A mimada

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#welcometowarriors

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Entediada. Era assim que eu me encontrava no momento.

Mais uma aula de esgrima em que ninguém era páreo para mim. Normal, eu diria.

A esgrima era a única coisa que eu tinha como escape no último ano.

Deixei de ir às festas que eu ia antes, não me encontrei mais com as garotas que me encontrava - com exceções, é claro, afinal ninguém é de ferro - e até me mantive mais sóbria do que tem sido o normal.

Não digo que esteja me consumindo por completo, mas praticamente a todo momento tenho alguma aula chata de coisas que eu não gostaria de fazer. Desde aquele maldito dia em que meu pai resolveu bancar o semeador da discórdia, coisa que ele sempre foi, mas dessa vez passou dos limites.

"Ain mas você tem que ser digna de herdar a empresa que pertence à sua família." Quem ele pensa que é?! Praticamente me jogou aos cães, sendo que vivia me mimando e dizendo que eu era a garotinha preciosa dele. Não que eu esteja julgando ele, mas se me ama tanto, pra quê fazer algo assim?!

Mas ok. Agora é uma questão de honra.

Ninguém nessa vida sequer ousa desafiar Im Nayeon. Por que todos acabam exatamente como a garota a qual eu estava duelando na esgrima nesse exato momento, derrotados. Modéstia à parte, claro.

Eu não vou pensar duas vezes antes de esfregar na cara dele o fato de eu sair vencedora daquele jogo. Por esse motivo, comecei a praticar artes marciais, estudei sobre estratégias tanto de batalha quanto táticas escapatórias, fiz aulas de tiro, aprendi a manejar uma espada adequadamente e outras coisas as quais considerei essenciais. Não sei o que me espera e quero estar pelo menos preparada para alguma parte disso. E no momento, me sinto muito preparada, por sorte dentro do prazo ao qual foi estipulado para mim.

Por algum motivo, eu não sinto medo do que pode acontecer lá dentro, até por que eu me garanto muito bem. A questão é que as coisas andam chatas por aqui, o tédio tem me consumido cada vez mais e não seria tão ruim me arriscar um pouco. Na verdade, estou com boas sensações, uma adrenalina a mais percorrendo pelo meu corpo só de pensar que está cada vez mais perto do momento em que eu vou, enfim, entrar naquela droga e botar ordem nos selvagens que já entraram.

Não que eu seja de me gabar, mas qualquer um que cruzar o meu caminho não vai ter misericórdia alguma.

Fui até um banco que ficava perto da parede e me sentei, tirando meu capacete e limpando o pouco suor que se fazia presente em meu rosto. Pensei naquela noite, exatamente um ano atrás, em que meu pai me chamou para conversar.

- Então minha filha... - Começou em tom sério, um suspiro saindo por seus lábios. - Eu andei pensando muito sobre algo. Pode até mesmo parecer meio ruim para você...

Encarei meu pai com a maior cara de tédio que eu consegui. Observei o momento em que ele retirou um de seus charutos da caixinha sobre a mesa, ele só os fumava quando estava nervoso com algo, estranhei no mesmo instante. Não é típico de meu pai o nervosismo, tanto que se ele tiver consumido uns quatro charutos daquela caixa é demais.

- Vá direto ao ponto, eu tenho mais o que fazer.

Ele parou o processo de acender a ponta daquilo para me olhar sério, me repreendendo por minhas palavras. Apenas dei de ombros e continuei o fitando.

warriorsWhere stories live. Discover now