- Vocês não entendem? Meu aniversário é perto daquela tragédia onde perdemos nossa amiga pra um mundo, universo, sei lá o que! Não gosto de comemorar. – Bia reclamou pela enésima vez, inutilmente, terminando de se arrumar.
- Larga de frescura, Bia! – Kathy tentava fechar o zíper da roupa da amiga, totalmente impaciente. Todo ano era a mesma conversa. – Aquela piriguete com certeza iria odiar ser o motivo para não acontecer alguma festa. Aposto que deve estar agora mesmo namorando 90% do planeta ou universo onde ela está!
- Pronta? – Luly entrou com sua caçula do lado. As duas sem nenhum fio de cabelo fora do lugar.
- Não. Porque a pateta aqui está me irritando com aquela conversinha de novo. – Kathy fechou o zíper e se virou para dar um abraço nas duas. – Oi, Aine.
- Oi, tia. – A adolescente de cabelos cor de ouro fez uma reverência perfeita e depois abraçou Kathy. A menina era a cópia perfeita do pai enquanto o irmão, Milt, era a cópia fiel de Luly. Ela deu alguns passos e repetiu os gestos com Bia, depois tirou uma caixinha do bolso e entregou. – Eu queria entregar isto o quanto antes, tia Bia. Eu mesma colori com minha magia, mas tem um pequeno truque nele.
Bia abriu a caixinha onde havia um anel de ouro branco com uma pedra enorme no topo. A pedra era branca, com uma aparência leitosa, mas repleta de cores oscilantes no interior. Era quase como ter um arco-írises dentro de uma pedra. – Aine, é lindo! Qual é o truque?
- Bem, - a menina inflou o peito, orgulhosa de seu trabalho – ela muda de cor, de acordo com as emoções da pessoa mais próxima à senhora. Assim, se um dia surgir outra alma podre como aquela rainha Neuf, a senhora não vai mais ser enganada.
- Eu quero um igual, heim, tampinha. – Kathy brincou.
- É perfeito, Aine! – Bia pensou em quanta coisa teria sido diferente se ela tivesse esse anel naquela época... Ela colocou o anel no indicador esquerdo.
- A senhora vai usar....na sua festa? – Aine perguntou surpresa.
- Claro. Se depender de mim, vou usá-lo sempre. – Bia respondeu e a menina abriu um enorme sorriso orgulhoso.
- Aine. – Luly chamou. – Vá encontrar suas amigas. Lembre-se do que eu disse. Não provoque seu irmão.
- Pode deixar, mãe. – Ela se virou para as tias, fez outra reverência perfeita, e saiu elegantemente.
- É oficial. – Kathy disse depois que a menina saiu. – Quero trocar de filha com você.
Luly riu. – Mori não é tão ruim, Kathy.
- Não. Amo aquela peste. Mas, honestamente, ô menina que dá trabalho viu. – Kathy riu.
- Não posso reclamar dos meus garotos. Só, é claro, de serem garotos. – Bia suspirou. – Mas, paciência. Tenho certeza que vou acabar encontrando minha herdeira.
- Com certeza. – Luly consolou a amiga.
- Mãe, senhoras. – Val, o filho mais velho de Bia entrou e cumprimentou todas com um beijou galante na mãe de cada uma . – Está lindona, mãe.
- A mãe é sempre linda. – Làidir disse e Bia corou violentamente.
- Assim vocês me estragam, meninos. – Bia disse, meio sem graça.
O caçula de Bia, Làidir, entrou logo atrás e repetiu os gestos do irmão. Os irmãos eram fisicamente muito parecidos e musculosos, embora Làidir fosse mais do que Val. Ambos eram muito unidos e inseparáveis, verdadeiros cavalheiros. Val era mais falante, enquanto Làidir era mais calado e observador. Val era curioso e explosivo, enquanto o irmão era mais intenso e sábio. Ambos eram altos, com cabelos castanhos, olhos verdes profundos, usavam cavanhaque e tinham a beleza típica de Coille com suas peles levemente bronzeadas.
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Contos de Corona
FantasyEste é um conjunto de contos que se passam em Corona, o planeta de sol dourado e nove luas de 'A Guerra de Corona'.