PRÓLOGO

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Duas e meia da manhã, e eu acordo suada, tremendo e chorosa. Deveria estar acostumada com isso, afinal acordo assim praticamente todos os dias. Mas não consigo, sonhar que estou de volta nas garras daquele homem me faz tremer. Prefiro a morte do que voltar a vê-lo.

Levanto lentamente, vou em direção ao banheiro. Vestida mesmo, me jogo embaixo do chuveiro gelado, talvez assim eu volte para a realidade. Que não é tão diferente do sonho, mas tem algo que lá não tinha. Esperança.

A esperança tem olhos verdes e cabelos castanhos longos e ondulados, sua pele branca como a neve a deixa tão hipnotizante. Será que um dia verei minha esperança novamente?

Há cinco meses, me divorciei do meu ex-marido, tudo porque não consigo tirar os malditos olhos verdes da minha cabeça ferrada. Mas também as circunstâncias não eram muito favoráveis. Acho que qualquer um iria lembrar de uma bela mulher de olhos verdes com o corpo cheio de sangue e um sorriso maroto nos lábios.

Não foi um divórcio fácil. Aquele homem quase me matou de vez quando disse que era melhor nos separarmos. Me xingou de todos os nomes e ainda teve a audácia de contar sua versão para a família. E é claro, eu saí como a errada.

"Ele era um marido tão bom, por que fez isso com ele?"

"Certeza que você traiu ele, ninguém largaria um homem bom como aquele do nada."

Todo dia, toda hora, alguém me perguntava o que eu fiz para querer o divórcio. Será que ninguém nunca vai querer ouvir a minha versão pelo menos uma vez?

Teve alguém que nem precisou me ouvir para saber exatamente o que estava acontecendo, a minha perdição de olhos verdes. Ela.

Será que vamos nos encontrar um dia?


Talvez sim, no tribunal.

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