fui até a sala de jantar com passos duros. Kin estava falando algo sobre ressaca para Adam na ponta da mesa perto da parede de vidro e meu pai, Hans Herzsucher, passava manteiga num pão sentado na ponta oposta como que para não incomodar.

Eu me virei para Kin e minha raiva se desmanchou em culpa e eu o chamei fazendo ele se desconcentrar da conversa e me olhar com seus olhos negros e atentos. — Kin Parríy!

— Esse é meu nome! — Concordou.

— Você não devia me incentivar a fazer essas coisas. — Falei sentando-me à mesa de dez lugares cuja compra fora motivo de briga entre meus pais por pelo menos um mês. Minha mãe dizia que era para encher a sala e meu pai que era para impressionar. No final, ela ganhou e a mesa de tampo de vidro e pés de madeira com oito cadeiras nas laterais e mais duas nas pontas foi comprada (Junto com um conjunto de novo vasos, um novo lustre, uma nova pintura de um roxo muito opaco e a substituição da parede que dava para o jardim do fundo por uma parede de vidro. Acho que meu pai não sabia argumenta muito bem contra ela, visto que a gente só usava três ou quatro das dez cadeiras...).

— Meu bem, não te obriguei a nada. — Disse fazendo cara de inocente.

Eu peguei uma das cartelas que estavam sobre a mesa ao lado dos biscoitos e vi que era dipirona. Tomei com um copo de água que convenientemente estava também ali. Antes que eu o respondesse, meu pai se levantou, olhou para nós de um jeito estranho, como se estivesse tentando decidir se confiava ou não em nós três e no que ele tinha me obrigado a fazer, mas depois suavizou o rosto e saiu com um aviso de "juízo". Continuei então a conversa:

— Não me obrigou, mas não teria ficado com uma pessoa que eu nem sei o nome se...

— Juan. — Falou Adam olhando para o prato de biscoitos.

— Como?

— O nome dele era Juan.

— Tudo bem. Voltando: se você não tivesse me dito que era uma ótima ideia!

— Ué, me pareceu ótimo na hora. Esqueci por um minuto que você só fica com pessoas de quem conhece a ficha criminal, digo, o caráter. — Riu e mordiscou um biscoito.

Olhei as horas no celular e percebi que já passava um pouco de meio dia.

— Ele não está de todo errado, Kin, sei lá, não é saudável sair por aí se comportando como... — Ele ia falar algo ruim, mas sua consciência não deixou. Adam era uma pessoa excelente, sempre pensava muito antes de falar algo maldoso. Mas então ele olhou para os lados e completou sussurrando. — A turma que anda com Axel. — E voltou a falar normalmente: — Olha, não me levem a mal, vocês sabem que não costumo falar mal dos outros, mas... Só não. Eu tenho algumas ressalvas sobre eles.

— Gente, olha o drama. — Falou Kin revirando os olhos. — Nenhum de nós chega perto de fazer o que aquele povo faz. E, calma, Nate, foi uma vez só.

Dei dedo para ele. Não tinha gostado do incentivo.

— Olha aqui! Eu te tirei da seca, me agradeça.

— Obrigado e vá se foder. Mas é "se foder" com amor. — Fiz a ressalva enquanto fazia um símbolo de coração com as mãos no meu peito e nós rimos.

— Não tem café nessa casa não? — Perguntei mudando de assunto do nada.

— É meio dia, Nate. — Comentou Kin.

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⏰ Last updated: Jul 29, 2021 ⏰

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