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Minha pele reagiu com arrepios quando a doutora passou o gel frio sobre a minha barriga, mas não demorou para que eu me acostumasse com a textura gelatinosa naquela parte do meu corpo

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Minha pele reagiu com arrepios quando a doutora passou o gel frio sobre a minha barriga, mas não demorou para que eu me acostumasse com a textura gelatinosa naquela parte do meu corpo.

Ela começou a passar o aparelho ali, falando sobre o bebê e em como ele estava.

— Ah, olha só! — Sorriu, focando o aparelho em certa parte da barriga. — Pelo jeito, esse bebêzinho está de bom humor hoje.

— O que isso quer dizer? — Philippe perguntou confuso e a doutora nos olhou sorrindo.

— Que está em uma ótima posição para descobrirmos o sexo. — Explicou.

Sorrio animada e olho para Coutinho, que fazia o mesmo. Estávamos tentando desde o quarto mês de gestação, mas o neném sempre estava em uma posição que não deixava que a médica conseguisse ver o sexo.

Já havia recorrido a todos os testes caseiros possíveis que vi na internet, mas cada um dava um resultado diferente.

— Vocês continuam querendo saber ou...

— Saber! — A interrompo, falando um pouco alto. Philippe riu e apertou de leve a minha mão. — Desculpa. Queremos saber. — Digo em um volume normal.

— Algum palpite? — Ela perguntou curiosa e voltou a encarar a tela.

— Menino. — Coutinho respondeu primeiro.

Olhamos ansiosos para a doutora, que continuava a passear com o aparelho em minha barriga, sem desviar a atenção da tela.

— E então? — Pergunto curiosa.

*

Philippe me mostrou um macacãozinho de bebê escrito "príncipe do papai" e eu ri, achando adorável o quão animado ele estava.

Já estávamos em casa e, após a notícia de que o bebê era um menino, ele fez questão de ir ao shopping mais próximo comprar a tal roupinha. Além dela, ele comprou também uma chuteirinha e uma camisa que dizia "tenho a melhor dinda do mundo", para me homenagear, segundo ele.

— O seu sorriso é tão bonito. — Elogio e ele desvia a atenção da roupa, me olhando e inclinando a cabeça para o lado.

— Obrigado. — Disse e tive a impressão de ter visto seu sorriso aumentar mais.

Coutinho com certeza não era o mesmo de seis meses atrás, quando perdemos a Ainê. A falta e saudades dela eram constantes, mas era perceptível o quão melhor ele estava lidando com aquilo.

Eu tinha uma participação naquela melhora e ficava feliz por isso, pois Philippe também me ajudou a lidar com o luto de uma maneira bem melhor do que antes, que era chorando a todo momento que lembrava da minha amiga.

Ainê havia escolhido a pessoa certa para casar, uma pena que a vida resolveu interromper tudo o que eles estavam construindo juntos.

— Será que o Joseval vai querer ser jogador? — Pergunto, pegando as chuteiras e sorrindo.

— Quem?!

— Joseval. — Repito, olhando para Philippe, que soltou uma gargalhada e negou com a cabeça várias vezes seguidas. — O que?

— Meu filho não vai se chamar Joseval. — Afirmou e eu fiz bico. — Supera, Raphaelle!

— É um bom nome para menino, Phil. — Falo manhosa e ele sorri, se inclinando e deixando um beijo em minha bochecha.

— Não. — Falou outra vez, me fazendo bufar. — O meu bebê vai ter o nome mais lindo do mundo inteiro!

Ele encheu minha barriga de beijos e o filho o respondeu com chutinhos, arrancando um sorriso bobo meu.

— O nome mais lindo do mundo é Joseval.

— Rapha! — Coutinho resmungou e eu ri, levando a minha mão para o cabelo dele e fazendo carinho ali, enquanto ele continuava a deixar beijos pela redondeza da minha barriga.

[...]

Coloco uma mão em minha coluna e me curvo devagar, deixando uma rosa branca próximo à placa com o nome de Ainê.

— A barriga está tão grande que eu nem consigo mais agachar. — Comento, olhando para a placa como se a minha amiga estivesse na minha frente, viva e cheia de saúde, como sempre foi.

Costumava ir ali levar flores e contar como tudo estava indo. Sabia que ela não me escutaria, mas me sentia bem fazendo aquilo e continuaria indo até quando não conseguisse mais andar com aquele barrigão.

— É um garotinho. — Conto. — Lembro que uma vez você me disse que o seu primeiro filho seria um menino. Bom, você estava certa.

Suspiro fundo, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

— Eu sinto tanto por você não estar aqui comemorando com o Philippe e eu. — Digo. — Tenho certeza de que estaria radiante de tanta felicidade e faríamos uma festa para comemorar, do jeitinho que você gostava.

Me interrompi para soltar um soluço e tentar secar as lágrimas que já molhavam o meu rosto.

— Prometo que vou ser a melhor madrinha de todas e cuidarei e amarei o seu bebê mais do que tudo nesse mundo. — Sussurro. — Estou morrendo de saudades. Eu te amo muito, está bem?

Obviamente ela não me responderia, mas ainda assim eu fiquei olhando para a placa, como se ela fosse magicamente aparecer ali e dizer que tudo não tinha passado de um mal entendido e que estava bem.

Respiro fundo e depois jogo um beijo, virando as costas em seguida, saindo dali.

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it's a boy!

Recomeço ━━ Philippe CoutinhoWhere stories live. Discover now