16. A carta

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Finn abriu a carta numa rapidez impressionante assim que viu seu nome como remetente.

O observei com pesar enquanto o cacheado lia seu conteúdo com um brilho no olhar, soltando um pequeno riso com algo escrito, até seu rosto ficar mais sério e ele levantar o rosto, indicando que havia terminado de ler.

- O que foi? - perguntei preocupada.

- Ela também me pediu para dar uma chance pro Eric. - resmungou, me entregando o papel branco com letras cursivas.

"Eu realmente espero que você esteja lendo esta carta casado, com filhos e trilhando seu sonho de seguir com a carreira de música, moleque malcriado."

Ri baixinho, entendendo porque Finn havia rido.

"Mas, infelizmente tem alguma chance de estar lendo isto mais cedo do que o esperado. Eu já sabia do meu caso de saúde e espero que entenda meus motivos por não dizer nada. Não queria passar meus últimos momentos de vida longe de você, internada em um hospital, querido. Muito menos por todo o resto."

Imaginei que todo o resto fosse o pai dele.

"Quero que saiba que o amei como um filho, Anjo. Que, apesar de ser uma simples criada, cuidar de você foi um dos maiores presentes que Deus pôde me dar."

Sorri pequeno, sentindo os olhos atentos de Finn sobre mim.

"Não pense muito em mim, pois estou bem. Em um lugar onde não existe sofrimento, assim como sua mãe. Ainda me lembro do dia de seu nascimento. A Sra. Mary me pediu para acompanhá-la, já que o Sr. Eric estava em uma reunião importante na empresa. A gravidez era considerada de risco pelo descolamento da placenta. Quando lhe deu a luz e percebeu que não iria sobreviver, ela agarrou meu braço, e me pediu para que cuidasse de você e sinto que meu papel foi cumprido."

Encarei Finn, que cruzou os braços enquanto encarava o chão.

"Você se tornou um garoto bom, Anjo, e, apesar das controvérsias, quero que entenda que esta é a mais pura verdade."

- Ela fica te chamando de anjo... - O encarei.

- Era meu apelido, era assim que ela me chamava - disse ele, sorrindo fraco.

Assenti.

"Peço que, ao menos, dê uma chance para seu pai. Sei que não é fácil, mas não julgue que já é tarde demais para vocês dois.

Meg"

Dobrei o papel para devolvê-lo ao envelope e observei Finn guardá-lo no bolso de sua jaqueta jeans preta antes de voltar ao que estava fazendo em silêncio.

- Então, seu pai já está tentando contratar alguém? - murmurei.

- Está - disse com bastante ressentimento na voz. - Sabe quantos empregados têm nesta casa? O bastante para não precisar substituí-la.

Mordi o lábio, sabendo que era verdade.

Não falei muito com Finn depois disso. Sabia que ele precisava de um tempo, principalmente depois da carta que leu, que trouxe tudo à tona de novo.

Mesmo assim, tentei chamá-lo para passar o Ano-novo com minha família de novo. Finn não deu certeza, mas disse que iria tentar aparecer alguma hora.

Diferentemente do Natal, eu não gostava muito de comemorar a virada do ano. O problema em si eram os fogos de artifício. Sempre fui mais do tipo que passava um tempinho no primeiro andar antes de me esconder no meu quarto até dar uma hora da manhã, que era quando paravam de soltar fogos.

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