A proposta

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Como prometido, na manhã seguinte, Jimin foi chamado até a mesma sala do dia anterior.

― Bom dia, Jimin!

E lá estava o lúpus, parado ao lado da vidraça, trajando um terno preto que provavelmente tinha sido feito sob medida. O loiro tinha percebido que Kim Namjoon usava apenas roupas caras e sob medida. Ademais, todas que tinha visto no mais alto, eram roupas de tons escuros que contrastavam com sua pele branca, os cabelos platinados e os olhos de um castanho profundo.

― Bom dia, senhor Kim!

― Sente-se. — O alfa tinha o costume de dar ordens e tudo em si, denunciava-o, principalmente sua postura altiva e o timbre superior. Jimin sentou-se e acomodou Lis ao seu lado, porém, a garotinha escapuliu e correu para olhar pela vidraça.

― Pode me chamar de Namjoon. — Sentou-se na poltrona que ficava exatamente em frente ao pequeno sofá onde o ômega estava, a menos de três metros dele.

― Ah, desculpe sen… — fez uma pausa ―, Namjoon.

― Acredito que você tenha algumas perguntas. Sinta-se livre para falar.

O loiro respirou fundo, tentando manter a calma, mas seus instintos não ajudavam quando ficavam com medo, quase insanos diante do lúpus.

― Por que estamos aqui?

― Bem, eu lhe disse ontem, vocês são da família. — Ele deu ênfase à palavra família. — E nós cuidamos da família.

― Bem, a Lis é filha do Jungkook — Jimin começou —, e… não foi minha intenção forçar essa situação.

― Não forçou nada, Jimin. — Ele recostou-se na poltrona, relaxado. — Eu sou o chefe da família, e quando Jungkook me contou de vocês, decidimos que viveriam aqui.

O loiro levantou-se e afastou a filha que mexia em um vaso de flor no canto da sala.

― Desculpe, ela é muito curiosa.

― Não se desculpe, essa é a vossa casa a partir de agora.

― Namjoon — fez uma pausa —, eu entendi o que disse, e quero que minha filha tenha uma família para apoiá-la, porém, acredito que não seja certo vivermos juntos, sabe? Todos sob o mesmo teto.

Ele pareceu pensar, mas logo sorriu, aquele sorriso frio que se limitava apenas aos lábios.

― Jimin, quero que minha sobrinha viva aqui. E você também. — Cruzou as pernas. — No entanto, se não quiser…

O Park entendeu, o alfa não precisou dizer mais nada. Era notável que qualquer juiz no país daria a guarda da garotinha à família rica, ao invés de permitir que ficasse com um ômega sem trabalho e que não tinha uma casa.

― Entendo — murmurou.

― Bem, já que esclarecemos isso, continuarei.

Lis estava brincando com as almofadas e acabou jogando-as no chão, Jimin recolheu-as e sentou a filha no sofá, ao seu lado.

― Você vai ter uma mesada para não precisar trabalhar — Namjoon falou, assim que o loiro lhe deu atenção. — Não precisa se preocupar com qualquer gasto para você ou Lis, cuidarei de tudo.

― Acho que não é necessário, você não precisa.

― Jimin, como pode ver, eu posso e vou. — Namjoon não era alguém que se contrariava e sua conversa com o ômega, estava testando sua paciência.

― Para a Lis, eu entendo, porém, não preciso, posso trabalhar.

― Não é discutível — fez uma pausa, esperando o ômega engolir suas palavras —, há um carro à sua disposição, seguranças para acompanhá-lo sempre e já marquei uma consulta para Lis com o médico da família, exames de rotina e o que mais for necessário.

Aquilo era algo que o ômega realmente precisava. Ele sorriu satisfeito ao ouvir.

― Ela vai para uma nova escola.

Outro ponto que o loiro não discutiria, afinal, sua filha merecia tudo do bom e do melhor e, desde que a família do pai pudesse dar, aproveitaria.

― Jungkook vai assumir ela legalmente. Ele está fora da cidade, por isso, ainda não apareceu. – Namjoon parecia se divertir com as expressões do ômega.

― Ele vai assumi-la? – Aquela era uma ótima notícia, sua filha não seria mais uma bastarda.

― Vai, assim que voltar de viagem. Uma coisa importante, Jimin, estou aqui lhe dizendo o que podemos oferecer como um acordo — proferiu, seriamente. — Entretanto, há algumas coisas que você precisa fazer.

― Coisas?

― Sim, como eu lhe disse, não vai trabalhar e vai morar aqui. Além do mais, também não vou te obrigar a casar com o Jungkook.

― Eu não quero.

― Imagino que não. Meu advogado já fez o termo do nosso acordo, você terá todos os direitos legais como esposo do meu irmão, mas, quero que o respeite como seu marido.

As bochechas do Park ficaram rosadas, afinal, não era nada cego, Jungkook era lindo demais e tinha um corpo muito, mais muito, atraente. Imaginar-se casado com ele, não ajudou na tarefa de se concentrar nas palavras do alfa diante de si.

Namjoon pegou o contrato, entregando-o ao ômega.

― Uma cópia é sua, pode ler e, se quiser mudar algo, avise-me que será feito, caso eu concorde, é claro. — Ele se levantou. — Mais uma coisa, vamos contratar uma babá.

― Babá?

― Sim, para te ajudar com a nossa pequena princesa. — Ele acariciou os cabelos castanhos da sobrinha, fazendo-a sorrir. — O melhor para minha princesa. Elas estarão aqui à tarde, quero que você escolha uma. ― Assentou os olhos escuros no ômega. — Você tem até amanhã para assinar nosso acordo e mudar o que desejar.

― Por que amanhã?

― Jungkook retorna amanhã. Iremos ao cartório.

Namjoon saiu, deixando o loiro com o contrato e a filha na pilha de almofadas, que ela jogou novamente no chão.

― Ai, Lis, o que eu faço?

Leu o acordo duas vezes, os acordos impostos eram realmente bons para os dois: uma mesada vitalícia, uma casa em Seul e sem falar que sua filha teria tudo como uma filha legítima, todavia, havia uma coisa que não o agradou. Era como se ele fosse o esposo do Jungkook e não poderia ter qualquer relacionamento fora do “casamento”. Não era como se tivesse interesse em relacionamentos, mas era uma decisão difícil.

― Omma… papá. ― Ele ouviu sua filha chamá-lo e, neste momento, não havia mais dúvida. Assinou.

― Sim, vamos papá. — Pegou na mãozinha da pequena e saíram à procura da cozinha.


Não foi fácil encontrar o cômodo e, de fato, só conseguiram porque uma empregada os levou à sala de jantar, onde o almoço estava sendo servido.

― Quem mais mora aqui?

― Apenas o senhor Kim e, agora, o senhor e a pequena — ela falou, sorrindo.

― Uma casa tão grande para três pessoas.

― Às vezes o senhor Min e seus esposos vêm aqui. A casa deles fica perto do lago.

Jimin queria perguntar do Jungkook, mas ficou sem jeito quando Namjoon se juntou a eles para almoçar.

LaçosWhere stories live. Discover now