Missão Ala Proibida

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- Então eu mandei ela abaixar o tom de voz pra falar com a futura rainha dessa porra! – Rubi contava como, pela décima vez só naquele mês fizera uma professora chorar.

- Ela se demitiu. – Kathy completou.

- Sua chata! Eu ia contar detalhadamente como ela implorou para ir embora. Você não deixa eu me divertir. – Rubi respondeu amuada.

- Você não pode ser tão...tão...tão você com as pessoas assim, prima. Coitada. – Kathy disse.

- Olha só quem fala. Você também fez uma pessoa se demitir ontem. – Rubi disse e todas olharam ansiosas. Uma coisa era Rubi ser mandona e fazer servos chorarem quando não agiam com perfeição. Outra muito diferente era Kathy fazer algum servo se demitir. Ela era tão calma e sensata, tão tolerante.

- Você? Não acredito. – Bia disse boquiaberta.

- Foi diferente... – Kathy disse meio sem graça.

- Agora estou curiosa. - Luly disse sentando-se elegantemente na poltrona e olhando feio para Rubi sentada de pernas cruzadas com as costas apoiadas num braço da poltrona e as pernas em outra.

- O que aconteceu? – Fell perguntou.

Kathy se serviu de uma taça de vinho branco, bebeu um gole sempre com aquela calma e auto controle inabaláveis, e começou a contar.

- Alteza, você precisa sair. – Le-hya, a guardiã da Ala Proibida do castelo disse.

- Porque? – Kathy perguntou, sentada imperturbável em um cadeira, pernas e braços cruzados e um olhar desafiador. Ela podia ser jovem, podia estar sentada e a mulher mais velha de pé, mas ela emanava desafio e poder.

- Porque não é permitido a presença da herdeira aqui. – Le-hya respondeu respeitosamente.

- Porque? – Kathy continuou calma. Seu olhar prateado era firme e sempre dava a sensação de perfurar a alma de qualquer um que a enfrentasse.

- Porque são as regras, alteza. – Le-hya estava ficando sem respostas.

- Porque? – Kathy se manteve firme. Ela sabia que a lei realmente não permitia a presença de ninguém além da guardiã da ala e da própria rainha de Álfheim, mas ninguém nunca dissera o porquê disso e ela odiava obedecer qualquer coisa cegamente.

- Alteza, devo insistir para que saia ou serei obrigada a chamar a guarda do castelo para tirá-la. – Le-hya disse com o máximo de respeito possível, mas impondo sua autoridade. Afinal, caramba, ela estava com a lei ao seu lado e era a droga da guardiã ali!

Mas esse foi o pior erro que ela poderia cometer. Kathy tinha um auto controle magnífico, mas não era necessariamente pacífica. Nunca se deveria enfrentá-la ou seria como tentar socar um raio. Ela olhou para a guardiã sem nenhum músculo de seu rosto mudar, mas seus olhos estavam levemente mais claros, a intensidade neles era quase palpável. Com um tom mais calmo que o habitual, um claro sinal de perigo, ela disse com uma frieza que faria qualquer um gelar até a alma: - Você vai chamar a guarda para mim? – Ela continuou calmamente, os dedos tamborilando lenta e ritmadamente nos braços. – Então, você está me dizendo que chamará a guarda do castelo para escurraçar sua futura rainha de um ambiente no castelo dela porque você não tem competência para dialogar e me dizer por que não posso estar aqui? Que sua única resposta é idêntica a de qualquer outro neste reino, do mais nobre ao mais humilde?

Ela fez uma pausa e Le-hya tentava conter os tremores internos que sentia. A menina podia ser a futura rainha, mas não era atualmente e a lei era clara. Ela não ia ceder à uma moça caprichosa.

- Sim. – Le-hya respondeu com autoridade.

- Então eu me pergunto, guardiã. Se você, a guardiã da Ala Proibida, não sabe me explicar porque dela ser proibida, que diabos diferencia você de qualquer outro álfhein neste reino? – Kathy respondeu agora se levantando. – O que? Sem nenhuma respostazinha autoritária? O dragão comeu sua língua? Diga, guardiã, porque eu não dispenso seus serviços agora mesmo e coloco qualquer outra pessoa mais digna da sabedoria de Álfheim aqui? – Kathy sabia que a mulher estava só seguindo a lei, mas isso a deixava mais fula ainda. Caramba! Álfheim era um reino sábio, com magias extremamente poderosas ligadas aos espíritos e à Fàire, o Reino dos Mortos. Em sua opinião, era ridículo um reino como esse ter pessoas seguindo qualquer coisa cegamente.

Contos de CoronaWhere stories live. Discover now