Capítulo 119 - Parêntesis

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Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo.

São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto:

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Suporta-se com paciência a cólica do próximo.

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Matamos o tempo; o tempo nos enterra.



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Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem.

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Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.

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Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro.

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Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.

Memórias Póstumas de Brás Cubas - Machado de AssisWhere stories live. Discover now