Ai de mim

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Você pode quebrar algo em dois segundos. Mas pode demorar um século para consertar, uma vida, gerações. É por isso que precisamos ser cuidadosos e gentis nesse mundo.” – Beatriz at Dinner.


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GIZELLY

A sessão com a Fernanda passou muito rápido e ocorreu tudo bem, a intimidade que tenho com ela me possibilitou a conversar abertamente. Veronica e Rafa tinham razão, talvez se fosse outra pessoa eu não teria tido a mesma facilidade de falar o que estava preso em mim.

Relembramos os tempos universitários, e de forma natural falei sobre os meus medos e inseguranças em relação a assumir minha sexualidade. Fernanda é uma ótima profissional. Ao sair de seu consultório me sinto leve, de um jeito que fazia tempo que eu não me sentia.

Quando chego no carro, noto uma certa expectativa, principalmente vindo de Rafa. Às convido para irem almoçar, para então contar como tinha ocorrido.

A sessão de hoje era somente o início, internamente eu sei que tenho muito que percorrer. E preciso aprender a lidar e conversar sobre o que me aflige. Suspiro diversas vezes, pretendendo contar lhes o que conversei com Fernanda, mas como sempre a insegurança me corrói. Minha cabeça martela e tudo piora quando um paparazzi tira fotos nossas.

Aos poucos noto a expressão corporal de Rafaella mudar, vejo sua expectativa se transformar em decepção.  Minha mente congela com a hipótese de não ser suficiente e ela cansar de mim.

Levanto em um salto, informo minha ida ao banheiro. Quase suplico para que Veronica me acompanhe, mas ela nega. Então as deixo.

Adentro o banheiro, entro em uma cabine, sento no vaso e faço o exercício que Fernanda havia me passado. Conto até dez, inspiro e expiro, tentando clarear os meus pensamentos. Percebo que fiquei muito tempo ali, saio, me direciono a pia, lavo o rosto e decido conversar com as meninas sobre o que estava se passando comigo. No entanto quando retorno, Rafaella tinha ido embora. Fico frustrada pela minha dificuldade em dialogar.

- Enzo está vindo nos encontrar. – Veronica diz, me tirando dos meus pensamentos.- Se importa de esperá-lo?

- É claro que não. – Me limito a responder.

- Aconteceu alguma coisa durante a sessão? – Veronica me questiona.

- Não, ocorreu tudo bem.

- Por que está assim? - Veronica pergunta.

- Eu pretendia contar como foi a sessão para vocês...mas quando vi os paparazzi tirando nossas fotos confesso que me senti...

- O que você teme?

- V, - Não tinha porque mentir para a minha amiga, ela me conhecia como uma mapa.- você conhece as minhas regras e meus medos, melhor do que ninguém. Eu temo a exposição, eu temo não ser o suficiente para Rafa. – Encontro o olhar de minha amiga. -  Conversei com a Fernanda sobre a minha sexualidade.. nunca tinha falado abertamente sobre isso... E quando o paparazzi apareceu tive medo. Eu à amo, e não quero machucá-la durante o percurso... E sei que ela ficou chateada, pois foi embora sem se despedir.

- Um passo de cada vez, pintinha. – Afirmo.- O que você pretende fazer?

- Eu quero conversar com ela. Eu preciso. – Sinto alguém tocar meu ombro. Ao virar visualizo Marcela parada. Enzo já havia chego em Veronica.

LAÇOSWhere stories live. Discover now