Tempo

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“Eu acho importante você tirar um tempo para dizer para as pessoas o quanto você as ama enquanto elas ainda podem te ouvir”.
- Grey’s Anatomy

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《》 RAFAELLA 《》

O relógio marcava cinco horas da manhã, estávamos no carro, indo para a casa de Augusto. Passamos para pegar Márcia, que se mantinha em silêncio desde que Gizelly a informará que ele queria a ver. Igualmente como sua mãe, minha noiva mantinha-se reclusa em pensamentos.

Estaciono o carro, descemos, e antes que possamos apertar o interfone, a porta se abre. Sérgio estava abaladíssimo, sua fisionomia era como a da advogada. Ele pega a mão de Gizelly, e unem-se em um abraço forte. Os dois mantinham um relacionamento afetivo, graças a Nana que os convidará para um almoço, no qual Gizelly acabou o perdoando.

Sinto alguém segurar minha mão, quando olho para baixo vejo que era Márcia. Seus olhos brilham em lágrimas, era a primeira vez que os via juntos. Eu não sabia como me sentia em relação a Sérgio.

Ainda quando eu estava em NY, a advogada em uma conversa revelou que o irmão tinha vazado nossa foto. Fiquei furiosa ao saber disso, pois nunca passou pela minha cabeça a possibilidade de ter sido ele. Depois que soube a verdade, me senti traída, nosso vínculo de amizade quebrou, não nos falamos mais, mesmo ele insistindo em me enviar mensagens pedindo desculpas.

- Olá, Rafa. - Sérgio diz, mantendo o braço sobre o ombro de Gizelly, em um abraço de lado. - Obrigada por trazê-la.. por estar aqui.

- Olá - Gizelly vem para perto de mim, pegando minha mão livre. -, imagina.

- Márcia, prazer. - Estende a mão para cumprimentá-la. - Obrigada por vir. - Sorri fraco.

- Olá querido. - Dona Márcia, aperta sua mão.

- Onde ele está? – Gizelly pergunta em um fio de voz.

- Com a mamãe e a Nana. - Sérgio aponta, nos direciona para o local que Augusto estava. - Ele espera por vocês.

Eu nem consigo contar quantas vezes estive na casa dos Colunga. Conheço cada corredor, cômodo e ambiente. No entanto estar aqui hoje nessas circunstâncias, faz com que tenha a sensação de estar em um lugar que nunca estive antes. O ambiente estava pesado, a dor de todos era palpável.

Encontramos Nana assim que viramos o corredor, sua expressão era parecida com a de Sérgio e Gizelly, porém em seus olhos continha aceitação. Sempre muito amável, ela nós cumprimenta com uma gentileza sem igual.

- Oi Passarinha. - Faz um afago no rosto de Gizelly. - Márcia é bom vê-lá novamente.

- Olá Joana. - Minha sogra a cumprimenta.

- Ele quer falar com você primeiro. - Nana fala para ela.

- Tudo bem, mãe? - Gizelly questiona.

- Sim, eu já volto meu amor. – Márcia olha para mim, não é necessário dizer nada. Eu sei que ela quer que eu cuide de sua filha.

- Vem cá, Gi. – Abraço minha noiva.

- Obrigada por está comigo. - Diz para que somente eu possa escutar.

- Conta comigo! - Deixo um beijo na sua cabeça.

Ficamos aguardando do lado de fora, junto com o profissional que estava prestando cuidados a Augusto. Depois de dez minutos Cintia sai do quarto sem falar nada, vai de encontro com o Sérgio que aninha-a em seus braços. Observo Joana à olhar, sabia o tanto de amor que ela nutria pela mãe do meu amigo.

Passado mais alguns minutos, Márcia sai do ambiente. Seus olhos vermelhos denunciava o quanto havia chorado.

- Bilu, ele espera por você. - Deixa um beijo no rosto da filha. Gizelly aperta minha mão antes de entrar no quarto.

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《》GIZELLY《》

Eu tinha estado com o Augusto há três dias atrás, ele estava abatido, mas nada comparava como sua fisionomia estava agora.

Meu pai estava deitado na cama, havia alguns fios presos em seu corpo. Seu rosto estava pálido, respirava com ajuda de oxigênio. Sinto meu coração comprimir ao vê-lo dessa forma.

- Passarinha – Diz com dificuldade, olhando para mim. – Você está aqui.

- Sim, estou aqui. - Aproximo da cama, sento na poltrona ao lado. E seguro sua mão.

- Filha, não.. não tivemos o tempo que gostaria de ter tido com você...- Ele chora - Eu nunca me perdoarei..

- Augusto - Não evito que minhas lágrimas escorram, e também choro. Levanto e seguro seu rosto com as minhas mãos. -, por tanto tempo, o que eu mais quis na vida era encontrar você... Nós encontramos, estamos juntos agora. - Fungo, com cuidado descanso a cabeça sobre o seu peito - Eu te perdoo pai, por tudo!

- Você me.. chamou.. de pai?

- Sim - Confirmo -, pai!

- Eu te amo..minha Passarinha.

Ele coloca seu braço nas minhas costas, com pouca força me aperta.

- Passarinha – Chama minha atenção -, ela aceitou?

- Sim, ela aceitou. - Um sorriso tímido aparece nos lábios dele.

- Na gaveta .. tem uma caixinha.- Vou até o local, pego o item. - Era da minha mãe, agora é seu. - Abro a caixinha preta, continha um lindo anel. - Para presentear sua noiva.. no seu casamento.. - Suspira - antigo e azul.

- É perfeito! - Respondo - Rafa irá amar.

- Eu não deveria ter envolvido.. Rafaella, mas sei que fiz a coisa certa. - Seus olhos se fecham.

- Pai? - Pego a sua mão.

- Me sinto.. fraco. - Devagar abre os olhos - Filha, você está aqui? - Sua voz soa cansada.

- Oi, eu tô aqui.

- Passarinha, você cresceu.. - Havia confusão no seu olhar - me perdoa, filha?

- Eu vou chamar alguém..

- Filha, filha eu te amo. - Chora novamente - Não vai.

- Pai, eu também te amo. - Suspira pesadamente, fecha os olhos novamente.

Chamo-o, ele continua sem reação. Saio do quarto em disparada:

- Meu pai, ele precisa de ajuda. – Sérgio entra comigo.

Neste ponto a máquina ao lado apita, o enfermeiro se aproxima e verifica os sinais vitais. Meu irmão e Rafaella segura minha mão, choramos copiosamente.

- Sinto muito pela perda. - O profissional declara o óbito do meu pai.

Esperei tanto para encontrar meu pai e agora não o tenho mais comigo. Não tenho mais pai. Meus olhos explodem em lágrimas, deixo ser abraçada pelas pessoas ali presentes, esperando que aquele momento, aquela dor passasse.

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NOTAS: Olá pessoas, um capítulo dramático e bem curtinho.

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